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O futebol, como se sabe, foi criado na Inglaterra. Uma equipe deve ser formada por onze jogadores, ou players, ou footballers.

No tempo em que surgiu, o esquema tático – digamos – era o 2-3-2-2-1; ou seja, dois beques de área (right back e left back), três médios ( right half, centre half e left half), dois pontas (outside half e outside left), dois meias (inside right e inside left) e um centro-avante (centre forward). E, naturalmente, o goleiro (goalkeeper).

Com números às costas das camisetas, tínhamos, então, 1 (goleiro)/ 2-3 (zagueiros de área) / 4-5-6 (médios) / 7 – 11 (pontas) / 8-10 (meias) / 9 (centro-avante). Esses números, hoje, são pouco usados porque, em decorrência da inscrição de atletas, pode haver – e há! – a inscrição de mais de um atleta por posição; sendo assim, o inscrito carrega um número para a sua participação num torneio, campeonato etc.

Goalkeeper, que significa zelador, guardador, defensor, é, talvez, a mais ingrata das posições a serem ocupadas numa equipe de futebol. Para ele, a glória divide o fio da navalha com a execração, com o ódio sem limites e sem perdão. Se defender uma ( ou várias! ) bolas chutadas contra seu gol, à primeira vista, indefensáveis, é herói; ao contrário, se deixar ganhar as redes um bola que até a vovó pegaria, é vilão e não há perdão . . . Daí ter surgido o princípio de que onde o goleiro pisa nem grama nasce . . .!

Mas, porém, todavia, contudo, entretanto . . . como ensinam os professores de português, toda regra tem exceções! E há uma e só uma exceção!

Existe - garanto! não é ficção! - um jogador ( um player, um footballer, um football player ) um goalkeeper, ou seja, um goleiro que contraria o que se tem como perfil nessa posição. Ele tem nome e sobrenome. Não tem apelido. Não é Manga, não é – com todo o respeito! – Marcos, não é Nenê, tampouco não é Dida. É Rogério Ceni.

Não se vale do privilégio que têm os goleiros de tocar, chutar, pegar a bola com as mãos – apenas! Vale-se, isto sim, da enorme capacidade de usar, com a mesma habilidade, ambos os membros, superiores ou inferiores, direitos ou esquerdos, para defender e atacar, ser, a um tempo – quase um back – a outro – um forward!

Depois de 901 – vou escrever por extenso: novecentas e uma! – partidas defendendo a meta do Maior do Mundo, tem, também, em seu currículo, o Guiness de gols marcados por goleiros: 91!

Se tivesse que encerrar a carreira na noite de 4 de maio de 2010, fecharia com chave de ouro! Depois de perder um pênalti, na decisão por penalidades máximas que definiram o time que passaria às quartas-de-final da Copa Libertadores da América, encostou sua cabeça ao poste esquerdo do gol a tal seguimento determinado, fechou os olhos, concentrou-se diante dos olhares estáticos, apreensivos, incrédulos e nervosos de mais de quarenta mil pessoas, buscou a própria recomposição e partiu para a seqüência de defesas que lhe incumbiriam e que culminariam com a vitória de sua equipe: defendeu uma cobrança com os pés e outra com as mãos!

Como registrado lá no começo, toda equipe deve ter, também, um goleiro; mas só o São Paulo Futebol Clube, o Maior do Mundo, tem um Guiness!

Só nós temos Rogério Ceni . . .!

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