Um volante que arma ou um meia-atacante que desarma? Uma questão difícil de ser respondida até pelo "profeta" Hernanes. Mais avançado no Lazio, o ex-são-paulino não abre mão da função defensiva que tinha no Brasil. Seu objetivo é a Seleção de Mano Menezes. Após a decepção de ficar fora contra a Argentina, o camisa 8 do time italiano diz que não importa a posição. O que interessa é vestir a amarelinha mais uma vez.
- Se eu for convocado como atacante, vou de atacante! (Risos) Mas eu penso que ele me levaria para brigar com Ramires, Elias, Lucas, Sandro. Desarmando e armando - disse Hernanes, por telefone, de Roma.
O volante (ou meia?) tem duas partidas pela Seleção principal. Uma com Dunga (1 a 0 sobre a Suécia, em 16 de março de 2008) e uma com Mano (2 a 0 sobre os Estados Unidos, 10 de agosto deste ano). Apesar da confiança do novo técnico logo em sua estreia, Hernanes não foi chamado na derrota para a Argentina (1 a 0, último 7 de novembro), quando seu nome era um dos mais cotados para defender o Brasil, e reconheceu ter ficado surpreso. Em entrevista ao jornal "O Globo", Mano elogiou o ex-são-paulino após o jogo no Qatar:
- Ele já jogava muito aqui (no Brasil). Até porque o time do São Paulo é melhor do que o do Lazio.
Hernanes concorda com Mano. Também acha que vem em grande fase desde os últimos meses no Tricolor. Agora, mais ofensivo. Mas ainda bom nas palavras, como o "Profeta". Confira a entrevistas:
GLOBOESPORTE.COM: Você tem feito gols e dado muitas assistências. Seu posiconamento mudou no Lazio? Você está jogando mais avançado do que no São Paulo?
HERNANES: Sim, mudou. Estou bem avançado. Já havia jogado assim no São Paulo algumas vezes. No São Paulo eu era um volante que jogava um pouco mais na frente e tinha que fazer trabalho defensivo. Aqui, o técnico (Edy Reja) já me colocou na frente, desde o primeiro jogo, e gostou. Estou tendo um peso maior na parte ofensiva, com mais responsabilidade de dar assistências e chutar a gol como um meia, quase um atacante.
Você se sente confortável nesta nova posição?
Sim. Na minha carreira, eu só não joguei ainda como centroavante, tipo camisa 9, nem como zagueiro.
E goleiro?
Goleiro também não (risos). De resto, já joguei de tudo. ... No Santo André, atuei de segundo atacante em uma passagem muito boa. Experimentei quase todas as posições, aprendi a jogar em todas elas. Tenho mais afinidade como volante, por ter jogado mais tempo. Tenho um sentimento mais profundo nesta posição.
Então, quando você preenche uma ficha de hotel qual profissão, ou posição, você coloca?
(Risos) Volante... Centro-campista... Centro-campista é melhor.
Recentemente, Mano Menezes disse que você não está jogando muito agora. Mas que você já vem jogando muito faz tempo. Concorda?
Eu tenho melhorado todo ano. Mas um titulo é o que marca. Quando um clube não consegue ganhar um título, parece que os jogadores individualmente não estão na sua melhor fase... Eu sempre acompanhei muito os meus números, roubadas de bola, assistências, gols, e sempre venho crescendo. Essa é minha tônica: crescimento. Desde o São Paulo eu venho jogando bem, mesmo sem ganhar títulos em 2009 e2010.
Você já se acostumou com o revezamento feito no futebol europeu? Você vinha bem e mesmo assim ficou fora contra o Cesena, mesmo sem lesões. E o Lazio acabou perdendo aquele jogo...
Aqui há uma mentalidade diferente. Os treinadores fazem rodízios que às vezes a gente não entende. Já vi grandes jogadores no banco. Tem gente que leva na boa. Contra o Cesena, o técnico me chamou e disse que ia me poupar porque eu estava jogando desde o início da temporada, com uma sequência grande, e precisava descansar.
Tem encontrado o Adriano em Roma, seu ex-companheiro de São Paulo? Ficou alguma amizade com ele?
Encontrei com ele somente no clássico (NR: na 10ª rodada, o Roma venceu por 2 a 0, mas o Imperador não entrou em campo). No São Paulo, não tínhamos muito contato fora do clube, fora dos jogos. Aqui, só nos falamos no dia da partida mesmo.
O Adriano tem jogado pouco e a imprensa andou pegando no pé dele. Ainda falam muito do Imperador por aí?
No começo falavam mais, lia muito o nome dele nos jornais. Agora estão deixando ele um pouco quieto.
Mesmo com Ronaldinho no banco, o Milan tirou o Lazio da liderança. Como está a briga pelo título? Agora é entre vocês e o Milan, o Inter de Milão está fora?
Inter, Milan, Roma... O Juventus está crescendo. São grandes times com grandes jogadores, nomes consagrados. Temos que ficar atentos, não podemos baixar a guarda. Sem fazer força, eles chegam no topo. Estamos lutando com tudo que temos. Eles têm muitas estrelas, sai um craque e entra outro. Você vê o Ronaldinho no banco... Para nosso time estar no topo, tem que ter força, estar concentrado. Essa é a diferença.
A convocação da Seleção para o amistoso com a Argentina foi em um momento que você estava em alta no Lazio. Ficou surpreso de não ter sido chamado pelo Mano?
Eu achei que ia estar na lista, sem dúvida. Eu queria muito jogar contra a argentina, era um jogo legal para ter uma oportunidade. Eu queria muito estar lá, esperava muito estar lá. Fiquei surpreso de não estar. Mas fiquei tranquilo, sei que o Mano é um gande treinador e sei que tenho potencial para entrar na lista. Vou trabalhar aqui com esse objetivo.
Você disse que sua "profissão" é volante, ou melhor, centro-campista. Na Seleção, você disputaria lugar com quem? Mais avançado, com Ronaldinho, Ganso, Kaká? Ou mais recuado, com Ramires, Lucas, Elias?
Se eu for convocado como atacante, vou de atacante! (Risos) Mas eu penso que ele me levaria para brigar com Ramires, Elias, Lucas, Sandro. Desarmando e armando.
O apelido "Profeta" começou como uma brincadeira do Tiago Leifert no Globo Esporte e pegou para valer na Itália, não é? Já virou quase uma marca sua.
Sim, virou uma marca. Pegou. É bom porque eu já tomei posse do nome. O profeta faz a profecia e vou continuar profetizando a nosso favor por aqui (risos).
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