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Helena: A queda de Muricy

A diretoria do São Paulo se ufana de ser diferente, mais racional, clarividente até, do que suas congêneres. Mas, acaba de cair na vala comum, ao demitir o técnico Muricy, uma legenda no Morumbi, como jogador extraordinário que foi e como técnico excepcional que é, autor da proeza de comandar o Tricolor na conquista do único tricampeonato de sua história.

Muricy pisou na bola? Pisou. Muricy merece críticas? Merece, e está aqui um dos únicos que ousou criticar seu plano de jogo, não agora, na desdita, mas quando Muricy era aclamado como o melhor de seu ofício no Brasil.

Mas, sobretudo, Muricy merecia o direito de dar a volta por cima, depois de levantar o Brasileirão por três vezes seguidas e de ter revelado uma pá de jogadores que deram e darão polpudo lucro a essa mesma diretoria que lhe dá um pé nos fundilhos, sem mais aquela.

Claro, o Corornel Juju virá a público, com aquele seu discurso empolado, cobrindo Muricy de loas, mas, enfim, rendendo-se à dura realidade do futebol, onde não há lugar para perdedores, embora a imensa maioria seja sempre composta de perdedores, já que apenas um sai vencedor.

Muricy falhou menos como tático, ainda que aqui também, e mais como estrategista. Não cabe a um comandante planejar uma campanha duríssima em duas frentes de batalha, sem um plano B. Isso é suicídio. Se, por acaso ou por esforço épico, chega à conquista, tudo bem. Mas, se o seu plano de jogo, seu esquema, sua maneira de jogar, falhar, é preciso ter uma alternativa à mão.

E o São Paulo de Muricy (e do Coronel Juju) estava atado, há anos, exclusivamente a um modelo de jogo em claro processo de esgotamento, só não via quem não queria ver. Com três zagueiros, dois ou três volantes e dois atacantes enfiados lá na frente, evidentemente time nenhum do mundo conseguirá fazer a bola circular com ciência no meio de campo, ter o controle da bola e dos espaços, ditar o ritmo de jogo e impor seu caráter ao adversário.

Só pode mesmo viver de bolas esticadas, feito elástico, que vai e vem, ou das bolas paradas, único quesito em que o time de Muricy se esmerou verdadeiramente. E basicamente estruturado no estado anímico da equipe, sempre no seu limite, o que se sustenta mais pelos resulatdos positivos do que por qualquer outro fator. É humanamente impossível manter esse nível de entrega durante tanto tempo. Carece dar-lhe a alternativa da técnica, da habilidade, coisa que sempre faltou ao São Paulo.

No período do bicampeonato brasileiro, a coisa funcionou por duas razões básicas: 1) quase todos os demais times jogavam sob o mesmo padrão, o que ficou elas por elas no plano tático; 2) Souza e Leandro, mesmo sem serem craques excepcionais, davam ao time aquele respiro de técnica e habilidade, entre o meio-campo e o ataque.

Sem Souza e Leandro, com uma legião de volantes e de atacantes, sem um meia de ligação com perfil para tal (Jorge Wagner era o que mais se aproximava disso), o Tricolor ficou refém desse esquema que os demais rivais, aos poucos, foram abandonando - Cruzeiro, Inter, Corinthians, Santos, Galo e, por fim, o Grêmio, agora.

Bem que Muricy tentou escapar dessa armadilha que ele mesmo, junto com a diretoria, armou, mas não havia no elenco jogadores com o perfil adequado para fazer as mudanças que urgiam.

Não sei qual a procentagem de responsabilidade de Muricy nas recentes contratações do São Paulo. Mas, para um presidente que dizem entender um bocado de futebol, a preferência por um Eduardo Costa no lugar de qualquer desses canhotinhos espertos que pululam pelo nosso futebol afora, já diz tudo.

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