Na última quarta-feira, um torcedor do Talleres foi flagrado fazendo gestos racistas em direção à torcida do São Paulo. O incidente ocorreu após a vitória do clube brasileiro por 3 a 0 sobre o argentino, no estádio Mario Alberto Kempes, em Córdoba, durante a primeira rodada da fase de grupos da Libertadores. Um vídeo, compartilhado na internet pelo jornalista Gabriel Sá, mostrava o homem, situado na seção destinada à torcida do Talleres, imitando gestos relacionados a macacos.

Este episódio se insere em um contexto preocupante de racismo nos jogos de clubes brasileiros na América do Sul. Recentemente, o atacante Luighi, do sub-20 do Palmeiras, foi alvo de ofensas racistas durante a partida em que seu time venceu o Cerro Porteño. O jovem atleta ficou emocionalmente abalado e desabafou sobre o ocorrido, e o clube paraguaio acabou multado em 50 mil dólares, além de ser obrigado a jogar o restante do torneio sem a presença de torcedores. Essa punição foi considerada leve e insuficiente por parte do Palmeiras.

A Conmebol, entidade que rege o futebol sul-americano, anunciou a abertura de um procedimento disciplinar para investigar o caso do episódio racista no estádio Mario Alberto Kempes. O Talleres poderá enfrentar penalidades, incluindo multas, conforme estipulado no artigo 17 do Código Disciplinar da entidade. A história recente de racismo no futebol sinaliza a necessidade de ações mais rigorosas contra esse tipo de violência.

Na semana anterior, a Conmebol criou uma força-tarefa para enfrentar a discriminação e a violência no futebol da região. Sob a liderança do ex-atacante brasileiro Ronaldo Nazário, da ex-secretária-geral da FIFA, Fatma Samoura, e do presidente da FIFPro, Sergio Marchi, a equipe incluirá também outros ícones do futebol sul-americano e especialistas em direito. A Conmebol se comprometeu a formar políticas eficazes e implementar mecanismos que ajudem a erradicar o racismo e a violência nos estádios.