O São Paulo deu sua versão sobre o processo movido por Eduardo do Carmo na Justiça. Ele foi vítima do conflito entre corintianos e policiais, no clássico São Paulo 1x1 Corinthians, em 15 de fevereiro do ano passado, no Morumbi. Por conta da confusão, Eduardo teve de retirar o baço e reconstituir parte do pâncreas.

O diretor jurídico do Tricolor, Kalil Rocha Abadalla, ressaltou que o processo ainda está em fase inicial e que, no mínimo, deve demorar uns dez anos para ser concluído. Acompanhe abaixo a entrevista com Kalil comentando o caso:

L!NET: Kalil, eu gostaria de falar com o senhor sobre um processo contra o São Paulo.
Sim.

É a respeito de um processo aberto contra o São Paulo, de um rapaz chamado Eduardo do Carmo. O senhor tem consciência disso né?
Sim, um rapaz que caiu, né?

Isso, e eu queria o lado do São Paulo.
Ah, na justiça todos os processos levam quase que dez anos. Não estou falando especificamente do caso dele. Mas isso está no começo ainda. Estou falando genericamente. Todos os processos no fórum levam quase que dez anos. A Justiça julga na primeira instância em um ano, dois anos, por aí. Aí depois tem apelação e o juiz demora cinco seis anos para julgar, então não vai ter nada agora, está no começo da história.

Ah eu sei, mas é que estamos dando uma matéria sobre o caso, e eu precisava da opinião do São Paulo.
Mas não tem matéria. É como se você pegasse qualquer processo no fórum, e isso leva dez anos. Não dá para comentar. Ele entrou com a ação, eu contestei e acho que estava para fazer perícia agora. É tudo muito demorado no forúm.

Eu não quero nem saber (do resultado) isso, até sei que o resultado deve demorar bastante, mas eu queria saber as razões de o senhor ter contestado a ação.
Porque eu acho que não sou culpado. Se alguém entra com uma ação contra você e você acha que não é culpado, você contesta. A nossa defesa é longa.

Então, o senhor deve entender que a gente tem um conhecimento um pouco vago nisso...
Então, foi uma ação que eles entraram contra e é dificil falar sem o processo na mão. Mas parece que eles entraram contra o São Paulo e contra a Federação...

Isso, estou aqui com o processo aberto e é isso. Contra o São Paulo e contra a Federação.
Esse processo vai demorar muito tá? A gente se defende, eu não fui culpado. Nesse caso estou me lembrando e não fui culpado porque ele se intitula corintiano, estava no setor visitante e eu não tenho nada com isso, aquele lugar era reservado. O culpado deve ter sido a polícia. Houve um desentendimento da torcida do Corinthians com a Polícia Militar. Não foi com o São Paulo.

É, eu acompanhei bem aquele caso, desde o dia que ocorreu...
Então, nós não temos nada com isso.

E se tratando do São Paulo ser o promotor do evento? No caso, ele se lesionou lá dentro...
Ele vai falar isso, nós vamos discutir, no caso isso daqui a dez anos nós resolvemos. Ele pode propor um acordo e a gente pode tentar fazer.

Tô aqui com o processo, ele pede um R$ 1 millhão...
Eu não vou pagar R$ 1 milhão de reais de jeito nenhum. Se você for se informar, um juiz no fórum de São Paulo não dá R$ 1 milhão para ninguém. Pedir, ele pode pedir. O Oscar pede, o Diogo pede.

O senhor se recorda as lesões que ele teve?
Pelo que me lembre, ele caiu, pisaram nele, foi pro hospital e teve de tirar o baço...

Sim, o baço e teve de reconstituir o pâncreas...
Sim, tudo bem, graças a Deus, ele está bom.

Mas ele vai ter sequelas graves para o resto da vida, né?
Que sequelas? Como é que vai ter sequelas? O senhor não sabe, você não é medico.

Mas antes de falar com você eu conversei com médicos, uma reconstituição do pâncreas não é simples.
Não, você está enganado. Ele pode ater não ter sequela nenhuma, não é obrigado. Ele tem direito a ter uma indenização se tiver que ter, independente de ter sequela ou não. Mas eu como entendo da parte médica estou lhe dizendo que não tem.

No caso do baço eu me informei, às vezes é até melhor. Mas no caso da reconstituição do pâncreas não é simples.
Não sei, não examinei, não vi, não tenho radiografia no processo, não tem nada disso. Apenas tem menção ao fato.

Desculpa, senhor Kalil, só uma pergunta: mas o senhor é médico também?
Eu sou meio médico. Eu trabalho com hospital, eu sei.

Mas então, neste caso, o São Paulo não se acha culpado, porque teve o conflito, e a culpa pode ter sido da polícia, é isso?
Não é bem assim. Tem de ler o processo inteirinho, que tem vinte páginas, para poder entender, não é de uma forma simplória dizer isso.

É que assim, não vamos poder colocar a defesa, as 20 páginas no jornal...
Ué, você pega a defesa de 20 páginas e faz um resumo, ué. O papel do jornalista é esse...

Sim, sim, por isso que estou vindo falar com o senhor.
Mas você quer que eu fala o artigo do jornal? Você me paga? (risos)

Não, não, eu quero só ouvir sua parte, Kalil.
Minha parte é essa: o São Paulo não se considera culpado, isso está escrito no processo, porque aquilo foi num espaço para a torcida uniformizada do Corinthians, e a torcida brigou com a polícia, vocês sabem disso, vocês que fizeram a reportagem. Não tinha ninguém do São Paulo naquele lugar, por que sou culpado? Eu não tenho responsabilidade. Quer dizer que amanhã eu alugo o estádio para alguém e eu sou culpado?

Mas o estádio inteiro estava tendo jogo do São Paulo também.
Mas o São Paulo estava do outro lado, não estava lá. Naquele cantinho que estava o Corinthians.

Mas o São Paulo é responsável pelo Morumbi...
Não sou responsável pelas bagunças do Corinthians. Como sou responsável pelas bagunças que aconteceram na zona do Corinthians?