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Raí e Sócrates inspiram São Paulo x Corinthians

Em lados opostos no Majestoso, irmãos mostraram como é possível manter relação saudável no Majestoso

Corinthians e São Paulo colocam em campo neste domingo, às 17h, no Pacaembu, uma das maiores rivalidades do futebol brasileiro. Porém, em tempos de clima quente fora do gramado, uma família um tanto quanto especial serve de exemplo de como é possível encarar o esporte, mesmo torcendo para times diferentes, de maneira sadia.



Eternos ídolos de suas equipes, os irmãos Raí e Sócrates jamais entraram em conflito por causa da bola.

“Sempre teve a rivalidade, mas muito saudável, algo com respeito. Ele foi um cara decisivo em jogos contra o São Paulo e eu também contra o Corinthians. Era inevitável, sempre havia a brincadeira”, conta Raí.

Maestro do Tricolor no título mundial de 1992, o camisa 10 do Morumbi guarda boas recordações do Majestoso. Na primeira partida da decisão do Paulistão de 1991, por exemplo, ele marcou três gols. No segundo confronto, o empate por 0 a 0 garantiu o título.

“Os três primeiros filhos dele são são-paulinos. Não sei se é por minha causa ou se é porque eu representava aquela geração (do São Paulo). Eles entraram no campo comigo naquela final de 1991. Dizia para o Sócrates que, na nossa relação de rivalidade, essa era a minha vingança”, revela o caçula .

A torcida dos sobrinhos de Raí fazia até as discussões familiares cessarem. “Quando a gente brincava sobre quem era o melhor, ele dizia que o Corinthians era superior. Eu respondia que os filhos eram são-paulinos e ele não tinha mais argumentos”, lembra-se o herói do Tricolor.

E o carinho pelo irmão mais novo fez até mesmo o Doutor se render ao rival. Não foram poucas as vezes nas quais ele foi visto com faixas ou peças que remetiam ao clube do Morumbi só para homenagear Raí.

Analistas/ Os dois gostavam de assistir aos principais jogos para analisar o sistema utilizado pelos treinadores e a atuação dos atletas. “Quando eram jogos de maior importância, antes havia brincadeira. Mas, na hora da partida, a gente respeitava um ao outro e tinha uma postura mais de análise, mais fria”, diz Raí.

Esta será a primeira vez em que Raí não poderá conversar sobre um clássico com o irmão mais velho, morto em 4 dezembro do ano passado.

“Ainda está muito recente, há momentos em que eu penso e custo a acreditar. Parece que ele ainda está aí. Em algumas situações, a gente cai na real e dá um vazio. Em alguns momentos de família ou do dia a dia, surgem lembranças, vemos coisas dele. Era uma pessoa que influenciava e influencia. A falta dele é grande”, desabafa o irmão mais novo.

Tomara que, dentro e fora de campo, jogadores e torcedores sigam neste domingo o exemplo da família Souza Vieira de Oliveira.

Entrevista
Raí_ Ídolo do São Paulo

‘Gostaria de poder jogar ao lado de Luís Fabiano e Lucas’

DIÁRIO_ Você ainda acompanha o futebol?
RAÍ_ Vejo menos do que eu gostaria. Tenho um camarote no Morumbi e vou a alguns jogos. Nos momentos importantes, eu sempre acompanho.

O que você acha da equipe do São Paulo neste ano?
Está começando bem, consistente. No ano passado, o São Paulo tinha um bom elenco, mas não funcionou. Agora, reforçou esse time que já era bom. Passa, então, a ser um forte candidato a fazer uma grande temporada.

Ao lado de quem você gostaria de jogar hoje em dia?
Há vários jogadores. Na frente, gostaria de atuar com o Lucas e o Luís Fabiano. Também estou acreditando muito no Jadson. O São Paulo tem uma geração e um elenco equilibrados.
Qual foi a maior emoção que você teve como jogador?
Talvez o título Mundial de 1992 pela minha participação, o título europeu com o Paris Saint-Germain (1996)... Teve um mês (abril/maio de 1998) que também foi muito forte em termos de emoção. Disputei o meu último jogo no Parque dos Príncipes, na França, e os torcedores fizeram homenagens com cartazes e músicas brasileiras, Uma semana depois, teve jogo no Maracanã, pela seleção brasileira, e fui vaiado. Na outra semana, ganhei o Campeonato Paulista contra o Corinthians. Emoções fortes que mostram como é o futebol.

