O campeão e, para muitos, melhor jogador da Copa do Mundo de 2002 está de volta ao "olho do furacão" com a transferência para o São Paulo. Depois de tentar cumprir as funções de jogador e presidente do Mogi-Mirim, Rivaldo chega ao Morumbi como a resposta midiática aos Ronaldos de Corinthians e Flamengo.
Espera-se também que ele resolva em campo, mesmo com quase 39 anos. A questão é que, além de viver o ocaso de sua carreira há algum tempo, Rivaldo deve ser aproveitado no tricolor paulista numa posição em que tentou atuar durante toda a sua trajetória nos campos, mas quase sempre não foi feliz.
Rivaldo nunca rendeu o seu melhor atuando como o meia que organiza o jogo com senso coletivo e aparece na frente para concluir. Desde o início, no "Carrossel Caipira" de Leto, Válber e Capone no início dos anos 1990, o craque foi decisivo jogando mais à frente, partindo da intermediária em direção à área adversária aproveitando sua habilidade, o arranque com bola dominada e conclusão precisa.
Foi assim em 1993, na ótima campanha do Corinthians de Mário Sérgio no Brasileiro e, especialmente, nos três anos em que atuou no Palmeiras. Em 1994, substituiu Edílson e foi mais atacante pela esquerda. No meio, quem dava as ordens era Zinho e Evair, que recuava para atrair os zagueiros e Edmundo e o próprio Rivaldo desequilibrarem entrando em diagonal.
Na lendária equipe campeã paulista de 1996 marcando mais de cem gols, praticamente manteve o posicionamento e a produção no 4-2-2-2 de Luxemburgo. Enquanto marcava seus gols, Djalminha e Muller pensavam o jogo arrasador que fez história.
Naquele mesmo ano, uma decepção: a participação na Olimpíada de Atlanta, já como jogador do La Coruña. Convocado como um dos jogadores acima dos 23 anos ao lado de Aldair e Bebeto, Rivaldo teve participação não mais que discreta em todos os jogos. No 4-2-2-2 de Zagallo, ele era o camisa 10 de fato e direito, responsável pela organização das jogadas ao lado de Juninho Paulista municiando Bebeto e Sávio, depois Ronaldo.
Na semifinal contra a Nigéria, a mancha indelével: recuou para armar, demorou a girar o corpo e perdeu a bola bisonhamente. Na sequência do lance, gol de Ikpeba, o segundo dos africanos, iniciando a reação que terminaria com o empate em 3 a 3 e o "gol de ouro" de Kanu na prorrogação.
A partir daí, por mais que jogasse na Europa, sempre era muito questionado em seu país. Na seleção, alternava boas exibições com outras não tão felizes. E normalmente o desempenho estava associado às funções que exercia no meio-campo: se atuasse mais à frente, próximo dos atacantes ou até alternando com eles, seu futebol crescia; se voltasse para armar as jogadas, o desempenho caía vertiginosamente.
Rivaldo fez uma ótima Copa de 1998 na França. Foi decisivo nas quartas-de-final contra a Dinamarca e no passe espetacular para Ronaldo abrir o placar contra a Holanda na semifinal. Mas ali foi beneficiado pela sorte. Designado novamente para armar o jogo com Giovanni, acabou atuando mais à frente com a efetivação de Leonardo. Não era raro vê-lo mais à frente, no ataque, alternando com Ronaldo.
O ano seguinte foi o melhor da carreira. Também porque o meia-atacante, no auge da forma física e técnica aos 27 anos, encontrou sua melhor posição tanto no Barcelona como na seleção.
Vanderlei Luxemburgo, novo técnico do escrete verde e amarelo e profundo conhecedor das características do jogador, armou um 4-3-1-2 com Rivaldo atuando na ligação, mas na prática se movimentando muito mais como um atacante ao lado de Ronaldo, com toda a liberdade.
A efetivação do então jovem Ronaldinho Gaúcho ao lado da dupla logo após a conquista da Copa América fez o futebol de Rivaldo crescer ainda mais. Nos 4 a 2 em amistoso contra a Argentina em Porto Alegre, sua melhor atuação com a camisa da seleção: três gols, uma assistência para Ronaldo e uma exibição soberba. Ronaldinho recuava para articular as jogadas e Rivaldo se juntava definitivamente ao Fenômeno para ser decisivo.
No Barcelona, vivia às turras com Louis Van Gaal porque queria atuar no meio-campo e o técnico holandês via espaço para o brasileiro apenas no lado esquerdo do ataque ao lado de Luis Figo e Kluivert no 4-3-3 do time catalão. Atuando mais próximo da meta adversária mesmo a contragosto, Rivaldo fez a diferença para o Barça na conquista do campeonato espanhol 1998/99 com atuações espetaculares e terminou o ano como o melhor jogador do mundo, premiado pela FIFA e pela "France Football".
