Daniel foi contratado para ser o “cara”, o protagonista de uma equipe que há oito anos tenta reencontrar seu rumo e voltar a conquistar títulos.
Aqui já está o primeiro e, sem dúvida nenhuma, o maior erro. Daniel sempre esteve entre os melhores nas equipes que defendeu, mas não era a peça mais importante, aquela que faria a diferença sozinha. Entre outras palavras, jogou com o Messi, mas não é o Messi. Entende? O São Paulo comprou uma coisa que Daniel Alves nunca foi.
Para aceitar a aventura no Morumbi, um salário astronômico. Até pode-se dizer que foi um valor justo pelo conquistou na carreira. Ninguém somou mais títulos como jogador profissional do que Daniel Alves. Mas é possível perguntar? Valeu a pena tamanho investimento? A minha resposta é não.
Vamos comparar Daniel a outros atletas que atuam no futebol brasileiro e que tem o mesmo padrão de vencimentos. Posso citar Gabigol e Arrascaeta no Flamengo, dupla que comandou o time na conquista de vários títulos. É só lembrar, por exemplo, o que o atacante fez na decisão da Taça Libertadores da América de 2019. No Palmeiras, até pouco tempo, Dudu era o pilar de uma equipe que foi de rebaixada a seguidas vezes campeã de 2015 em diante.
No São Paulo, Daniel Alves não faz tamanha diferença. Na Europa, brilhou como lateral-direito e se transformou em um dos jogadores mais importantes e vitoriosos do mundo. A mudança para o meio de campo, porém, não conseguiu colocá-lo no mesmo patamar.
É preciso ressaltar que ele se destacou quando o time todo esteve bem. Como nas partidas contra o Flamengo, pela Copa do Brasil, quando fez um duelo à parte contra Gerson e colocou o rubro-negro no “bolso”.
Contra o Grêmio, na ida da Copa do Brasil, fez de tudo: Foi dele, inclusive, o cruzamento para o gol perdido por Brenner, que poderia ter mudado a sorte da equipe na semifinal da competição. Vitória e quebra de tabu no Allianz Parque contra o Palmeiras? Daniel esteve entre os melhores. Mas volto a dizer, é pouco, muito pouco, para um jogador que chegou com tamanha expectativa.
Um líder, acima de tudo, é aquele que na hora da dificuldade dá a cara para bater e chama a responsabilidade. Daniel Alves não faz isso. Ele adora dizer em entrevistas que é são-paulino desde criança. Como tal, deveria entender como o torcedor se sente após a humilhante goleada sofrida para o Internacional por 5 a 1.
Num momento em que tudo parece ruir no Morumbi e o sonho do sétimo título vai se transformando em pesadelo, não seria fundamental que Daniel viesse a público, “batesse no peito” e passasse uma mensagem de confiança ao torcedor? Se alguém tem esse poder no elenco é ele. Mas não. Preferiu o silêncio. Coube a Reinaldo e a Juanfran tentarem explicar o que está acontecendo.
Você também não vê Daniel Alves em nenhuma ação institucional do clube, nem mesmo nas redes sociais.
Daniel precisa ser mais controlado em campo. Contra o Athletico, por exemplo, deu “piti” com o atacante Brenner quando errou um passe e reclamou que o jogador não alcançou a bola.
Isso já aconteceu em diversas oportunidades. E o camisa 10, mesmo, errou recentemente em lances que ocasionaram gols de Bragantino, Santos e agora Internacional. Aqui fica uma outra pergunta: por que ele não é substituído por Fernando Diniz quando está mal?
Fora de campo, também tivemos polêmicas envolvendo o jogador, como o vídeo da famosa batucada, quando se recuperava de uma fratura na mão direita. Nas redes sociais, é nítido que a paciência da torcida com o camisa 10 está cada vez menor.
Daniel ainda precisa conquistar coisas para ser alguém no São Paulo. Ídolos são Rogério Ceni, Kaká, Lugano, Dagoberto, Luis Fabiano. Ídolo é Hernanes, aquele que por respeito Daniel Alves deveria ceder a tarja de capitão quando o camisa 15 entra em campo. Ele tem história.
No São Paulo, o “Good Crazy” é apenas mais um. E, por enquanto, é assim que será lembrado.
Para um clube com o rombo financeiro que o São Paulo tem, manter Daniel Alves após o término do Campeonato Brasileiro, independentemente da conquista do título, não é inteligente, não é saudável. É preciso deixar claro: perto de completar 91 anos de história, o Tricolor nunca foi refém de jogador. Ninguém deveria ser mais importante que o clube.
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