O Senado Federal decidiu rejeitar a presença do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, em substituição ao presidente da entidade,Joseph Blatter, em audiência na Comissão de Educação, Cultura e Esporte para discutir a organização da Copa do Mundo de 2014 e a Lei Geral.
Parlamentares ignoraram o comunicado de Valcke de que estaria na comissão na próxima semana e encaminharam novo convite para Blatter. A visita do secretário-geral ao País seria a primeira depois da declaração de que o Brasil precisava de um "chute no traseiro" para acelerar a organização do evento.
Presidente do colegiado, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) deixou clara a irritação com a Fifa, que insistiu em oferecer o secretário-geral como interlocutor. "Se eu te convidar para almoçar na minha casa não aceitarei o jardineiro em seu lugar. O Valcke não foi recusado, ele apenas nunca foi convidado", explicou.
A posição não foi isolada. O líder do governo na Casa, Eduardo Braga (PMDB-AM), manifestou respaldo à decisão da comissão. "O senhor Jérôme Valcke não está convidado pelo Senado da República, muito menos pelas comissões para falar em nome da Fifa", afirmou Braga. "Nós queremos ouvir o Blatter."
A declaração do "chute no traseiro" provocou uma crise na relação entre o governo e a Fifa no mês passado. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, pediu à entidade que trocasse o interlocutor. O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, chegou a chamar Valcke de "vagabundo".
O secretário-geral pediu desculpas, o presidente Joseph Blatter encontrou-se com a presidente Dilma Rousseff, mas o novo conflito deixa claro que as feridas não estão cicatrizadas e que o governo vai insistir no afastamento de Valcke.
Integrantes do governo defendiam ontem que tanto a presidente Dilma quanto Aldo seguissem a decisão de só falar com Blatter. "O convite é nominal, não é ao portador", explicou pessoa com trânsito na Esplanada.
Lei Geral. Em contraste ao endurecimento do discurso, o governo trabalha junto à base para atender à principal exigência da Fifa no momento: a aprovação da Lei Geral da Copa. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, diz que o Planalto deseja aprovar o projeto já no mês de maio no Senado. Para acelerar o trâmite, o ministro Aldo Rebelo estará com os senadores na próxima terça-feira para uma audiência conjunta nas três comissões em que o projeto será analisado.
A proposta foi aprovada na semana passada pela Câmara. O ponto mais polêmico foi a discussão sobre a venda de bebidas alcoólicas. Os deputados aprovaram a versão original do governo federal que retira a proibição existente no Estatuto do Torcedor, recusando-se a fazer uma liberação expressa. Em Estados e municípios em que há leis locais contra o comércio do produto deverá ser necessário mudar também estas legislações para atender ao desejo da Fifa, que tem uma cervejaria entre seus principais patrocinadores. (Colaborou Wagner Vilaron)
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