A nova gestão do São Paulo assumiu o clube com a missão de acertar as pendências financeiras que se acumularam nos últimos anos, inclusive dívidas com os jogadores, ao mesmo tempo em que se busca o fim de um longo jejum de títulos, motivo pelo qual é um dos clubes da elite do futebol brasileiro que mais contrataram jogadores, como Miranda, Benítez e Éder, que foi oficializado hoje.



No podcast Posse de Bola #111, Arnaldo Ribeiro analisa a situação do clube com o alerta de que será preciso ajustar as contas, mas não vê a possibilidade de ocorrer com o São Paulo o mesmo que levou o Cruzeiro à situação atual, rebaixado para Série B em 2019, sem acesso para a primeira divisão e com sérios problemas financeiros e políticos.

"O São Paulo tem uma dívida menor do que a do Cruzeiro, tem um patrimônio maior, tem um estádio particular, tem o potencial maior de venda de jogadores, o que tem sustentado o clube nos últimos anos, tem arrecadações maiores, embora sejam baixas, o São Paulo é o terceiro maior time do país em torcida e é o quinto maior em arrecadação, então tem alguma coisa errada nessa equação", diz Arnaldo.

"Na verdade, a coisa desfavorável é que tudo isso de favorável, em um pacote, em tempos de pandemia, sem torcida no estádio, sem patrocinadores, o São Paulo não tem um patrocinador master, por exemplo, outros clubes estão vivendo essa situação, é muito mais difícil você colocar dinheiro em caixa. O São Paulo tem esse desafio nessa nova gestão e está investindo na reformulação do time de futebol e talvez seja o único clube grande de futebol do Brasil reformulando o time na Série A", completa.

O jornalista afirma que entre os problemas do São Paulo estão a dívida com Daniel Alves, assim como parte do pagamento dos jogadores, além da folha salarial que ficou mais cara da temporada passada para a atual, ainda que parte das contratações tenha sido sem custos na transação.

"O São Paulo está reformulando o time, contratando vários jogadores, seis até agora, numa situação incerta e ainda com dívidas externas e dívida interna, como sobretudo a questão com o Daniel Alves e até a folha de pagamento dos jogadores. É uma situação, só para esclarecer, o time atual do São Paulo, esse aí do Crespo, é mais caro do que o time da temporada passada, do Fernando Diniz, a partir da comissão técnica, Crespo e auxiliares são bem mais caros que Diniz e auxiliar. Se saiu um ou outro, chegaram seis", explica Arnaldo.

"A folha de pagamento do São Paulo já está hoje, final de março, R$ 1,5 milhão mais cara do que era a anterior, e o São Paulo teria, em tese, que reduzir essa folha de pagamento, independentemente do investimento em contratações, porque esses seis reforços, de fato, não custaram muito aos cofres, o São Paulo nano foi lá e pagou milhões para os jogadores, foram em sua maioria jogadores em final de contrato. A diferença principal do São Paulo em relação ao Cruzeiro são dirigentes, em tese, mais responsáveis", completa.

Clube deve ter baixas no elenco no meio do ano

Arnaldo diz ainda que o São Paulo precisa equalizar o acerto de contas com a busca por um título e deverá ter baixas no elenco no meio do ano, quando for aberta novamente a janela europeia de transferências, necessitando da venda de jovens atletas para melhorar a questão financeira, além de ver a possibilidade até de uma saída de Daniel Alves.

"O São Paulo está na fila. O São Paulo não pode quebrar, mas precisa ganhar, essa equação não é tão simples assim e não dá para ter só conquistas em termos de jogadores para você conseguir resolver essa equação, você tem que fazer descartes, tem que vender, tem que negociar, tem que repactuar, isso o São Paulo não fez até agora praticamente, ele só trouxe jogadores, trouxe uma comissão técnica mais cara apostando alto e arriscado na saída do time da fila nessa temporada", afirma o jornalista.



"Eu acredito que no meio do ano o São Paulo vá vender jogadores. Quem? Os mais jovens. A possibilidade de vender mais um Brenner no meio do ano é alta, a possibilidade de o Daniel Alves aceitar uma proposta interessante da Europa na janela do meio do ano se lhe interessar também é possível. Nesse momento nenhuma das coisas é viável, nem vender um jogador, não tem janela aberta, e nem repactuar a situação do Daniel Alves, porque ele também não tem clube interessado com a janela fechada europeia. No meio do ano o São Paulo deve ter perdas no time e consequentemente uma diminuição da folha de pagamento", conclui.

São Paulo, Arnaldo Ribeiro, Tricolor,