Com a saída do treinador para comandar a Holanda, Rivaldo permaneceu no time catalão oscilando muito em seu desempenho, assim como na seleção. Às vésperas da Copa de 2002, o craque corria o risco de ficar de fora do torneio por problemas nos joelhos e no tornozelo esquerdo.
Luiz Felipe Scolari bancou a convocação, assim como fez com Ronaldo, e não se arrependeu. Principalmente porque o técnico encontrou o melhor posicionamento para Rivaldo no Mundial. Primeiro como ponta-esquerda no 3-4-3 utilizado na primeira fase. E depois como o meia-atacante mais próximo de Ronaldo no 3-4-2-1 implementado após a entrada de Kléberson no time titular a partir da vitória sobre a Inglaterra nas quartas-de-final.
Na decisão contra a Alemanha, a atuação mais simbólica de Rivaldo naquela campanha. No primeiro tempo, atuou mais recuado liberando Ronaldinho para se aproximar de Ronaldo. Nada produziu, errando muitos passes e sendo desarmado várias vezes na intermediária. Na segunda etapa, mais avançado, praticamente como um atacante mais centralizado para que Ronaldo ficasse à esquerda, o camisa dez foi decisivo nos dois gols do Fenômeno que definiram o pentacampeonato do Brasil. E, de quebra, pulverizaram qualquer questionamento em relação a Rivaldo com a camisa verde e amarela.
Rivaldo saiu brigado com o Barcelona e com Van Gaal, de volta ao clube, e foi jogar no Milan. Na curtíssima passagem pelo Cruzeiro em 2004, mesmo sob o comando de Luxemburgo e atuando num timaço com a base da tríplice coroa do ano anterior, não conseguiu render. Até porque não houve tempo para se readaptar ao futebol brasileiro. Rescindiu seu contrato em solidariedade ao treinador, demitido por incompatibilidade com a direção cruzeirense (leia-se irmãos Perrela).
Rodou por Olympiakos, AEK Atenas e Bunyodkor sem grande destaque, com uma ou outra atuação que lembrava o outrora melhor do mundo, até voltar às origens no Mogi-Mirim.
Agora chega ao São Paulo para trazer visibilidade ao clube e, mesmo com sua conhecida timidez, dividir a liderança do elenco com Rogério Ceni e Fernandão. No entanto, Rivaldo, além do peso da idade, terá novamente que lidar, em termos de posicionamento, com expectativas que não são condizentes com seu estilo.
Mesmo com a experiência, é difícil imaginar o novo camisa dez são-paulino organizando o time a partir do meio-campo. Essa nunca foi a característica de Rivaldo e não será agora, com menos agilidade para girar sobre a marcação, fazer os passes e lançamentos e ainda aparecer na frente para concluir. A comparação com o Petkovic que liderou o Flamengo na conquista do Brasileirão 2009 não é justa, nem certa. O meia sérvio sempre foi um jogador cerebral, um armador de jogadas. Rivaldo não.
O São Paulo que perdeu para a Ponte Preta por 1 a 0 no Morumbi e deu um amargo presente de aniversário a Ceni mostrou que se ressente da ausência desse jogador. Atuando numa espécie de 4-3-3, o time de Carpegiani sofreu com o isolamento dos setores. Rodrigo Souto, Cléber Santana e Carlinhos Paraíba em vários momentos ficaram bem distantes de Marlos, Dagoberto e Fernandinho.
A presença de Rivaldo só é viável no centro do ataque, para que sua colocação na área e a precisão nos arremates façam a diferença. No meio, é melhor esperar pelo retorno de Lucas, na seleção sub-20. Ele, sim, pode dar a criatividade que o meio-campo tricolor precisa.
Até entrar em campo, Rivaldo deve ser tratado com respeito, mas sendo visto como uma aposta, uma incógnita. E só pode ser cobrado se atuar numa função que aproveite bem o que sobrou do talento de um dos melhores jogadores da sua geração.
Como o "camisa 10", suas chances ficam bem reduzidas.
Espera-se também que ele resolva em campo, mesmo com quase 39 anos. A questão é que, além de viver o ocaso de sua carreira há algum tempo, Rivaldo deve ser aproveitado no tricolor paulista numa posição em que tentou atuar durante toda a sua trajetória nos campos, mas quase sempre não foi feliz.
