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Clubes se armam para tirar o Brasileirão da CBF

Diretor-executivo do Clube dos 13 vê a Copa de 2014 como trunfo para criar a liga nacional de futebol

Fundado em 1987, o Clube dos 13 nasceu com o ideal de ser a liga dos clubes brasileiros. Mas, 23 anos depois, ele apenas faz o meio-campo nos negócios com a TV. A novidade é que a entidade tenta seu grito de independência da CBF para finalmente germinar aquela semente do passado.

“Só estou nesse cargo porque tenho certeza de que vamos criar nossa liga. É agora ou nunca”, afirma Ataíde Gil Guerreiro, diretor-executivo do Clube dos 13 e ex-vice-presidente da Federação Paulista. Por que tanto otimismo? “A CBF já toma conta da seleção, que é extremamente rentável, e ainda tem a Copa. Portanto não podemos perder a chance que a França desperdiçou perto do Mundial de 98”, complementa, citando uma liga mais fraca (técnica e financeiramente) em relação às da Inglaterra, Espanha e Alemanha, cujos campeonatos são realizados sem a confederação local.

O Inglês, por exemplo, era o nono da Europa em faturamento até a temporada 1992-93, quando o banco Barclays ajudou a lançar a Premier League. A ocupação nos estádios passou de 64% pra 92%. “Se os clubes se unirem, é possível. Se isso acontecer no Brasil. Não tenho dúvida de que poderia romper fronteiras e gerar grande interesse até nos países sul-americanos, assim como fazemos em locais como China e Coreia”, opina Francisco Roca Perez, diretor-executivo da Liga Espanhola.

A CBF, que afirma não ter o que comentar sobre esse “racha”, tem aliados filiados ao Clube dos 13. Na eleição de abril, os filiados racharam entre dois candidatos: Kléber Leite, apoiado por Ricardo Teixeira (presidente da CBF), perdeu pra Fábio Koff por uma diferença de quatro votos. Em jogo, interesses particulares e da Confederação Brasileira, picuinhas e rivalidades históricas. “Precisamos juntar os clubes”, diz Ataíde.

Teixeira (que também apita na organização das Olimpíadas do Rio, em 2016) está sendo investigado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) pela denúncia da emissora britânica BBC de que a Fifa e dirigentes ligados a ela teriam recebido propina da empresa suíça ISL nos anos 90. Segundo a BBC, a ISL pagou a Teixeira cerca de 17 milhões de reais entre agosto de 1992 e novembro de 1997. O escândalo pode enfraquecer Teixeira e, por tabela, a CBF. Para a Fifa, trata-se de um caso encerrado.

Matéria originalmente publicada no Jornal PLACAR (Edição 213, 6/12/2010)

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