A quantidade de jogos disputados pelo clube era uma das características básicas dos grandes ídolos do futebol brasileiro. Zico, Rivelino, Sócrates, Pelé, Nilton Santos, Ademir da Guia, Roberto Dinamite e tantos outros passaram a maior parte de suas carreiras defendendo as equipes formadoras e marcaram época. Hoje, esse fato fica cada vez mais raro, com os atletas saindo cada vez mais cedo para o exterior. Porém, pelo menos em uma posição, alguns profissionais não seguem essa linha e continuam fazendo história em seus clubes: a dos goleiros.

O maior exemplo é Rogério Ceni, do São Paulo. O jogador é o atleta que mais vezes vestiu a camisa do clube com um total de 857 jogos. Há 18 anos no Tricolor Paulista, ele fez parte das maiores conquistas e ainda marcou 83 gols. Rogério ganhou 18 títulos como profissional sendo três Campeonatos Brasileiros, duas Libertadores da América e dois Mundiais. O jogador é tão identificado com o São Paulo que já manifestou o desejo de futuramente se tornar presidente.

No Goiás, Harlei é quase um patrimônio do clube. Com 593 partidas, ele é o jogador mais conhecido pelos torcedores esmeraldinos e, se não sofrer nenhuma lesão, completará 600 diante do Fluminense, no dia 18 de julho, no Maracanã.

- Acho que para se ter um grupo forte é necessário um bom goleiro e com identificação com o clube. Hoje em dia, os dirigentes estão fazendo mais esforços para mantê-los e acaba dando certo. Mesmo assim, a gente recebe propostas. O próprio Cruzeiro já vendeu o Dida e o Gomes. A tendência é ver os goleiros virando líderes de suas equipes – disse o diretor de futebol do Cruzeiro, Eduardo Maluf.

Outro que faz história é Marcos, do Palmeiras. Com 436 jogos ele já é o quarto que mais vestiu a camisa do clube. O primeiro também é goleiro: Emerson Leão, com 670. No último mês de maio, a diretoria paulista demonstrou toda gratidão com o atleta de 35 anos e renovou seu contrato até o fim de 2011. Marcos ganhou um reajuste salarial e ainda a possibilidade de, no fim desta data, fazer parte da comissão técnica até 2014.

Fábio Costa, do Santos, está próximo de se tornar o segundo maior goleiro da história do clube. Contra o Santo André, na última rodada do Campeonato Brasileiro, ele atingiu a marca de 338 jogos pelo Alvinegro e se igualou a Laércio, que defendeu o Peixe entre 1957 e 1969. Faltam apenas 68 para ultrapassar o ídolo Manga.

No Fluminense, Fernando Henrique já tem 239 jogos e é o atleta do atual elenco que mais atuou pelo Tricolor carioca. Fábio, do Cruzeiro, também faz parte dessa lista de arqueiros. O jogador já participou de 270 partidas pela Raposa. Bruno, no Flamengo, já tem 167 partidas.

- Acredito que seja um pouco mais comum para um goleiro permanecer mais tempo no clube, porque é uma posição de confiança. Mas para isso, ele tem que mostrar até mais competência que os outros e se esforçar ainda mais. O goleiro é o único jogador que não pode ser improvisado ou jogar em outra posição. Além disso, não pode falhar, porque se errar pode ser fatal. Eu tive de ralar bastante para conseguir meu espaço no Fluminense e tenho muito orgulho de ter 239 jogos pelo clube. É muito difícil ficar tanto tempo, e completar mais de 200 é motivo de orgulho para mim – disse Fernando Henrique, que atualmente, disputa a posição com Ricerdo Berna.