Muito se falou nos últimos anos do grande tabu no Majestoso. O São Paulo não vencia, ano após ano, em Itaquera. O nome da casa corintiana até podia mudar de acordo com a Copa do Mundo ou com a venda de naming rights , mas o Tricolor conseguia no máximo empatar no território alvinegro. Esse tabu na atual Neo Química Arena, curiosamente, caiu logo no primeiro Majestoso após o Morumbi virar Morumbis. Foram 18 confrontos no moderno estádio do Corinthians até a histórica vitória são-paulina desta terça-feira, dia 30 de janeiro de 2024, por 2 a 1 : gols de Calleri e Luiz Gustavo, com Arthur Sousa descontando no final.
O que pouca gente lembra é que o tabu na verdade era muito maior do que se falava. Desde o dia 24 de março de 1935 o São Paulo não vencia em uma casa genuinamente corintiana. Nessa data, há quase 89 anos, o Tricolor bateu o seu maior rival no Parque São Jorge por 3 a 1 com gols de Araken, Friedenreich (último gol do "Tigre" pelo clube) e Vega, com Alberto descontando para o Timão.
Esse foi o último jogo do apelidado São Paulo da Floresta, que viria a fechar temporariamente seu departamento de futebol profissional. Isso significa dizer que os 2 a 1 de ontem em Itaquera foi a primeira vitória do Tricolor sobre seu maior rival em seus domínios após a refundação do clube, no dia 16 de dezembro de 1935. Alguns tricolores podem dizer que o São Paulo passou décadas sem vencer o maior rival como visitante porque esse "não tinha estádio", mas a história mostra vários Majestosos na "Fazendinha".
Entre 1936 e 1962, o São Paulo jogou 16 vezes contra o Corinthians no Parque São Jorge, e o retrospecto do Tricolor foi terrível, até pior do que vinha sendo em Itaquera. Foram 13 vitórias corintianas, uma delas por 5 a 1 no último duelo na "Fazendinha" em junho de 1962, e três empates, todos por 1 a 1. Se somarmos esses 16 duelos no Parque São Jorge a partir de 1936 com os 18 em Itaquera até este janeiro de 2024, eram 34 jogos de invencibilidade do Timão sobre o Tricolor atuando em seu território, com 24 vitórias e 10 empates (foram 78 gols corintianos nessas 34 partidas, contra só 44 tentos são-paulinos).
Essa vantagem é pouco maior do que a que vemos no retrospecto geral do Majestoso, que vê 21 vitórias a mais para o Corinthians (133 triunfos alvinegros contra 112 são-paulinos, além de 115 empates). O Pacaembu, chamado de "casa corintiana" por alguns mas que era um bem público, foi palco de muitos duelos entre os dois a partir de 1940, e quase sempre com maioria corintiana nas arquibancadas. Apesar disso, o confronto no estádio municipal é bastante equilibrado, com 51 vitórias corintianas e 50 são-paulinas (220 gols alvinegros contra 217 tricolores).
Talvez os dois voltem a se enfrentar em algum momento no Pacaembu quando forem concluídas as obras no estádio que acabou sendo privatizado. Também é bem equilibrado o duelo quando o palco é a casa palmeirense: no antigo Parque Antartica, foram duas vitórias para cada lado no Majestoso e dois empates, com vantagem são-paulina no saldo de gols apenas: 11 a 8.
O Tricolor fez, relativamente, poucos jogos contra o Corinthians realmente como mandante nos anos 30 e conseguiu levar a melhor nos seus espaços. Na chamada Chácara da Floresta, foram três vitórias tricolores (sendo uma delas por 6 a 1), três empates e um triunfo corintiano, com boa vantagem nos gols (20 a 11). Na Rua da Mooca, apenas um duelo: 2 a 1 para o São Paulo. O Morumbi, a mais famosa casa são-paulina, inaugurada em 1960, ainda é um local com supremacia histórica do Corinthians, mas isso tem mudado recentemente com o real mando tricolor.
