São Paulo tomou o controle do futebol brasileiro.
E assumiu publicamente apenas hoje.
A nomeação de José Maria Marin no lugar de Teixeira poderia ser um acaso.
Envolvido em várias denúncias, o ex-presidente da CBF renunciou.
Foi para os Estados Unidos e espera para ver o que acontece.
Os presidentes das demais Federações esperavam que Marin disfarçasse.
Abocanhasse o Comitê Organizador Local e se tornasse também membro executivo da Fifa.
Pegaria os mesmos cargos de Teixeira e a vida seguiria.
Só que Marin precisa pagar pedágio.
Ou seja: auxiliar quem sempre o ajudou.
Ele estava relegado à periferia do futebol brasileiro.
Se não fosse por Marco Polo del Nero, não teria nem função.
Seria apenas um ex-governador biônico aposentado.
Foi Marco Polo quem o fez vice da CBF.
Marin virou companhia constante para as viagens internacionais de Marco Polo.
Foi com ele para o Japão acompanhar o Santos.
Passearam à vontade com suas esposas.
Marco Polo foi quem o colocou no palco da final da Copa São Paulo.
E lhe deu o acesso à medalha que embolsou.
Tanta atenção tinha de ser retribuída.
Esperto, Marco Polo sabia há muito tempo que Marin era o vice mais velho de Teixeira.
E com o afastamento do rejeitado presidente da CBF, o cargo cairia no seu colo.
Os presidentes das Federações do Rio, do Rio Grande do Sul e do Nordeste leram rápido o quadro.
Perceberam que o verdadeiro mandatário do futebol brasileiro seria o presidente da Federação Paulista.
Até tentaram evitar, lutando por Fernando Sarney.
Mas com todo o poder na mão, Marin foi firme.
Mostrou no Congresso Nacional toda a sua força.
Abriu caminho com Dilma e Blatter.
Arrumou a cama e colocou sobre ela o seu padrinho.
Marco Polo ganhou hoje o cargo que era de Teixeira no Comitê Executivo da Fifa.
Ele é um dos 24 homens no mundo com maior poder no futebol.
Marco Polo está exultante.
Desde os tempos que substituiu Farah, e derrubou Reinaldo Carneiro Bastos, queria mais poder.
Ele é uma pessoa que gosta de ostentar, mostrar que pode.
No Palmeiras, onde é conselheiro vitalício, sua falta de humildade é motivo de piadas.
A sua nomeação serve de alerta a todos os presidentes de Federações.
Depois de anos e anos sob o domínio do Rio de Janeiro, agora é São Paulo quem manda.
Marco Polo é obstinado.
Não suporta Andres Sanchez.
Ele quer o seu cargo de diretor de Seleções.
Já conversou várias vezes com Marin sobre o tema.
O presidente da CBF quer Raí.
Mas prometeu a Teixeira manter Andres o máximo que conseguir.
A Olimpíada será o limite.
Marco Polo também não nutre a menor simpatia por Mano.
Quer colocar Luiz Felipe no seu lugar.
Conselheiros palmeirenses ouvem essa história desde que Teixeira balançava.
Finalmente hoje Marco Polo tem o poder de verdade.
A sua indicação para o Comitê Executivo da Fifa muda o quadro atual do futebol brasileiro.
São Paulo volta a mandar, depois de Nabi Abi Chedid.
No final da década de 80, Octavio Pinto Guimarães era o presidente da CBF, mas quem mandava era Nabi.
A situação é idêntica à de agora.
Marin posa.
E Marco Polo del Nero manda no futebol do País.
Presidentes de várias Federações já pensam em motim.
Em fazer uma nova eleição de qualquer maneira.
Marin e Marco Polo juram que não vão permitir.
A guerra vai ser boa.
Hoje o controle do futebol pertence aos filhos do rio Tietê...