O São Paulo tem uma cartilha para punir atos de indisciplina. Ela estipula que qualquer cartão bobo, daqueles que prejudicam a equipe, resultará em multa ao jogador infrator. No ano passado, Ricardo Gomes passou a mão na cabeça dos “esquentadinhos” e ignorou o código disciplinar. Agora Dagoberto, o primeiro jogador expulso na temporada, não terá perdão. Deverá ser multado em 10% do seu salário, que ultrapassa os R$ 100 mil.

Hugo, Richarlyson, Washington, Borges e o próprio Dagoberto escaparam de punições na reta final do Brasileiro do ano passado. O técnico preferiu abafar a indisciplina. Era também uma estratégia para não chamar a atenção do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Pensou que se os punisse aceitaria a culpa e incentivaria o tribunal a fazer valer a sua autoridade.

Não funcionou. O perdão da comissão técnica e da direção não ecoou pelo STJD e todos foram punidos, alguns com rigor considerado excessivo pelos são-paulinos, casos de Borges, Dagoberto e, principalmente, Jean, cuja expulsão no jogo contra o Grêmio ocorreu após uma falta normal. O time, desfalcado, acabou perdendo o título depois de estar na liderança da competição a duas rodadas do final.

Agora, logo no início da temporada, o técnico mudou de atitude. Viu que os jogadores mais impulsivos não usaram as férias para se acalmar. “Já que o Dagoberto não conseguiu fazer por si, vamos resolver para ele, tomando as medidas internamente”, afirmou. “Todas as expulsões dele foram assim. Perde a conexão, sai do jogo e se desequilibra. Não pode mais.”

O técnico ficou bastante irritado com a reincidência do atacante, que foi expulso duas vezes nos últimos três jogos. “O fato anterior foi muito falado, é recente e nos colocou em dificuldade no Brasileiro.”

A direção são-paulina evitou falar em multa. Deixou a responsabilidade para o treinador. Mas também está muito irritada com o comportamento do jogador, maior investimento do clube nos últimos anos - o São Paulo gastou R$ 5,2 milhões para trazê-lo do Atlético-PR.

A expulsão irresponsável - ocorreu depois de Dagoberto fazer falta feia em Henrique na lateral do campo - também acabou com a paciência da torcida, que o chamou de burro na saída do campo. “A torcida ainda estava com aquela expulsão do Brasileiro na cabeça”, opinou Ricardo Gomes. “Agora foi o primeiro jogo em casa, o jogador repetiu o protocolo e o torcedor não concordou. O torcedor está certo, tem de cobrar. Mas eu nunca tinha visto isso ocorrer.”

Ontem Dagoberto não concedeu entrevistas. O atacante reapresentou-se com os colegas e treinou normalmente. A suspensão automática vale para o jogo contra o Mirassol, amanhã, mas ele também poderá ficar fora do confronto contra o Rio Claro, marcado para sábado. Outra punição para o jogador, que precisará esfriar a cabeça antes de voltar a atuar pelo Tricolor.