Dois dias antes da data de sua fundação, o Palmeiras celebrou na noite desta segunda-feira, no Salão Nobre do Palestra Itália, seus 95 anos de história. Diferentemente de 2008, conselheiros da oposição, como o ex-presidente Mustafá Contursi, compareceram. Mas o destaque da festa foram as provocações a arquirrivais, mesmo que mantendo a cordialidade pregada pelo presidente Luiz Gonzaga Belluzzo.

Amigo do mandatário do Verdão, Andrés Sanchez, presidente do Corinthians, chegou no início do jantar. E ficou sem graça no final do evento, quando já deixava as dependências palmeirenses. Um torcedor o abordou na porta de saída para lhe dar um abraço e dizer: "Pode deixar que da próxima vez não vamos escalar o Obina", comentou, lembrando dos três gols do atacante na vitória por 3 a 0 no clássico de 26 de julho.

O dirigente alvinegro nem soube o que responder. Atitude similar a que deve ter tido pouco antes dos pratos serem servidos. O Palmeiras preparou um vídeo com declarações de Belluzzo, do vice-presidente Gilberto Cipullo e do diretor de futebol Genaro Marino, entre outros, relembrando com muito destaque os Campeonatos Paulistas de 1974 e 1993, conquistados com vitórias sobre o Timão na final, e a defesa de Marcos no pênalti batido por Marcelinho Carioca na semifinal da Libertadores de 2000.

"Vou colocar um monte de vídeo que vai fazer vocês chorarem. Foram colocar logo os gols contra mim?! Por que não colocaram gols contra o São Paulo?", cobrou Andrés segundos antes de se despedir de Belluzzo com um beijo no rosto. "Obrigado por ter vindo. Você viu que é muito querido aqui", limitou-se a responder o palmeirense ao corintiano, solicitado para tirar muitas fotos com famílias de conselheiros do Palestra Itália.

Andrés foi embora e não viu que são-paulinos também ficariam desconcertados minutos depois. No tradicional brinde pelo aniversário do clube, Belluzzo foi um dos que puxou o hino palestrino, erguendo uma taça. Neste momento, o telão mostrava João Paulo de Jesus Lopes, diretor do futebol tricolor, sem saber o que fazer, claramente sem graça.

E a situação do dirigente do Morumbi piorou na sequência, com gritos para o time de Ricardo Gomes "se segurar" no clássico de domingo contra o atual líder do Campeonato Brasileiro. O cenário, porém, foi logo apaziguado com um abraço de Belluzzo no amigo. Tudo em nome de uma rivalidade sadia.

"O torcedor palmeirense tem que saber que torce para um clube tremendamente grande, o campeão brasileiro do século XX. Estava no Rio de Janeiro, tirei fotos com palmeirenses e vi três camisas do Palmeiras na Avenida Brasil, algo muito difícil no Rio. Vou repetir: eram três camisas do Palmeiras na Avenida Brasil. É um clube nacional!", exaltava o presidente do Verdão. "E gostaria de agradecer a presença de corintianos e são-paulinos aqui. Eles valorizam nossas conquistas. Não vale a pena ganhar de quem não é grande", completou em seu discurso.

Neste clima de saudosismo e torcida para que a equipe atinja o centenário em 2014 com sua Arena Multi-uso pronta e novos títulos no futebol, a festa lembrou grandes craques que passaram pelo time e até recordaram de conquistas dos esportes amadores. Oberdan, Ademir da Guia, Dudu e Cezar Maluco eram alguns dos ex- jogadores presentes, além do presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Marco Polo Del Nero, e o vice-presidente da entidade, Reynaldo Carneiro Bastos.

Entre palmeirenses ilustres, compareceu o cantor e ator Moacyr Franco. O senador Romeu Tuma era a autoridade que foi cumprimentar a agremiação aniversariante. Já José Serra, governador de São Paulo e amigo muito próximo de Belluzzo, fez questão de ligar para o presidente do clube para avisar que acompanhava o evento dos Estados Unidos em transmissão ao vivo no site oficial do Verdão.