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Rogério Ceni e os limites do ídolo

Rogério Ceni é ídolo. Nada exemplifica melhor sua condição perante os são-paulinos do que o ódio que inspira de forma inversamente proporcional que provoca nos não-são-paulinos.

Tampouco se deve questionar, pela longa folha de serviços prestados, que Rogério deseja o que há de melhor para o São Paulo. Sua condição de torcedor em campo, ainda que guiado por diretrizes profissionais, é uma marca tão presente no Morumbi quanto o enorme escudo que margeia o gramado. E os heróis precisam, sim, dizer o que pensam. Eles ajudam a balizar o pensamentos dos mais tímidos, dos covardes e dos indecisos.

Mas Rogério não é perfeito, assim como Ney Franco não o é.

Hierarquicamente, o goleiro deve acatar as decisões do treinador. Entende-se que Rogério, por sua experiência, conhecimento do grupo e vontade de vitórias, queira fazer sugestões de substituições a Ney Franco. Nem soa estranho ter um jogador com essa posição de liderança e ascendência querendo trocar ideias com o técnico a respeito disso.

Mas, ao fazê-lo na frente de todo mundo, Rogério fere a pior suscetibilidade de um técnico: o temor de que outros interfiram no seu trabalho e, pior, que isso fique claro para todos. No clube de Juvenal Juvêncio, essa sombra sempre percorre os corredores do CCT e do Cícero Pompeu de Toledo.

Se Cícero era melhor opção que William José contra a Liga de Loja, jamais saberemos, embora muitos são-paulinos atentos concordem com Rogério. É o trabalho de um treinador: acertar uma equipe e ter variações táticas. Sobretudo confiar nelas e passar confiança a quem entra.

Ídolos têm crédito enorme e o diálogo entre pessoas experientes é importante, mas um pouco de cavalheirismo – ainda mais com quem está na posição mais delicada, como Ney Franco – é nobre. “Noblesse oblige”, dizem os ingleses, ainda que em francês.

“Noblesse oblige” significa que a condição nobre obriga ao gesto nobre. O aristocrata deve ser gentil com os menos favorecidos. O mais favorecido deve ter um olhar solidário aos menos favorecidos. Rogério tem tudo que um jogador pode querer. Obteve para si o direito (e hoje dever) de cobrar faltas e pênaltis. Tem até um bom técnico.

E convenhamos, a Liga de Loja não merecia esse barraco todo. Bola pra frente, galera.

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