Rivaldo nunca rendeu o seu melhor atuando como o meia que organiza o jogo com senso coletivo e aparece na frente para concluir. Desde o início, no "Carrossel Caipira" de Leto, Válber e Capone no início dos anos 1990, o craque foi decisivo jogando mais à frente, partindo da intermediária em direção à área adversária aproveitando sua habilidade, o arranque com bola dominada e conclusão precisa.
Foi assim em 1993, na ótima campanha do Corinthians de Mário Sérgio no Brasileiro e, especialmente, nos três anos em que atuou no Palmeiras. Em 1994, substituiu Edílson e foi mais atacante pela esquerda. No meio, quem dava as ordens era Zinho e Evair, que recuava para atrair os zagueiros e Edmundo e o próprio Rivaldo desequilibrarem entrando em diagonal.
Em 1994, Rivaldo foi praticamente um atacante entrando em diagonal pela esquerda no espaço deixado com o recuo de Evair.
Na lendária equipe campeã paulista de 1996 marcando mais de cem gols, praticamente manteve o posicionamento e a produção no 4-2-2-2 de Luxemburgo. Enquanto marcava seus gols, Djalminha e Muller pensavam o jogo arrasador que fez história.
Em 1996, Muller abria pela esquerda e Djalminha pensava o jogo para que Rivaldo aparecesse na área.
Naquele mesmo ano, uma decepção: a participação na Olimpíada de Atlanta, já como jogador do La Coruña. Convocado como um dos jogadores acima dos 23 anos ao lado de Aldair e Bebeto, Rivaldo teve participação não mais que discreta em todos os jogos. No 4-2-2-2 de Zagallo, ele era o camisa 10 de fato e direito, responsável pela organização das jogadas ao lado de Juninho Paulista municiando Bebeto e Sávio, depois Ronaldo.
Na semifinal contra a Nigéria, a mancha indelével: recuou para armar, demorou a girar o corpo e perdeu a bola bisonhamente. Na sequência do lance, gol de Ikpeba, o segundo dos africanos, iniciando a reação que terminaria com o empate em 3 a 3 e o "gol de ouro" de Kanu na prorrogação.
Na Olimpíada de 1996, participação discreta como meia no 4-2-2-2 armado por Zagallo e atuação desastrosa na derrota para a Nigéria.
A partir daí, por mais que jogasse na Europa, sempre era muito questionado em seu país. Na seleção, alternava boas exibições com outras não tão felizes. E normalmente o desempenho estava associado às funções que exercia no meio-campo: se atuasse mais à frente, próximo dos atacantes ou até alternando com eles, seu futebol crescia; se voltasse para armar as jogadas, o desempenho caía vertiginosamente.
Rivaldo fez uma ótima Copa de 1998 na França. Foi decisivo nas quartas-de-final contra a Dinamarca e no passe espetacular para Ronaldo abrir o placar contra a Holanda na semifinal. Mas ali foi beneficiado pela sorte. Designado novamente para armar o jogo com Giovanni, acabou atuando mais à frente com a efetivação de Leonardo. Não era raro vê-lo mais à frente, no ataque, alternando com Ronaldo.
O ano seguinte foi o melhor da carreira. Também porque o meia-atacante, no auge da forma física e técnica aos 27 anos, encontrou sua melhor posição tanto no Barcelona como na seleção.
Vanderlei Luxemburgo, novo técnico do escrete verde e amarelo e profundo conhecedor das características do jogador, armou um 4-3-1-2 com Rivaldo atuando na ligação, mas na prática se movimentando muito mais como um atacante ao lado de Ronaldo, com toda a liberdade.
A efetivação do então jovem Ronaldinho Gaúcho ao lado da dupla logo após a conquista da Copa América fez o futebol de Rivaldo crescer ainda mais. Nos 4 a 2 em amistoso contra a Argentina em Porto Alegre, sua melhor atuação com a camisa da seleção: três gols, uma assistência para Ronaldo e uma exibição soberba. Ronaldinho recuava para articular as jogadas e Rivaldo se juntava definitivamente ao Fenômeno para ser decisivo.
Na seleção de Luxemburgo, Rivaldo atuava praticamente como segundo atacante, com Ronaldinho recuando para articular no meio.
No Barcelona, vivia às turras com Louis Van Gaal porque queria atuar no meio-campo e o técnico holandês via espaço para o brasileiro apenas no lado esquerdo do ataque ao lado de Luis Figo e Kluivert no 4-3-3 do time catalão. Atuando mais próximo da meta adversária mesmo a contragosto, Rivaldo fez a diferença para o Barça na conquista do campeonato espanhol 1998/99 com atuações espetaculares e terminou o ano como o melhor jogador do mundo, premiado pela FIFA e pela "France Football".
