A vitória por 1 a 0 sobre o Once Caldas (COL) marcou um fato há muito tempo inédito no Morumbi: o técnico do São Paulo ser vaiado e chamado de burro por milhares de torcedores na arquibancada.
A reação da torcida à substituição do atacante Fernandinho pelo volante Jean surpreendeu e assustou muita gente. Menos Ricardo Gomes. Alvo da reclamação dos tricolores, o treinador tinha certeza que seria xingado ao fazer a substituição.
Essa foi uma das revelações de Ricardo à reportagem do LANCENET! em entrevista exclusiva no saguão do Swissôtel, em Lima (PER), onde a delegação está hospedada e se prepara antes do confronto diante do Universitario, pelas oitavas de final da Copa Libertadores.
Cercado de desconfiança por parte da torcida e acusado de ter perdido o comando do grupo após as reclamações públicas de Washington com o banco de reservas, Ricardo esbanjou serenidade na véspera do inÃcio do mata-mata da competição. Em pouco tempo, cobrou competitividade dos jogadores, ressaltou que novos atos de indisciplina não serão aceitos e voltou a demonstrar sua esperança de um melhor futebol na recuperação de jogadores como Cicinho e Fernandinho.
Antes da entrevista, uma única exigência do fanático por futebol: sentar-se em um sofá que o permitisse assistir à semifinal da Liga dos Campeões, entre Lyon (FRA) e Bayern de Munique (ALE). Confira a Ãntegra da entrevista:
LANCENET!: Após a vitória contra o Once Caldas, você disse que não é preciso jogar bonito, como o Santos, para jogar bem. Como esse time do São Paulo pode jogar bem? O que é o "jogar bem" do São Paulo?
RICARDO GOMES: É dominar o adversário e criar muitas oportunidades de gol. Podemos jogar bem, prova disso é o primeiro tempo contra o Once Caldas, em que jogamos de forma inteligente. Quando o meio de campo funciona e conseguimos dominá-lo usando os lados do campo, temos a variação. O São Paulo jogou bem em mais de 50% das partidas neste ano. Nos clássicos é que não fomos bem. Mas na Libertadores tivemos boa atuação até no jogo em que perdemos para o Once Caldas.
LNET!: E por que o São Paulo não foi bem nos clássicos?
RG: Já falei sobre isso, disputamos todos os clássicos às vésperas da Libertadores. E, mesmo assim, em dois jogos contra o Santos nós fomos bem. Agora, não jogamos bem contra Corinthians e Palmeiras, e até mesmo na segunda semifinal contra o Santos porque pensávamos totalmente na Libertadores.
LNET!: Agora que só há a Libertadores, pelo menos durante as oitavas de final, você definiu essa base dos últimos jogos como titular? Esse time terá sequência?
RG: Claro, mas você tem o Jean fora também. Ele nos ajudou muito na lateral, mas o Cicinho agora está em forma e o Jean terá de brigar por uma vaga no meio. Temos o Marcelinho voltando, o Cleber Santana, o próprio Fernandinho, que passará por essa variação com Dagoberto e Washington. O que houve é que alguns jogadores contratados demoraram a entrar em boas condições, casos do Cicinho e do Fernandinho. Agora temos um time que vai evoluir.
LNET!: Por que optou pelo Richarlyson na lateral? Os jogadores da posição não seriam opções melhores?
RG: O Richarlyson é a improvisação. É uma variação que fizemos com o Alex Silva na direita, mas achei que seria um desperdÃcio. Temos três bons laterais, o Junior Cesar, o Thiago (Carleto) e o Diogo, mas o Richarlyson por ali atua quase como um terceiro zagueiro.
LNET!: Não são jogadores demais? Dirigentes já disseram que o excesso de jogadores causou algum desconforto no grupo.
RG: Não tenho problema algum em trabalhar com esse elenco, há muita coisa para acontecer, a parada da Copa do Mundo. A verdade é que temos um elenco desse tamanho com jogadores que nunca foram reservas. É um termo que não gosto de usar, mas não tem jeito. Mas hoje temos um excelente ambiente. Ninguém está satisfeito com o tempo de jogo, quem perdeu está buscando espaço, uma oportunidade, mas sinto que querem vencer no São Paulo, isso é o mais importante.
LNET!: O Rogério disse que o time terá de ser mais competitivo para ser campeão da Libertadores. É possÃvel montar um time leve e competitivo ao mesmo tempo?
RG: Consegue sim, mas não é do dia para a noite. A verdade é que quem não é competitivo não ganha nada em lugar algum. Mas não adianta sermos competitivos e continuarmos com deficiências que bloqueiam o desenvolvimento do nosso jogo.
LNET!: Que deficiências são essas?
RG: Com Cicinho e Fernandinho em forma vamos melhorar muito a profundidade que nos faltava diminuir essa dependência de determinados tipos de jogadas. A entrada do Marlos também colabora, são três fatores que influem bastante. Além do domÃnio de meio de campo, vamos imprimir velocidade, resolver essa deficiência.
LNET!: Você esperava a reação da torcida ao trocar Fernandinho por Jean na última quarta-feira?