Foi difícil parar de jogar?
Existem momentos difíceis, porque o ritmo de vida muda muito. Fora do esporte, você tem de planejar sua rotina, seu ano. No futebol, os objetivos são traçados já no início, você só tem de seguir aquilo. Já vem pronto. A emoção no futebol, com o gol, é instantânea. Fora, os planos são de médio e longo prazo.

Você tem algum arrependimento na sua carreira?
Não, não tenho arrependimento.

O Sócrates o influenciou muito para jogar futebol?
Eu já gostava de jogar. Acho que ele não me influenciou a começar, mas sim no meu estilo. Ele era o meu ídolo.

Ele era uma pessoa muito politizada. Há influência dele no seu trabalho social?
Até involuntariamente, talvez a influência no social seja mais forte do que no futebol. Lembro-me de quando ele estava no auge, em 1987, havia voltado da Copa do Mundo, jogava com faixa na cabeça, participava do movimento “Diretas-Já”... Aí fui contratado pelo São Paulo, teve a apresentação e, logo na segunda semana, um jornalista me perguntou o que eu achava de tal candidato. Na época, não me interessava por política. Então pensei: é melhor ler os cadernos de economia e política. Até então, não tinha essa consciência. Aí, eu me interessei, fui ver quem era esquerda, direita... Fui obrigado a me informar por fazer parte de uma família que tinha o Sócrates. Nele, isso nasceu mais cedo.

Raí fatura 1º título fora de campo
Ex-jogador do São Paulo compara prêmio por trabalho social com triunfos conquistados nos torneios de futebol

Mesmo longe do gramado, Raí continua colecionando vitórias. Na última segunda-feira, ele ganhou o mais importante prêmio do esporte mundial, o Laureus. O ídolo do Tricolor levou o título por causa de seu trabalho social com a Fundação Gol de Letra.

“Valeu por todo esforço e energia que colocamos nesse projeto. É algo legítimo e verdadeiro. No futebol, tive uma carreira completa. E agora fiquei bastante orgulhoso por conseguir reconhecimento em uma atividade pós-carreira (de jogador). Vejo como o primeiro grande título de uma história que ainda está na metade. Fiquei bastante contente”, comemorou Raí, que não precisou se candidatar para ganhar o Laureus.

“Eles têm uma comissão de julgamentos e visitas a projetos. Vieram ao Brasil no ano passado e acharam que o trabalho merecia destaque”, conta Raí.

A ligação do ídolo com o terceiro setor efetivamente teve início em dezembro de 1998, com a inauguração do instituto, em sociedade com Leonardo, ex-companheiro no São |Paulo. Hoje, a ONG (Organização Não Governamental) conta com 70 profissionais, tem sedes em São Paulo (Vila Albertina) e no Rio de Janeiro (Caju). Atende 1.300 crianças e jovens com atividades de arte, cultura, comunicação, esporte, lazer, cidadania e educação para o trabalho. “Sem modéstia, a Gol de Letra tem um projeto consistente, profissional e com estrutura séria”, ressalta Raí.

Depois do prêmio, o ídolo já pensa em alçar voos mais altos. Mas, em contrapartida, acha que a responsabilidade vai crescer. “Se continuar assim, pode ser uma grande carreira”, compara o astro, aos seus triunfos no campo.

E o craque parece estar perto de marcar outro gol no campo social. “O Centro de Formação Técnica do Estado pegou o nosso modelo e vai transformá-lo em uma formação profissional de monitor esportivo, algo que vai revolucionar o contexto de democratização da atividade esportiva no país”, diz o ex-jogador, que utilizou também a experiência adquirida nos anos em que defendeu o Paris Saint-Germain para aplicar no projeto.

“Em março, vem uma missão do ministério francês para uma colaboração internacional, para sofisticar ainda mais o projeto. Eles já fazem isso há 40 anos. Tive um papel de diplomata (risos) nessa história”, gaba-se o ídolo.

Outro projeto social que conta com Raí é o Atletas pela Cidadania. Ao lado de outros destaques do esporte, tenta chamar a atenção da sociedade para sensibilizá-la, conscientizá-la e mobilizá-la em favor de causas importantes para o país.

“O atleta pode fazer muito mais para termos uma sociedade melhor. Tem muito poder de mobilização, comunicação e até financeiro para contribuir. Espero que o projeto sirva de incentivo”, diz. “Quero introduzir esse assunto nas categorias de base”, conclui Raí.

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