Ricardo Gomes já assinou contrato com o São Paulo, mas inicia só nesta quarta-feira, a partir do meio-dia, o desafio de comandar o time tricampeão brasileiro consecutivo. Desde que Mário Sérgio assumiu a equipe, em 1998, que a diretoria não fazia uma aposta em um técnico com o currículo tão enxuto. Na época, Mário Sérgio não tinha nenhum título.

O ex-comandante do Mônaco chega com o menor currículo dos últimos anos, assim como o chileno Roberto Rojas, que teve sua primeira experiência na profissão dirigindo o Sampa, ao lado do auxiliar Milton Cruz. Os dois levaram o clube de volta à Libertadores, depois de nove edições fora da competição.

A seu favor, Ricardo Gomes tem a longa vivência internacional e a experiência como jogador. Mas terá de conviver, pelo menos no começo, com a sombra de Muricy Ramalho e com o currículo com poucos títulos. A Copa da França-98, pelo Paris Saint-Germain e a Copa do Nordeste, pelo Vitória, no ano seguinte, foram os mais expressivos.

Diferente dos outros técnicos que chegaram nos últimos anos, Muricy veio como melhor técnico do Brasileirão em 2005 e com inúmeros títulos estaduais, entre eles o Paulistão-2004. Paulo Autuori, que em 2005 havia acabado de deixar a Seleção do Peru, também chegou com status de grande técnico, assim como Emerson Leão, em 2004. Até Cuca, naquele ano, também chegou com muitos predicados, após fazer uma boa campanha à frente do Goiás, no segundo turno do Brasileirão-2003. Com ele, chegaram também três reforços do time verde: Grafite, Danilo e Fabão.

– O futebol brasileiro talvez esteja precisando de um choque de outra cultura futebolística. E entendemos que o Ricardo Gomes pode fazer esta mudança, por causa da sua vivência internacional. Por isso, analisamos e percebemos que ele tem o perfil da pessoa que estávamos procurando – explicou o diretor de futebol do Tricolor, João Paulo de Jesus Lopes.

Mas, se por um lado Ricardo Gomes não possui títulos expressivos em sua carreira como técnico, não há clube melhor para ele iniciar uma nova fase. Os últimos técnicos que passaram pelo Morumbi tornaram-se referências. Cuca até hoje é lembrado, mesmo sem ter conquistado troféus em oito meses.

Emerson Leão foi para o Japão valorizado, Paulo Autuori trocou o Tricolor por uma milionária proposta também do Japão e Muricy Ramalho hoje é o nome mais comentado no mercado, já que é o único que conquistou o Brasileirão três vezes no mesmo lugar. Rojas, Oswaldo de Oliveira, Nelsinho Baptista, Levir Culpi e Vadão deixaram o Tricolor com o currículo maior. Só Carpegiani e Mário Sérgio fracassaram no desafio.

Bate-Bola

João Paulo de Jesus Lopes - Diretor de futebol

Como foi tomada a decisão de trocar de comando técnico?
A decisão de substituir o técnico foi processada entre nós da diretoria, mas dentro do conceito do Juvenal Juvêncio, que ele citou no sábado (convicção do dirigente, momento e ter um nome naquela hora para entrar).

Por que chegaram no nome do Ricardo Gomes? Foi até uma surpresa, pelo longo tempo que ele estava fora do Brasil.
Temos boas referências dele, como jogador foi um grande atleta, de Seleção Brasileira. Como técnico, esteve muito tempo fora do Brasil e ele tem o perfil da pessoa que nós estávamos atrás. Achamos que ele pode agregar uma experiência importante para o elenco e para o time, por causa do longo período que ele já trabalhou na Europa. Ele terá à disposição toda a estrutura do clube e, temos a certeza de que ele pode fazer o clube crescer e, consequentemente, também vai crescer junto em termo de carreira.

Como foi a reunião para ele assinar o contrato por um ano?
Foi um encontro tranquilo, tivemos uma conversa boa, em alto nível. Ele acertou contrato por um ano, sem multa, porque o São Paulo não costuma colocar multa caso o técnico vá embora. Ele vai usar a comissão técnica do clube, mas vai poder trazer um auxiliar, como outros técnicos que passaram pelo clube fizeram. Tudo tranquilo.