A última sexta-feira marcou um recomeço na carreira do lateral-esquerdo Júnior Tavares, ex- São Paulo , Ponte Preta , Sport e Náutico , entre outros clubes. Ao entrar em campo para estrear pelo Omonia Aradippou, do Chipre, ele voltou a atuar oficialmente depois de se recuperar de um tumor no cérebro. Júnior estava sem jogar desde 23 de junho de 2023, quando ainda defendia a Ponte e começou a sentir os primeiros sintomas, como a visão escurecida. Desde então, o jogador Júnior Tavares saiu de cena, e Carlos Eugênio começou a travar uma batalha pela vida. O tratamento, com cirurgia e também radioterapia, surtiu resultado, e Tavares recebeu alta em março , ficando liberado para voltar a jogar. Com 28 anos, ele está desde julho no Chipre (foi anunciado durante o mês de agosto) , já tinha participado de alguns amistosos, e na sexta entrou no fim do segundo tempo do empate por 0 a 0 com o Anorthosis, pela primeira rodada do campeonato nacional.
"É uma bênção ver esse guri em campo de campo. Eu nunca duvidei, nunca deixei de acreditar. Quando ele fez o primeiro jogo, chorou muito, fizemos uma chamada de vídeo, e ele falava: 'mãe, eu não estou acreditando, eu voltei'. Eu falei para ele que Deus deu uma nova chance. Ele tem um potencial enorme. Ele não acreditou, ficou muito emocionado de pisar novamente em um gramado. Daqui para a frente é só futebol, futebol, futebol - comentou a mãe de Júnior, Simone Tavares, em contato com a reportagem do ge. Simone também conta que Júnior Tavares está sem a família por lá, mas que tem sido monitorado pela equipe médica responsável pelo tratamento e que já tem data marcada para reencontrar o filho.
Eu mantenho contato diário com as doutoras daqui. Elas querem sempre saber como está o Júnior, acompanham de perto os passos dele. Em novembro vou embarcar para passar o Natal e o Ano Novo lá com ele, fazer as comidinhas que ele gosta, o arroz de leite (arroz doce), que é a sobremesa preferida dele. Ele diz que está sentindo falta do arroz de leite.
Antes da estreia no Chipre, Júnior Tavares tinha entrado em campo pela última vez em 23 de junho de 2023. Na época ainda era jogador da Ponte Preta e atuou por 25 minutos contra o Atlético-GO, pela 13ª rodada da Série B.
"Eu já estava tomando remédios na concentração porque sentia muita dor de cabeça. Então pedi um relaxante e fui para o jogo", lembrou Tavares, em entrevista ao ge e à EPTV, afiliada da Rede Globo, em abril.
"Eu lembro que o Artur (hoje no Água Santa) estava jogando como terceiro zagueiro. Eu pedi para ele aproximar porque não estava conseguindo enxergá-lo e ele virou para mim e disse 'estou do seu lado, cara. Você tem que falar com o nosso médico'. Foi quando Tavares decidiu conversar com os médicos da Ponte Preta pela primeira vez. Ele relatou a frequência das dores na região da cabeça e foi encaminhado para uma bateria de exames.
A gente passou por dois exames e não constatou nada. Então eu segui treinando e jogando, mas quando passava 10 minutos de atividade física minha cabeça parecia que iria explodir a qualquer momento. Depois de um treinamento em Campinas, o lateral-esquerdo voltou a se queixar de dores e foi encaminhado para um especialista.
"Ele fez exames de pronto socorro de tomografia e muitas vezes eles não são adequados porque não detectar um diagnóstico completo. No caso do Júnior não teve um resultado significativo durante o tratamento, mas pode comprometer em outras situações. O mais importante é ficar atento na frequência das dores", explica Juliana Zuiani.
Júnior Tavares se afastou dos gramados para investigar as causas de frequentes dores de cabeça e também da visão às vezes escurecida. Ele passou por cirurgia em 21 de setembro de 2023.
"O tumor do Júnior foi em uma região que a gente precisava tomar muito cuidado por conta da questão visual. Estava próximo das fibras da função ótica e por isso que eles sentiu muitos sintomas na vista", conta a neurocirurgiã.
"A cirurgia demorou cerca de três horas porque estava bem grande. Foi um sucesso, tanto que o Júnior saiu da cirurgia com o tumor ressecado e sem nenhuma sequela. Quatro semanas depois da cirurgia, Júnior Tavares foi liberado para retomar atividades físicas de forma moderada e começou um tratamento de radioterapia complementar. A gente precisava da complementação e iniciamos o advence radioterapia que tem a intenção de esterilizar para que a doença não retorne mais ali", relata a radioncologista Joyce Gruenwaldt.
"No dia 30 de dezembro, antes do ano novo, meu cabelo começou a cair. Foi a primeira vez eu chorei de verdade. Eu estava bem, tinha voltado bem da cirurgia e dando risada porque sou um cara que astral pra cima, mas aquele dia eu fiquei muito abalado. A força para continuar e seguir em frente estava no apoio familiar. Ele se apegou ao filho Caio, de 10 anos, para não desistir e continuar acreditando na total recuperação. "Eu me vejo como um cara vencedor. Deus está me dando uma nova oportunidade. É muito difícil vencer essa doença que eu tive, mas nunca pensei nada negativo. Sempre acreditei muito, me apeguei aos meus familiares e hoje posso dizer que sou um vencedor depois de tudo que passei. Além de São Paulo, Ponte Preta, Sport e Náutico, Tavares defendeu a Sampdoria, na Itália, e o Portimonense, em Portugal.
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