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Clássico de morte

São Paulo e Corinthians – os dois grandes que mais se reforçaram para esta temporada, com vistas, sobretudo, à Copa Libertadores da América – até agora não acertaram o pé no Paulistão, que lhes reserva no domingo um clássico de vida ou morte nesse torneio encarado como mero laboratório.

Laboratório, uma ova. Já técnicos de nomeada, como Muricy, pagaram com suas cabeças por tropeços no Paulistão. E outros estão na alça de mira da torcida e da mídia, quando não dos próprios cartolas.

Aliás, não só os treinadores, mas até craques renomados, como Ronaldo Fenômeno, Diego Souza, Marcelinho Paraíba e outros passam a ser pressionados além da conta, o que imprime ao torneio um traço de competitividade que parecia fora dos planos dos grandes, obrigados a substituir a pré-temporada por uma preparação dentro de um certame valendo três pontos.

Corinthians e São Paulo, assim, fazem um clássico no domingo cujo resultado pode levar um deles a uma crise insuportável, às vésperas de seus jogos pela Libertadores. Mesmo porque os dois vêm de derrotas no meio de semana, contra equipes que, no máximo, lutam para não cair, como Paulista e Bragantino, respectivamente.

O Timão, aliás, já soma duas derrotas seguintes e lamenta a saída precoce do G-4. O que explica a quebra do encanto de parte da Fiel com seu ídolo Ronaldo Fenômeno, em noite desastrosa.

E o São Paulo, que se mantém entre os quatro privilegiados da tabela, vinha ganhando, mas longe de satisfazer as exigências da torcida diante do investimento feito na reforma do time.

A explicação para esse desempenho insatisfatório dos dois pode ser a de que seus treinadores, pela disputa paralela da Libertadores, mexem demais nas equipes, não obtendo assim um padrão aceitável de jogo e o necessário entrosamento entre os jogadores.

Isso pesa – e muito -, sem dúvida. Não é tudo, porém. Há, nessa coisa toda, também erros estratégicos na montagem dos respectivos elencos.

O Corinthians, até agora, não conseguiu encontrar substitutos à altura de Cristian e Douglas, negociados a preço de banana ainda na temporada passada. Gastou três vezes mais nessa busca, em vão. Douglas, então, já até voltou ao futebol brasileiro, via Grêmio, onde pode nem render o que rendia no Timão. Mas, neste, era essencial para dar rumo certo à bola, principalmente, na direção de Ronaldo.

Será por mera coincidência que, após a saída de Douglas, Ronaldo não mais repetiu suas decisivas exibições dos tempos do Paulistão e da Copa do Brasil passados?

Quanto ao São Paulo, é crônica a ausência de um meia-armador de escol. Assim como o excesso de volantes com perfis semelhantes, o que explica em grande parte o jogo sonolento, arrastado desse time, na vitória ou na derrota.

Enfim, estamos às vésperas de um clássico que se prenuncia muito mais delicado do que a princípio se esperava de um campeonato que não vale nada, não vale nada, mas acaba valendo o preço de ilustres cabeças rolando pelos gramados.

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