Todo são-paulino com mais de 20 anos guarda na memória a imagem de Toninho Cerezo comemorando o segundo gol contra o Milan, no Mundial de Clubes de 1993. Poucos se recordam, no entanto, de que o volante tinha, à época, 38 anos. É a idade atual de Rivaldo, contratado pelo Tricolor.

Depois de despontar no Atlético-MG e disputar a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, Cerezo fez carreira na Europa. Lá, defendeu a Roma e a Sampdoria, da Itália, até 1992.

Já veterano e sob olhares de desconfiança, o volante voltou ao Brasil. Foi defender o São Paulo, time que na época ganhava quase tudo, com um esquadrão liderado por Raí.

"Lógico que sofri com uma grande desconfiança. Imagina um veterano, como eu, chegar a um time de garotos? Mas o Telê (Santana, então técnico do São Paulo) armou um bom esquema para mim. Havia sempre um outro volante para me cobrir. Assim, eu podia avançar ao ataque", lembra Cerezo.

Contente com a contração de Rivaldo pelo Tricolor, o ex-jogador vê uma tradição ressurgir no clube. Com mais de 30 anos, Leônidas da Silva, o Diamante Negro, fez história no clube na década de 40. A história se repetiu nos anos 50, com Zizinho. Cerezo fez sua parte na década de 90. "Agora é a vez do Rivaldo. Ele pode ser poupado para as decisões e tem tudo para dar certo", comemora o volante.

Força física /Cerezo vê algumas semelhanças entre ele e o meia campeão do mundo em 2002. "Ele tem muito mais habilidade do que eu, mas tem um preparo físico parecido com o meu. Dificilmente se machuca. Além disso, nós dois vivemos para o futebol", compara.
A confiança de Cerezo no sucesso de Rivaldo decorre de suas próprias observações. Quando comandou o Al-Shabab, dos Emirados Árabes, entre 2008 e 2009, Cerezo enfrentou Rivaldo, que na época atuava no futebol do Uzbequistão. "É um jogador que merece uma atenção diferenciada. Apesar de não ter o físico de um jovem e não ser tão constante quanto no passado, ele sempre vai em busca do gol e dá continuidade às jogadas", analisa Cerezo.

DIÁRIO_ Você acha que o Rivaldo terá dificuldades para se adaptar ao São Paulo?

TONINHO CEREZO_ Não, o Rivaldo vai se adaptar rapidamente ao Tricolor. Ele vai encontrar um ambiente familiar, um grande treinador, um clube bem estruturado e comandado por boas pessoas.

Mas o Rivaldo deve enfrentar muita pressão?

Isso, com certeza. A pressão sempre existe quando um jogador experiente, com 38 anos, chega para atuar ao lado de garotos de 20 e poucos anos. Mas o Rivaldo é um cara experiente e vai sabe se cuidar e lidar com esses problemas.

Então você diria que o São Paulo fez um bom negócio ao contratar o Rivaldo?

O São Paulo fez um excelente negócio. Eu, como um torcedor do Tricolor, fiquei muito feliz com essa notícia. Agora, espero que a história se repita com ele. Assim, vou poder comemorar, em breve, mais um título de campeão mundial.


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