Ao emitir nota na noite da última sexta (3) informando que pediu afastamento temporário de suas atividades no São Paulo, Pedrinho tirou o clube de uma "sinuca de bico".
A diretoria se via num dilema. Se afastasse o atacante correria o risco de sofrer um contra-ataque jurídico dele. Principalmente no caso de uma eventual absolvição em relação à acusação de agressão feita por sua ex-namorada, Amanda Nunes.
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Por outro lado, deixá-lo no time representaria a certeza de desgaste na imagem da instituição e de seus dirigentes.
A sexta-feira começou com o caminho aberto para o atacante ser relacionado para o jogo deste domingo, contra o Botafogo.
Rogério Ceni não havia feito nenhum movimento para não incluir o atleta entre os relacionados para a partida. O atacante treinou normalmente na quinta e na sexta. Os colegas de Pedrinho não mostraram desconforto com a presença dele.
A informação de que a ex-namorada do jogador registrou Boletim de Ocorrência contra ele havia sido divulgada pelo portal "ge" na quarta.
A continuidade do trabalho de Pedrinho fora assegurada por nota oficial divulgada pelo clube. Nela, o São Paulo afirmou que aguardaria e acompanharia "com máxima atenção a apuração da polícia e dos demais órgãos competentes". A agremiação também declarou que "jamais compactuará ou aceitará qualquer tipo de agressão contra a mulher e, com o caso devidamente apurado, tomará todas as medidas cabíveis".
A manifestação seguiu a linha sugerida pelo departamento jurídico tricolor para que fossem buscadas mais informações sobre o ocorrido antes de uma medida radical ser tomada. A ideia era evitar os riscos de uma retaliação jurídica por parte de Pedrinho.
Só que a nota gerou críticas feitas por torcedores nas redes sociais e por comentaristas. O São Paulo passou a ser acusado de tolerância em relação a agressões contra mulheres.
Mas o clube se apoiava no entendimento de sua área jurídica de que a acusação não poderia ser tratada como uma condenação. Era necessário esperar pela apuração dos fatos.
No entanto, a pressão externa pelo afastamento de Pedrinho aumentava rapidamente, especialmente por parte da torcida.
A cada minuto ficava evidente o desgaste a ser enfrentado pelo São Paulo e por seu presidente, Julio Casares, no caso da manutenção de Pedrinho.
Em meio à situação crítica, as conversas da direção com o jogador e seu estafe se intensificaram. Até que à noite o goleiro publicou nota no Instagram afirmando que pediu afastamento temporário.
"Em respeito ao São Paulo Futebol Clube e aos milhões de torcedores e torcedoras, gostaria de informar que, na tarde desta sexta-feira, alinhado com a diretoria do clube, pedi o meu afastamento temporário das atividades. Tomei essa decisão para priorizar e colaborar, de forma exclusiva, com o trabalho das autoridades para esclarecer, o mais rápido possível, todas as acusações registradas ao meu respeito para que em breve possa retomar a minha carreira. Aproveito para agradecer à minha família e à minha empresária, Roberta, que estão me apoiando de maneira incondicional", disse o jogador em nota divulgada no Instagram.
Estava resolvido o problema da diretoria. Não seria necessário administrar o desgaste de manter no time um acusado de agredir uma mulher. Ao mesmo tempo, o atleta assumiu publicamente o desejo de se afastar. Em tese, isso diminui drasticamente o risco de ele se voltar contra o São Paulo na Justiça. Porém, chama atenção na nota Pedrinho ressaltar que agiu de maneira alinhada com a diretoria. Ou seja, não foi apenas um estalo do jogador.
Violência doméstica - denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 180 e denuncie. Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares. É possível realizar denúncias pelo número 180 — a Central de Atendimento à Mulher, que funciona em todo o país e no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita. O serviço recebe denúncias, dá orientação de especialistas e faz encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. O contato também pode ser feito pelo WhatsApp no número (61) 99656-5008.
A denúncia também pode ser feita pelo Disque 100, que apura violações aos direitos humanos. Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e a página da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH) do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses. Caso esteja se sentindo em risco, a vítima pode solicitar uma medida protetiva de urgência.
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