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Quanto vale o seu ingresso?

Clubes aumentam o preço dos bilhetes e elitizam o futebol

Qual o valor justo do ingresso de uma partida de futebol? A discussão sobre a elitização do esporte mais popular do País, dentro da realidade socioeconômica dos brasileiros, ultrapassou o limite esportivo e já é tema em aulas de marketing em universidades de São Paulo. Com o início do Brasileirão, clubes, especialistas e torcedores mostram suas razões em busca da solução para um problema que se repete em boa parte dos jogos pelo Brasil: ingressos caros e estádios vazios.

Na última quarta-feira, quem foi ao Pacaembu ver Corinthians e Flamengo pela Copa Libertadores pagou entre R$ 55 e R$ 650 pelo ingresso. Para o professor doutor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Campomar, para esse jogo o valor foi justo. “A lei da oferta e da procura é usada nesses casos, em partidas importantes. Quanto maior a importância esportiva do evento, maior será a busca dos torcedores pelos bilhetes e maior será o preço que ele terá de pagar.”

Apesar de verdadeira, a explicação de Campomar não contenta todo mundo. O motorista Olavo de Castilho, de 36 anos e torcedor do Corinthians, não foi ao estádio. Por causa do preço do ingresso, assistiu pela televisão. “Lembro que em 1990 fui à final do Brasileiro com meu pai, vizinhos e amigos. Foi todo mundo. Na última quarta-feira, minha filha queria ir ao Pacaembu, mas eu iria gastar no mínimo R$ 150, ficaria muito caro. Acho que não tenho nenhum amigo que foi ao jogo. Infelizmente, não deu para ir também”, afirmou.

“No aspecto esportivo, é o próprio público que determina o interesse sobre as partidas”, diz Campomar. Para ele, o que não pode ocorrer é um erro de cálculo por parte dos dirigentes. “Não dá pra cobrar preço alto toda hora. Tem jogo que a gente vê que o ingresso estava caro porque o estádio ficou vazio. Isso é erro de estratégia.” Em sua opinião, foi o que ocorreu no clássico entre Santos e Corinthians no Paulistão. Com a arquibancada custando R$ 80, o público pagante na Vila foi inferior a 10 mil pessoas.

Para o torcedor que possui renda mensal apertada, o conselho do professor é simples. “Ele tem o direito de se divertir, só que precisa se programar, juntar dinheiro, escolher a partida que quer assistir. Assim ele pode se adequar à atual realidade do futebol.”

Sócio-torcedor

Uma saída encontrada pelos dirigentes brasileiros para oferecer ingressos a preços mais em conta foi copiar a ideia de programas de sócio-torcedor de clubes europeus. Quem paga uma mensalidade tem preferência para comprar entradas e gasta menos do que se for às bilheterias. No Brasil, o maior exemplo de sucesso é o Internacional, que conta com 104 mil associados. Alexandre Silveira Limeira, diretor de administração do Colorado, explica que os torcedores têm duas categorias à disposição. Uma custa R$ 55 por mês e dá direito a assistir a todo jogo no Beira-Rio. A outra sai por R$ 22 e dá direito a 50% de desconto no ingresso. Os sócios geram uma receita de R$ 3 milhões por mês. Caso os sócios do Inter não esgotem os bilhetes, o público em geral pode comprar os ingressos restantes. Na partida contra o Banfield, os preços variavam entre R$ 40 e R$ 100. “Existem jogos em que o público é formado 100% pelos associados. No Brasil, os dirigentes precisam entender que os clubes são muito maiores que a capacidade dos estádios”, diz Limeira.

O Palmeiras, que tem um programa de sócio-torcedor engatinhando, trabalha de acordo com a importância da partida. “Na fase final das competições acho justo cobrar mais caro porque temos mais gastos”, diz o gerente administrativo Sérgio do Prado.

O São Paulo age de forma parecida. “Contra o Botafogo, pelo Brasileiro, o ingresso mais barato será R$ 20. Na Libertadores, contra o Cruzeiro, R$ 50. Quanto melhor o espetáculo, maior o preço. Vale a lei da oferta da procura”, conclui o diretor de marketing Adalberto Baptista.

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