Questionado sobre o treino de finalizações na véspera do jogo contra o Independente, Leão respondeu a um jornalista de Belém: “É que você não acompanha o dia a dia. Fazemos muito mais do que isso. Foi pouco”.

Depois de postar em meu Twitter (@gabrielsaraceni) o trabalho no Mangueirão, o repórter Thiago Salata, deste LANCE!, me lembrou pelo microblog (@thiagosalata) que em 2006, quando ele cobria (ainda cobre) o Palmeiras, Leão fazia a mesma coisa.

É óbvio que treinar arremates é importante no futebol. Mas vamos a duas questão, que são muito debatidas pelos estudiosos do futebol.

1- Na véspera dos jogos não é recomendado exigir muito da musculatura. Com Muricy Ramalho, por exemplo, não época de São Paulo, dificilmente um titular fazia finalizações um dia antes de compromisso. Muitas vezes dava para saber quem seria cortado do banco. Este ficava treinando mais e logo nem aparecia entre os relacionados. Certo ou não, já que muita coisa a ciência não comprava – essa é uma delas – não é recomendado exagerar. Na terça-feira Leão pisou no freio, como tem feito na maioria dos treinamentos depois que o elenco acabou acometido por sequência de lesões musculares.



2- No futebol moderno é preciso treinar o mais próximo possível da realidade do jogo. Com partidas quartas e domingos, fica difícil ter tempo para trabalhar no dia a dia. Mais se recupera do que exige da parte técnica e tática. O ideal é unir todas as capacidades em um mesmo exercício. Rolar para jogadores chutarem sem marcação ou cabecear após um cruzamento sem um zagueiro na cola é coisa do passado. Assim como andar com a bola dominada, lançar um para outro sem implementar dificuldades, passar sem um rival incomodando… Isso se faz em escolinha de futebol, em que se ensina o básico. No profissional é preciso simular algo que pode efetivamente acontecer no gramado. Exemplo mais real são os jogos reduzidos. Você passa, finalização, marca, recebe marcação… E as variações são muitas, adaptadas ao tipo de exigência que se quer dos atletas.

Cada treinador tem sua maneira de trabalhar, mas os que recentemente conseguem destaque entenderam e fizeram a leitura da evolução dos treinamentos. Os antigos dão certo? Podem dar, mas a tendência é que cada vez mais percam espaço. Pode funcionar a curto prazo, mas a longo os problemas e dificuldades aparecem. Daí pode ser tarde.