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Vitima de 'terror' no Majestoso sofre com pesadelos

Agredida no clássico entre São Paulo e Corinthians de 2009, dona Aparecida, ainda tem pesadelos e contas para pagar

É madrugada de uma sexta-feira como outra qualquer em Itapetininga, pacata cidade do interior de São Paulo. Enquanto a maioria da população dorme, Aparecida Saraiva Oliveira acorda após um pesadelo. Não é a primeira vez na semana que isso acontece.

Desde 15 de fevereiro do ano passado, esse drama faz parte da rotina de Aparecida, funcionária pública de 48 anos. Ela foi uma das vítimas do confronto envolvendo corintianos e policiais, na saída do Morumbi, após São Paulo 1 x 1 Corinthians, pela primeira fase do Campeonato Paulista do ano passado.

- Acordo de madrugada, do nada, lembrando: “Meu Deus, estou viva!”. Mas a impressão é a de que ainda estou vivendo aquele momento sufocante. Isso acontece com muita frequência... Na semana, duas ou três vezes na noite, tenho essa lembrança - garante Aparecida Oliveira, vítima da violência.

Nesta sexta-feira, um ano, um mês e 11 dias depois, ela e a maioria dos presentes no confronto ainda não conseguiram superar as cenas de terror.

Acompanhada das filhas, Aparecida foi a São Paulo na caravana da “Camisa 12”, uniformizada corintiana da qual é sócia. Mas voltou com as marcas da violência, cujas feridas insistem em não cicatrizar.

Pisoteada com o empurra-empurra na arquibancada, provocado por bombas caseiras, a funcionária pública perdeu a consciência e diz que chegou a entregar os pontos, na “iminência da morte”.

Atendida pelos policiais responsáveis pela segurança da partida, foi encaminhada, ainda inconsciente, para o Hospital São Luiz, unidade Morumbi, próximo ào estádio.

De acordo com o hospital, Aparecida deu entrada na unidade às 20h25 daquele dia. Segundo ela, um médico contou que o colete cervical tinha sido colocado errado, ainda no Morumbi. Após realizar diversos exames e ser medicada, a torcedora foi liberada para voltar para casa.

No dia seguinte, fotos suas na maca recebendo atendimento no Morumbi estamparam a capa do Diário LANCE!. Era o registro de um drama que estava apenas começando.

Cerca de três meses depois, Aparecida recebeu em sua casa uma conta do São Luiz pelo atendimento feito no dia. Sem convênio médico, ela até hoje não quitou a dívida. Alega que não tem condições e que não lhe cabe arcar com as despesas. Por isso, pretende acionar a Justiça contra o São Paulo e o Hospital São Luiz.

Traumatizada, passou por várias sessões de terapia, mas sempre pagando pelo atendimento. No ano do centenário, o sonho de Aparecida é conseguir romper a madrugada sem ser assombrada pela lembrança daquele 15 de fevereiro no Morumbi.

- Fui a um psicólogo porque estava ficando meio neurótica. As minhas filhas também têm isso, acordam assustadas. A mais velha, que estava ao meu lado no dia, principalmente. Sempre que lembro, vendo as fotos, entro num conflito muito grande - concluiu.

ENTENDA O CASO:

O confronto
Terminado o clássico, a Polícia Militar decidiu só liberar a torcida do Corinthians após a saída dos são-paulinos, como é feito normalmente. A aglomeração de alvinegros no corredor de saída, porém, gerou tumulto. Segundo versão da PM apresentada em Boletim de Ocorrência, o conflito começou após os corintianos terem arremessado uma bomba. Segundo os torcedores, e uma versão posterior da mesma polícia, a bomba
foi atirada por alguém de um estacionamento adjunto do Morumbi.

Guerra e sangue
Em confronto com a polícia, versões da torcida dão conta de que eles tiveram de recuar. Quem estava mais próximo à saída da arquibancada, foi pisoteado. Quando o empurra-empurra chegou
à arquibancada, houve queda dos torcedores e mais pisoteamento. Aparecida Oliveira estava entre as vítimas e ficou desacordada com os ferimentos.

Ida ao hospital
Mais de duas horas depois do jogo, que havia começado às 16h, Aparecida foi encaminhada ao Hospital São Luiz, segundo ela, por uma ambulância que prestava serviço dentro do estádio.

O atendimento
Aparecida deu entrada no São Luiz às 20h25 do mesmo dia. Segundo ela, perguntaram apenas se ela tinha convênio médico. Ela respondeu que não. O atendimento emergencial foi feito, com exames e serviços médicos, e, por volta da 1h, Aparecida foi liberada. Três meses depois, o São Luiz enviou a cobrança
dos serviços, no valor de R$ 3.466,08.
A servidora alega que não tem a obrigação e nem como pagar a conta.

Versão do hospital
Por meio de sua assessoria de imprensa, o hospital não deu uma resposta oficial, mas prometeu que o caso está sendo analisado e que, concluídas as investigações, dará um posicionamento.

Versão do São Paulo
Segundo o gerente jurídico do clube, Edgard Galvão: “Nunca chegou oficialmente isso para mim. Agora, o São Paulo não é obrigado a pagar conta de terceiros em hospital particular. Daquele jogo resultou uma ou outra reclamação de torcedor e tivemos sucesso, sem responsabilidade. Nas ações em que o São Paulo está incluído como réu, estou tranquilo, porque pego o inquérito do caso e não encontro nada contra.”

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