Houve um tempo em que o São Paulo podia se dar ao luxo de caçoar da Copa do Brasil ou então tratá-la como treino de luxo para seus reservas. Não pode mais. Sem ganhar título algum desde 2008 e há duas temporadas fora da disputa da Taça Libertadores, o Tricolor entra em campo nesta quarta-feira, às 22h, com o que tem de melhor para enfrentar o modesto Independente-PA, no Estádio do Mangueirão.

“Precisamos fazer o nosso papel, que é ganhar jogos. Se a gente vencer (a Copa do Brasil), isso nos dará tranquilidade”, diz o atacante Luís Fabiano. Depois de oito jogos afastado — por conta de um estiramento muscular na coxa direita —, o camisa 9 é a grande novidade entre os relacionados pelo técnico Leão.

Ainda que não reúna condições físicas para aguentar os 90 minutos de jogo sob o forte calor paraense, o Fabuloso tem tudo para fazer a diferença. Segundo maior goleador da equipe no torneio — 13 gols, oito a menos do que França —, Luís Fabiano brilhou em sua última participação na competição. Em 2003, marcou cinco vezes na goleada por 6 a 0 sobre o São Raimundo, no Morumbi.

Além dele, o São Paulo também conta Willian José — artilheiro do time na temporada, com nove gols — e com o retrospecto positivo de Lucas no Mangueirão. Foi em Belém que o meia do Tricolor marcou seu primeiro gol pela seleção brasileira, na vitória por 2 a 0 sobre a Argentina, no Superclássico das Américas, em 2011. “Espero repetir a boa atuação e buscar a vitória pelo São Paulo. Será muito importante não só para mim, mas também para a nossa equipe. A Copa do Brasil é o caminho mais curto para a Libertadores”, afirma o camisa 7.

Não é só isso. A diretoria tricolor vê a Copa do Brasil como uma chance de o clube sair da seca. “A conquista do título é mais importante até do que a vaga na Libertadores”, afirma o diretor de futebol, Adalberto Baptista, ciente de que o jejum de troféus do Tricolor já se alonga há três anos. “A vaga coroa o título que, com certeza, nos dará mais tranquilidade para o restante da temporada.”



Retrospecto/ Em 12 participações na Copa do Brasil, o melhor desempenho do Tricolor até hoje foi o vice-campeonato de 2000. Naquela edição, o São Paulo foi superado pelo Cruzeiro na decisão. No ano passado, o Tricolor parou nas quartas de final, superado pelo Avaí-SC.

“Não podemos dar bobeira (outra vez), porque vai ser o ano inteiro de cobrança”, alerta o zagueiro Rhodolfo.

Opinião
Renan Cacioli, editor de Esportes do DIÁRIO

Não era apenas menosprezo
É verdade que o São Paulo costumava desdenhar da Copa do Brasil, mas há algumas ponderações a serem feitas. Primeiro, desde 2001, não participa da segunda competição brasileira mais importante quem já estiver disputando a Libertadores no mesmo ano. Foi o caso do Tricolor de 2004 a 2010. Antes disso, em 2000, o time foi finalista. Em 2002, semifinalista. E, em 2001 e 2003, parou nas quartas de final. Não chegam a ser campanhas medíocres, suponho, ou que denotem menosprezo pleno ao torneio. Mais: se voltarmos no tempo, veremos que outros fatores contribuíram para o insucesso do clube na copa. Passada a Era de Ouro de Telê Santana no início dos anos 90, por exemplo, o São Paulo mergulhou de cabeça na reforma do Morumbi, período no qual o investimento em futebol foi quase nulo. A equipe fracassou não só na Copa do Brasil, mas em praticamente tudo o que disputou. E, mesmo assim, acabou eliminada quase sempre por grandes rivais nacionais: Grêmio (1995), Inter (1996, por inscrição irregular), Vitória (1997), Vasco (1998) e Botafogo (1999). Muito desse suposto nariz empinado em relação à competição que os são-paulinos voltaram a jogar em 2011 vem da célebre comparação Macapá-Maracaibo feita pelo Rogério Ceni. E aí entra também a enorme rejeição que o goleiro tem junto aos rivais. Mas sejamos honestos: todos preferiam estar em Maracaibo