No São Paulo há uma pessoa que não poderia reclamar de nada.

Ela é Luís Fabiano.

Contratação mais cara da história do clube.

Foram mais de R$ 20 milhões para o trazer de volta.

Venceu um duelo com o Corinthians por ele.

Andrés Sanchez o queria como substituto de Ronaldo.

Beneficiou-se com a concorrência, seus salários chegam a R$ 700 mil.

O clube fez uma festa inédita para a sua apresentação.

Mais de 45 mil torcedores foram ao Morumbi.

Sua recepção foi cercada de expectativa.

Seu retorno era como o clube tivesse a certeza da volta às conquistas.

Desde 2008, o São Paulo não vence campeonato algum.

Houve um erro grave no diagnóstico de Luís Fabiano.

A princípio médicos garantiram que ele não precisaria operar para voltar a jogar.

Depois de perder tempo na fisioterapia, a realidade.

Houve a necessidade não de uma, mas de duas operações.

Quando ele voltou a jogar, não foi o que todos esperavam.

Afoito, desesperado para marcar, estava claro que havia algo de errado.

Seu foco ia além do São Paulo.

O atacante quer de qualquer maneira disputar a Copa de 2014.

Está obcecado por isso.

Sua irritação em qualquer partida é nítida, está à flor da pele.

Com a operação de Rogério Ceni, ganhou a braçadeira de capitão do time.

Foi uma tentativa de Leão de acalmar o jogador.

Obrigá-lo a domar sua ansiedade.

O treinador sente a pressão por um título no Morumbi.

Vivido, ele sabia que o mais fácil era o Paulista.

Com a definição dos classificados para a fase decisiva, Leão sabia que teria o Santos na semifinal.

E teve uma conversa com Luís Fabiano.

Domou seu gênio prepotente e conversou de pai para filho com o atacante.

Explicou o quanto precisaria dele no clássico.

E pediu para que evitasse de todas as maneiras o cartão amarelo diante do Bragantino.

Não haveria necessidade de se expor diante de um adversário tão fraco.

Bastaria controlar os nervos.

Leão sabia que com Luís Fabiano seria terrível eliminar o time de Muricy e Neymar.

Sem ele, ficaria desesperador.

Mas os 31 anos e toda a sua rodagem não serviram para nada.

Tomou um cartão infantil ao fazer falta violenta em Fernando Gabriel.

Aos 43 minutos do primeiro tempo.

Cartão mais do que justo.

Leão só balançou a cabeça.

Fosse outro um jogador mais jovem e sem prestígio o teria humilhado.

Mas teve de engolir em seco.

Sabe que Luís Fabiano é intocável no São Paulo.

Em vez de pedir desculpas ao grupo, ao treinador, Luís Fabiano só xingou nos vestiários.

Se disse perseguido pelo árbitro.

E passou a partida inteira reclamando e provocando Wilson Seneme.

O juiz deveria até tê-lo expulsado.

Veio a partida contra o Santos.

Tudo o que Luís Fabiano pôde fazer foi tentar dar o seu incentivo ao time.

Mas os jogadores não precisavam de suas palavras, mas de sua presença.

O São Paulo ficou sem personalidade e sem referência na frente.

Perdeu o jogo.

Leão sentiu que o título mais fácil do ano tinha escorrido pelos dedos.

E que, sim, Luís Fabiano tinha uma importante parcela de culpa.

Leão e os dirigentes.

Se estivesse ainda jogando na Europa, seria multado, suspenso pelo clube.

Mas no São Paulo ninguém mexe com ele.

Sem o Paulista, resta a Leão e ao clube, a Copa do Brasil.

Duas eliminações em seguida abalariam ainda mais o ambiente.

Juvenal Juvêncio poderia perceber o quanto tem um treinador ultrapassado.

Desesperado para vencer a competição e levar o clube de volta à Libertadores, o que Leão fez?

Antecipou a concentração para o importantíssimo jogo de amanhã.

E justo quem não poderia reclamar, reclamou.

"Eu não sou muito a favor", disse Luís Fabiano.

Ele acabou de prejudicar o São Paulo.

Não foi punido.

E no dia seguinte toma a única atitude que o capitão do time não poderia.

Ele queria estar com a família, relaxando.

Em vez de se juntar aos demais jogadores e juntar forças para ganhar a Copa do Brasil.

Luís Fabiano voltou diferente da Europa.

Estava andando em São Paulo com um carro sem placa.

Ele foi retido e guinchado como qualquer outro veículo nestas condições no Brasil.

O atacante disse que o guarda queria "seu minuto de fama".

Nesta manhã, conselheiros já ligaram a Juvenal Juvêncio.

O presidente vai à concentração do time.

Tem duas missões, animar os jogadores e cobrar Luís Fabiano.

O presidente sentiu que Leão precisa de ajuda na lida com o atacante.

Não pode deixar que o clima imploda de vez.

E quer ter uma conversa com o jogador.

"Cortar o mal pela raiz", me diz um veterano conselheiro do Morumbi.

Aos 31 anos, Luís Fabiano deveria ser um exemplo ao time.

Mas seu ego está prejudicando o São Paulo.

O presidente promete agir.

O trazer de volta à realidade.

E mostrar que o clube é mais importante do que um jogador.



Mesmo que ele se chame Luís Fabiano...