RG: Somando meus anos de futsal, tenho 35 de futebol. Entendo a cabeça do torcedor, que quer gols, movimentação. Mas estávamos perdendo claramente o meio de campo para o Once Caldas, eles fizeram exatamente como na ida, foi a única vez em que, durante meu perÃodo de repouso, liguei para o MÃlton e adverti sobre o meio de campo aberto. Jogando em casa com estádio lotado, você tira um atacante e põe um volante? Eu sabia que seria chamado de burro, mas tomar o empate e se classificar em segundo seria muito pior. Hoje estamos aqui, tidos como favoritos, com a vantagem de decidir em casa, por causa dessa vitória.
LNET!: Mas dizem que ao colocar o Washington você consertou um erro?
RG: Não podia mudar dois setores da equipe ao mesmo tempo. Aumentaria a pressão, ficaria uma bagunça. Sair de três atacantes, mudar o meio... Mas o torcedor tem outra visão. Não posso me preocupar com a opinião de torcida e imprensa, tenho de fazer o melhor pelo São Paulo.
LNET!: O que o São Paulo tem de fazer a mais do que fez até agora para caminhar até a final da Libertadores?
RG: Contra o Once Caldas, o gol do Fernandinho saiu de uma roubada de bola dele no ataque. Temos de melhorar isso. Se roubamos a bola muito atrás, enfrentamos uma equipe fechadinha quando saÃmos, temos de roubar a bola na frente. A postura da nossa defesa, mais adiantada, colabora. Mas isso exige muito fisicamente e não é com quaisquer jogadores que podemos fazer.
LNET!: Acredita em um novo Washington depois da multa e do banco de reservas?
RG: Ele entendeu o erro, por isso ficou fácil de aceitar. Conversei com ele, está tudo bem, mas precisa ser assim sempre. Se ele mantiver esse comportamento que está tendo agora, vai nos ajudar bastante. A variação com ele, Dagoberto e Fernandinho vai existir até o fim do ano. Ou ele entende, ou não participa dela. E é com qualquer jogador: ou entende isso ou está fora da equipe.
LNET!: Algum jogador do São Paulo pode dar show nesse mata-mata de Libertadores?
RG: O show do São Paulo pode ser o nosso coletivo. Esse é nosso forte. É claro que você tem jogadores diferentes, como nosso goleiro. O Rogério tem uma técnica impressionante, uma frieza para bater faltas que vi em poucos jogadores de muita categoria. Ele é um show a parte. E temos o Marlos, Dagoberto, Fernandinho, até o Washington, nossos homens de frente. E o Hernanes. Nosso forte é o coletivo, mas esses podem dar um molho especial.
A reação da torcida à substituição do atacante Fernandinho pelo volante Jean surpreendeu e assustou muita gente. Menos Ricardo Gomes. Alvo da reclamação dos tricolores, o treinador tinha certeza que seria xingado ao fazer a substituição.
Essa foi uma das revelações de Ricardo à reportagem do LANCENET! em entrevista exclusiva no saguão do Swissôtel, em Lima (PER), onde a delegação está hospedada e se prepara antes do confronto diante do Universitario, pelas oitavas de final da Copa Libertadores.
Cercado de desconfiança por parte da torcida e acusado de ter perdido o comando do grupo após as reclamações públicas de Washington com o banco de reservas, Ricardo esbanjou serenidade na véspera do inÃcio do mata-mata da competição. Em pouco tempo, cobrou competitividade dos jogadores, ressaltou que novos atos de indisciplina não serão aceitos e voltou a demonstrar sua esperança de um melhor futebol na recuperação de jogadores como Cicinho e Fernandinho.
Antes da entrevista, uma única exigência do fanático por futebol: sentar-se em um sofá que o permitisse assistir à semifinal da Liga dos Campeões, entre Lyon (FRA) e Bayern de Munique (ALE). Confira a Ãntegra da entrevista:
LANCENET!: Após a vitória contra o Once Caldas, você disse que não é preciso jogar bonito, como o Santos, para jogar bem. Como esse time do São Paulo pode jogar bem? O que é o "jogar bem" do São Paulo?
RICARDO GOMES: É dominar o adversário e criar muitas oportunidades de gol. Podemos jogar bem, prova disso é o primeiro tempo contra o Once Caldas, em que jogamos de forma inteligente. Quando o meio de campo funciona e conseguimos dominá-lo usando os lados do campo, temos a variação. O São Paulo jogou bem em mais de 50% das partidas neste ano. Nos clássicos é que não fomos bem. Mas na Libertadores tivemos boa atuação até no jogo em que perdemos para o Once Caldas.
LNET!: E por que o São Paulo não foi bem nos clássicos?
RG: Já falei sobre isso, disputamos todos os clássicos às vésperas da Libertadores. E, mesmo assim, em dois jogos contra o Santos nós fomos bem. Agora, não jogamos bem contra Corinthians e Palmeiras, e até mesmo na segunda semifinal contra o Santos porque pensávamos totalmente na Libertadores.
