Acompanho o São Paulo desde 1970, tenho 58 anos e me considero um pé quente, pois comecei a torcer para o São Paulo justamente no ano em que saimos da fila devido a construção do Morumbi ganhando o Paulistão de 70. Entre campeonatos regionais, Brasileirão, Libertadores, Mundial e vários outros Torneios Nacionais e Internacionais, vi o São Paulo ganhar mais de 50 títulos, nenhum time brasileiro ganhou tanto assim, principalmente em matéria de importância dos títulos. Frequentei o Morumbi por 3 décadas, devo ter ido a mais de 900 jogos e assisti a vários jogos memoráveis, fica até difícil escolher. Poderia escolher a final da Libertadores de 1992 contra o Nell''s (Haja emoção), aquela virada contra o Botafogo em 1981 por 3x2 com aquele golaço de sem pulo do Everton, aqueles 6x2 em cima dos porcos com direito a gol de calcanhar do Mário Sérgio e sem olhar para a bola, aqueles 4x0 em cima dos travecos em 1980 com show e golaços de Renato e Serginho Chulapa, etc...
Mas com certeza o jogo mais emocionante que assisti foi a semifinal do Paulista de 1978 contra o Parmera no Morumbi. Se houvesse empate teria prorrogação e o empate classificaria o Parmera. Fui ao jogo com um amigo parmerense, eu com a camisa do São Paulo e ele com a camisa do Parmera, pegamos o antigo CMTC no Anhangabaú e fomos no mesmo ônibus, as zoeiras de ambas as partes começaram ali. Chegamos cedo, pois naquele dia o público do jogo foi apenas em torno de 120.000 pessoas. Cada um foi pra sua torcida e bora pro jogo. Foi um jogo difícil, duro, mas o São Paulo teve 2 ou 3 chances claras de gol e em ambas o goleiro Gilmar resolveu abrir o rabo. Haja coração!!! Chegou a prorrogação e o nervosismo foi tomando conta de todos. Fim do 1º tempo da prorrogação e nada. Aos 10 minutos do 2º tempo da prorrogação, alguns sãopaulinos começaram a deixar o estádio, neste momento eu que nem um louco gritava para eles que o jogo ainda não tinha acabado, que o gol ia sair...
Neste momento a torcida dos porcos começou a cantar o famoso; “Ai, ai, ai, ai, tá chegando a hora...”
Ajoelhei em cima de um dos bandeirões da Independente e levantei as mãos para o céu sonhando com um gol salvador que calasse essa torcida maldita. Faltando 2 minutos para o final, falta para o São Paulo na ponta direita, uma espécie de mini escanteio. Pensei comigo: “É agora ou nunca” . Getúlio ajeitou com carinho e levantou para a área, Serginho subiu no 2º andar e cabeceou para cima, a bola viajou, subiu e foi descendo vagarosamente, entrando na forquilha do goleiro palmeirense com esse caindo com bola e tudo pra dentro do gol. Explosão no Morumbi, era o gol da classificação, Serginho, sempre ele! Eis que aquele pessoal que já estavam saindo voltaram com tudo, foi uma loucura. E eu, rouco de tanto gritar, ainda consegui gritar para a torcida maledetta: “Canta agora, seus porcos f.d.p” . Emocionante! Haja Coração!!! Passou se alguns anos e conheci um palmeirense fanático de nome Walter que me confidenciou que estava neste jogo e ficou traumatizado, disse que não ficou com bronca do Serginho, que a bronca dele era do Getúlio, pois na hora previu que o Getúlio com aquele pé certeiro e calibrado em cruzamentos iria encontrar a cabeça do Serginho. Bingo!
Passou se anos e toda a vez que encontro o Walter, seja onde for, a 1ª coisa que ele me fala é:
Oh pé...Oh pé...Maldito pé do Getúlio!!!!