No 4-3-3 do Barcelona de Van Gaal, Rivaldo atuava a contragosto, pela ponta-esquerda. Mesmo assim foi o craque do time e o melhor do mundo em 1999.
Com a saída do treinador para comandar a Holanda, Rivaldo permaneceu no time catalão oscilando muito em seu desempenho, assim como na seleção. Às vésperas da Copa de 2002, o craque corria o risco de ficar de fora do torneio por problemas nos joelhos e no tornozelo esquerdo.
Luiz Felipe Scolari bancou a convocação, assim como fez com Ronaldo, e não se arrependeu. Principalmente porque o técnico encontrou o melhor posicionamento para Rivaldo no Mundial. Primeiro como ponta-esquerda no 3-4-3 utilizado na primeira fase. E depois como o meia-atacante mais próximo de Ronaldo no 3-4-2-1 implementado após a entrada de Kléberson no time titular a partir da vitória sobre a Inglaterra nas quartas-de-final.
Na decisão contra a Alemanha, a atuação mais simbólica de Rivaldo naquela campanha. No primeiro tempo, atuou mais recuado liberando Ronaldinho para se aproximar de Ronaldo. Nada produziu, errando muitos passes e sendo desarmado várias vezes na intermediária. Na segunda etapa, mais avançado, praticamente como um atacante mais centralizado para que Ronaldo ficasse à esquerda, o camisa dez foi decisivo nos dois gols do Fenômeno que definiram o pentacampeonato do Brasil. E, de quebra, pulverizaram qualquer questionamento em relação a Rivaldo com a camisa verde e amarela.
Em 2002, o posicionamento ideal na seleção: meia-atacante no 3-4-2-1 de Scolari com liberdade para encostar em Ronaldo.
Rivaldo saiu brigado com o Barcelona e com Van Gaal, de volta ao clube, e foi jogar no Milan. Na curtíssima passagem pelo Cruzeiro em 2004, mesmo sob o comando de Luxemburgo e atuando num timaço com a base da tríplice coroa do ano anterior, não conseguiu render. Até porque não houve tempo para se readaptar ao futebol brasileiro. Rescindiu seu contrato em solidariedade ao treinador, demitido por incompatibilidade com a direção cruzeirense (leia-se irmãos Perrela).
Rodou por Olympiakos, AEK Atenas e Bunyodkor sem grande destaque, com uma ou outra atuação que lembrava o outrora melhor do mundo, até voltar às origens no Mogi-Mirim.
Agora chega ao São Paulo para trazer visibilidade ao clube e, mesmo com sua conhecida timidez, dividir a liderança do elenco com Rogério Ceni e Fernandão. No entanto, Rivaldo, além do peso da idade, terá novamente que lidar, em termos de posicionamento, com expectativas que não são condizentes com seu estilo.
Mesmo com a experiência, é difícil imaginar o novo camisa dez são-paulino organizando o time a partir do meio-campo. Essa nunca foi a característica de Rivaldo e não será agora, com menos agilidade para girar sobre a marcação, fazer os passes e lançamentos e ainda aparecer na frente para concluir. A comparação com o Petkovic que liderou o Flamengo na conquista do Brasileirão 2009 não é justa, nem certa. O meia sérvio sempre foi um jogador cerebral, um armador de jogadas. Rivaldo não.
O São Paulo que perdeu para a Ponte Preta por 1 a 0 no Morumbi e deu um amargo presente de aniversário a Ceni mostrou que se ressente da ausência desse jogador. Atuando numa espécie de 4-3-3, o time de Carpegiani sofreu com o isolamento dos setores. Rodrigo Souto, Cléber Santana e Carlinhos Paraíba em vários momentos ficaram bem distantes de Marlos, Dagoberto e Fernandinho.
A presença de Rivaldo só é viável no centro do ataque, para que sua colocação na área e a precisão nos arremates façam a diferença. No meio, é melhor esperar pelo retorno de Lucas, na seleção sub-20. Ele, sim, pode dar a criatividade que o meio-campo tricolor precisa.
Um São Paulo possível: no 4-2-2-2 com Lucas armando pela direita e Rivaldo à frente como a referência do ataque.
Até entrar em campo, Rivaldo deve ser tratado com respeito, mas sendo visto como uma aposta, uma incógnita. E só pode ser cobrado se atuar numa função que aproveite bem o que sobrou do talento de um dos melhores jogadores da sua geração.
Como o "camisa 10", suas chances ficam bem reduzidas.
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