Paulo Cesar Carpegiani está de volta ao São Paulo, 11 anos depois de sua primeira passagem pelo Morumbi. O treinador acertou saída do Atlético-PR no começo da tarde deste domingo, na volta de Minas, sob a alegação de que havia recebido proposta irrecusável do time paulista. Assim troca uma campanha extraordinária e estável – o que não é frequente em sua carreira – e assume uma equipe à deriva. O Atlético tem 42 pontos, contra 35 do São Paulo.
Carpegiani não é o primeiro técnico a saltar de um time para outro, da mesma divisão, durante uma competição. Essa é prática corriqueira. Neste Brasileiro, Paulo César Gusmão largou o Ceará, então embalado e nas primeiras colocações, e aceitou oferta feita pelo Vasco, que rondava a zona de rebaixamento.
A ruptura mostra o quanto é ambíguo e precário o relacionamento de treinadores com clubes. Uma parte não pode cobrar fidelidade da outra, pois agem da mesma forma. Mas será no mínimo cômico se, ao se apresentar, Carpegiani falar que topou o desafio por causa do “projeto” do São Paulo.
A diretoria são-paulina dá mais uma demonstração de como está perdida e derruba o mito de que tem comportamento diferenciado no futebol. Por muito tempo, fritou Ricardo Gomes e demorou para dispensá-lo. Em seguida, sem plano alternativo, apelou para Sérgio Baresi, treinador das categorias de base, e lhe passou a ilusão de que poderia desenvolver trabalho de médio e longo prazos.
O presidente Juvenal Juvêncio, dias atrás, deu entrevistas em que reafirmava a confiança em Baresi, adiantava que o clube apostaria nas pratas-de-casa e ainda se gabava de pagar salário baixo ao jovem técnico. Depois, como os resultados eram insatisfatórios, mudou o tom. Até fazer investida em Carpegiani, empregado de um concorrente em melhor situação.