Pela primeira vez no Palmeiras, Muricy Ramalho passou uma semana inteira fazendo apenas o que gosta: treinar o elenco. Os dias só não foram melhores pelo que o técnico tem visto às vésperas do jogo contra o São Paulo. O comandante se irrita por ser o foco do clássico por voltar ao Morumbi e até apelou para falarem mais de Ricardo Gomes no próprio Tricolor.

"Só falam de mim lá, pô! É muito chato. Ele foi até educado", reclamou o treinador do Verdão, lembrando que o seu substituto no atual tricampeão brasileiro pediu para que as comparações com seu antecessor se encerrassem. O fato, porém, é que Muricy alega não gostar de saber que câmeras e olhos estarão voltados exclusivamente para seu comportamento no banco de reservas dos visitantes no domingo.

"Isso incomoda. Não se fala do jogo, só se fala do Muricy na semana toda e deixam o clássico de lado", protestou. "Sou o técnico, minha porcentagem é muito pouca no clássico. É uma coisa que ficam dando muita importância, não acho legal", continuou o técnico que sempre diz com 25% de participação no sucesso de suas equipes. "Mas 25% muito importantes".

No São Paulo, entretanto, a influência de Muricy segue grande, nas palavras do próprio treinador do Palmeiras. O ex-comandante tricolor recordou que Ricardo Gomes teve maus resultados quando iniciou seu trabalho no 4-4-2. Só convenceu a todos ao voltar para o 3-5-2, base para Muricy ter montado o plantel.

"O time é muito parecido. Ele tentou mudar um pouco a parte tática no começo, teve muitas informações que não deram certo, mas o plantel foi feito para jogar desta maneira e o Ricardo reconheceu", analisou o agora chefe do Verdão, elogiando seu sucessor no Morumbi.

"Ele tem me substituído bem, tem feito um bom trabalho. No começo teve dificuldade como todos os técnicos que vem de fora, mas foi conhecendo, fazendo o que acha e está fazendo tudo muito direto, correto. É um grande time, muito bom, mas técnico de futebol tem que ganhar", alertou.

Se Ricardo Gomes não mudou tanto, são escassas as vantagens de um ex-comandante enfrentar uma equipe que deixou há dois meses. "Os dois se conhecem bastante. É igual. Fiquei três anos e meio lá com eles, é muito tempo juntos. Eles me conhecem como pessoa, minha maneira de trabalhar depois de uma rotina dura, mas com convivência ótima", apontou Muricy.