Nas quatro últimas décadas do século 20 e em boa parte da primeira década deste século, o Morumbi era uma praça esportiva que recebia todas as torcidas nos clássicos sem ter efetivamente um mandante. O Corinthians jogou inúmeras vezes com mais torcida contra o São Paulo em seu estádio, inclusive em decisões. Isso ajuda a explicar um pouco a ainda boa vantagem corintiana no campo tricolor: hoje são 51 vitórias corintianas no Morumbi contra 45 do Tricolor.
Desde que o Corinthians passou a atuar efetivamente como visitante no Morumbi, começou a vencer bem menos no maior estádio paulistano. Tanto que o São Paulo já superou no ano passado o Corinthians em gols marcados em Majestosos no Morumbi (175 gols tricolores contra 174 alvinegros). Nos últimos 19 jogos entre os rivais na casa são-paulina nesta era de torcida única na capital paulista, são 11 vitórias dos donos da casa, seis empates e apenas dois triunfos corintianos (são números bem semelhantes aos do Majestoso em Itaquera, que completou agora 19 partidas, com 11 triunfos caseiros e apenas um do visitante).
Os mandos de campo em São Paulo têm sido algo bem sério nos últimos anos nos clássicos de uma forma geral. O tabu que caiu em Itaquera, no entanto, era o maior de todos. Começou no dia 21 de setembro de 2014 com Mano Menezes como técnico do Corinthians e acabou no ano em que o tabu completaria uma década com Mano Menezes de novo no banco alvinegro.
Thiago Carpini, aos 39 anos, já está na história do São Paulo e do Majestoso por conseguir um feito que nomes de muito mais peso, como Muricy Ramalho, Dorival Júnior, Rogério Ceni, Hernán Crespo e Fernando Diniz, não conseguiram em suas passagens pelo comando do Tricolor. Calleri também já está na história do clássico mais popular de São Paulo, afinal marcou seu sexto gol contra o Corinthians neste duelo em Itaquera que enterrou o tabu majestoso.
Lucas Moura, que era chamado de Marcelinho quando estava na base do Corinthians, atuou na partida histórica em Itaquera, algo bem simbólico. Luiz Gustavo, o veterano volante que voltou agora ao futebol brasileiro, também não será esquecido por ter feito de cabeça o segundo e último gol são-paulino contra Cássio neste 30 de janeiro de 2024. Wellington Rato, autor do golaço mais bonito do São Paulo em 2023, aquela patada no ângulo de Cássio pela Copa do Brasil, voltou a causar dano no Corinthians, dando a assistência para o gol inaugural de Calleri.
Como um "consolo" para os alvinegros, um belo gol de Arthur Sousa, jovem que anotou pela primeira vez como profissional (havia sido campeão da Copinha mostrando estrela). Eis alguns dos principais personagens de um dos Majestosos que mais serão lembrados daqui a 89 anos. Os rivais ainda vão se encontrar duas vezes neste ano pelo Campeonato Brasileiro (um jogo certamente será realizado em Itaquera) e talvez se cruzem outra vez pelo próprio Paulista ou de novo pela Copa do Brasil, mas os duelos em Itaquera terão agora um novo sabor, uma nova cor, uma nova história.
O tabu mais majestoso da história acabou!
Próximos jogos do Corinthians:
Novorizontino (C) - 04/02, 11h (de Brasília) - Paulistão
Santos (F) - 07/02, 19h30 (de Brasília) - Paulistão
Portuguesa (C) - 11/02, 16h (de Brasília) - Paulistão
Próximos jogos do São Paulo:
Palmeiras (N) - 04/02, 16h (de Brasília) - Supercopa do Brasil
Água Santa (C) - 07/02, 21h30 (de Brasília) - Campeonato Paulista
Ponte Preta (F) - 10/02, 18h (de Brasília) - Campeonato Paulista
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