LNET!: Agora que só há a Libertadores, pelo menos durante as oitavas de final, você definiu essa base dos últimos jogos como titular? Esse time terá sequência?
RG: Claro, mas você tem o Jean fora também. Ele nos ajudou muito na lateral, mas o Cicinho agora está em forma e o Jean terá de brigar por uma vaga no meio. Temos o Marcelinho voltando, o Cleber Santana, o próprio Fernandinho, que passará por essa variação com Dagoberto e Washington. O que houve é que alguns jogadores contratados demoraram a entrar em boas condições, casos do Cicinho e do Fernandinho. Agora temos um time que vai evoluir.
LNET!: Por que optou pelo Richarlyson na lateral? Os jogadores da posição não seriam opções melhores?
RG: O Richarlyson é a improvisação. É uma variação que fizemos com o Alex Silva na direita, mas achei que seria um desperdÃcio. Temos três bons laterais, o Junior Cesar, o Thiago (Carleto) e o Diogo, mas o Richarlyson por ali atua quase como um terceiro zagueiro.
LNET!: Não são jogadores demais? Dirigentes já disseram que o excesso de jogadores causou algum desconforto no grupo.
RG: Não tenho problema algum em trabalhar com esse elenco, há muita coisa para acontecer, a parada da Copa do Mundo. A verdade é que temos um elenco desse tamanho com jogadores que nunca foram reservas. É um termo que não gosto de usar, mas não tem jeito. Mas hoje temos um excelente ambiente. Ninguém está satisfeito com o tempo de jogo, quem perdeu está buscando espaço, uma oportunidade, mas sinto que querem vencer no São Paulo, isso é o mais importante.
LNET!: O Rogério disse que o time terá de ser mais competitivo para ser campeão da Libertadores. É possÃvel montar um time leve e competitivo ao mesmo tempo?
RG: Consegue sim, mas não é do dia para a noite. A verdade é que quem não é competitivo não ganha nada em lugar algum. Mas não adianta sermos competitivos e continuarmos com deficiências que bloqueiam o desenvolvimento do nosso jogo.
LNET!: Que deficiências são essas?
RG: Com Cicinho e Fernandinho em forma vamos melhorar muito a profundidade que nos faltava diminuir essa dependência de determinados tipos de jogadas. A entrada do Marlos também colabora, são três fatores que influem bastante. Além do domÃnio de meio de campo, vamos imprimir velocidade, resolver essa deficiência.
LNET!: Você esperava a reação da torcida ao trocar Fernandinho por Jean na última quarta-feira?
RG: Somando meus anos de futsal, tenho 35 de futebol. Entendo a cabeça do torcedor, que quer gols, movimentação. Mas estávamos perdendo claramente o meio de campo para o Once Caldas, eles fizeram exatamente como na ida, foi a única vez em que, durante meu perÃodo de repouso, liguei para o MÃlton e adverti sobre o meio de campo aberto. Jogando em casa com estádio lotado, você tira um atacante e põe um volante? Eu sabia que seria chamado de burro, mas tomar o empate e se classificar em segundo seria muito pior. Hoje estamos aqui, tidos como favoritos, com a vantagem de decidir em casa, por causa dessa vitória.
LNET!: Mas dizem que ao colocar o Washington você consertou um erro?
RG: Não podia mudar dois setores da equipe ao mesmo tempo. Aumentaria a pressão, ficaria uma bagunça. Sair de três atacantes, mudar o meio... Mas o torcedor tem outra visão. Não posso me preocupar com a opinião de torcida e imprensa, tenho de fazer o melhor pelo São Paulo.
LNET!: O que o São Paulo tem de fazer a mais do que fez até agora para caminhar até a final da Libertadores?
RG: Contra o Once Caldas, o gol do Fernandinho saiu de uma roubada de bola dele no ataque. Temos de melhorar isso. Se roubamos a bola muito atrás, enfrentamos uma equipe fechadinha quando saÃmos, temos de roubar a bola na frente. A postura da nossa defesa, mais adiantada, colabora. Mas isso exige muito fisicamente e não é com quaisquer jogadores que podemos fazer.
LNET!: Acredita em um novo Washington depois da multa e do banco de reservas?
RG: Ele entendeu o erro, por isso ficou fácil de aceitar. Conversei com ele, está tudo bem, mas precisa ser assim sempre. Se ele mantiver esse comportamento que está tendo agora, vai nos ajudar bastante. A variação com ele, Dagoberto e Fernandinho vai existir até o fim do ano. Ou ele entende, ou não participa dela. E é com qualquer jogador: ou entende isso ou está fora da equipe.
LNET!: Algum jogador do São Paulo pode dar show nesse mata-mata de Libertadores?
RG: O show do São Paulo pode ser o nosso coletivo. Esse é nosso forte. É claro que você tem jogadores diferentes, como nosso goleiro. O Rogério tem uma técnica impressionante, uma frieza para bater faltas que vi em poucos jogadores de muita categoria. Ele é um show a parte. E temos o Marlos, Dagoberto, Fernandinho, até o Washington, nossos homens de frente. E o Hernanes. Nosso forte é o coletivo, mas esses podem dar um molho especial.
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