Imagem: Ricardo Moreira/Getty Images
Autor do gol decisivo nas cobranças de pênaltis que colocou o São Paulo na final da Copa Sul-Americana, Giuliano Galoppo parece, enfim, estar confortável com a camisa do time brasileiro. Ao lado de Calleri, o meia agora tem a possibilidade de fazer o São Paulo voltar a ser campeão continental, e também retomar uma parte de sua história.
"[Um momento] muito importante para mim, eu vim para ser campeão. Tenho muita confiança na equipe, na instituição. O São Paulo merece coisas grandes e vamos lutar por isso", afirmou Galoppo, após a vitória sobre o Atlético-GO, nos pênaltis, que classificou o Tricolor para a final da Sul-Americana. Agora o São Paulo vai enfrentar o Independiente del Valle, do Equador, dia 1º de outubro.
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Se Calleri não precisou de período de adaptação quando chegou ao São Paulo, com Galoppo a situação foi diferente. Por ter sido contratado no meio da temporada, foi sendo escalado aos poucos por Rogério Ceni. O técnico inclusive citou que Galoppo ainda precisava compreender melhor o que o treinador queria dele em campo. Nos últimos dois jogos, atuou mais. Contra o Atlético-GO, foi a campo para dar ao time mais força ofensiva. Não conseguiu resolver no tempo normal, mas foi decisivo nos pênaltis.
"Ele tinha me colocado para bater o sexto pênalti. Eu falei que eu sentia confiança para bater, e logo depois ele veio e me falou que eu bateria o quinto. Agradecer a ele, que confiou em mim, e graças a Deus eu pude retribuir essa confiança", revelou Galoppo.
História argentina
O São Paulo é mais conhecido por ter uma relação de paixão com os jogadores do Uruguai. Pablo Forlán, Pedro Rocha, Darío Pereyra e Diego Lugano, todos eles marcaram seus nomes na história tricolor, pela entrega e pelos títulos conquistados.
Só que os primeiros ídolos sul-americanos que o São Paulo teve vieram da Argentina. Talvez o maior dos argentinos a jogar pelo Tricolor, Antônio Sastre chegou ao país em 1943. Apelidado de "deSastre", por causa da idade (32 anos), ele foi o maestro da equipe que ficou conhecida como "Rolo Compressor". Virou ídolo e ficou no clube até 1946. Jogou 129 partidas e marcou 56 gols. Foi tricampeão paulista em 1943, 1945 e 1946.
O título de 1946, aliás, tem um protagonista improvável. Em 10 de novembro, Palmeiras e São Paulo entraram no gramado do Pacaembu e protagonizaram o Choque-Rei que poderia dar ao Tricolor o título de maneira antecipada. Se houvesse empate, São Paulo e Corinthians, o segundo colocado, fariam uma partida extra para definir quem seria campeão.
No início do segundo tempo, o ponta são-paulino Luizinho acertou o goleiro Oberdan e o caos se instalou. Após a confusão, o árbitro expulsou dois de cada lado: Luizinho e Remo, pelo São Paulo, Og e Villadoniga, pelo Palmeiras. Só que o zagueiro argentino Armando Renganeschi, acertado durante a briga, ficou sem condições de jogo.
Como não havia substituições à época, Renganeschi foi deslocado para a ponta-esquerda, enquanto o São Paulo se segurava na defesa. Em um dos raros ataques, Bauer avançou pela direita e alçou a bola na área. O histórico arqueiro alviverde Oberdan Catani foi traído pelo cruzamento. Após a bola bater no travessão, Renganeschi apareceu e empurrou a bola para as redes, fazendo o gol que rendeu ao Tricolor o título de maneira invicta.
Nos anos 50, um artilheiro improvável e um goleiro histórico
A relação do São Paulo não parou por aí. No fim dos anos 40, o São Paulo foi até a cidade de Rosário, na Argentina, buscar um goleiro que, sem que os dirigentes imaginassem, entraria para o rol de ídolos do clube.
José Poy não só defendeu o gol tricolor até 1962, como depois de parar de jogar, ajudou o clube a financiar a construção do Morumbi. Ele usava a idolatria para convencer torcedores a investir na compra de cadeiras cativas. Também foi treinador, chegou a ser técnico de Muricy Ramalho, que classifica Poy como "linha dura", a ponto de não gostar que os jogadores usassem cabelo comprido nos anos 70. Comandou a conquista do Paulista de 1975, a única em que Poy conseguiu à frente do time.
O título do Paulista de 1953 contou com Poy no gol, além de Negri, Moreno e Albella. O último foi quem mais se destacou. Curiosamente, Albella veio do Banfield-ARG para o São Paulo, mesmo caminho que trouxe Galoppo para o Tricolor.
Depois de ter jogadores como Amelli, Cañete, Clemente Rodríguez, Buffarini, entre outros, o São Paulo teve uma campanha que o levou à semifinal da Libertadores de 2016 com Edgardo Bauza no banco e Calleri — em sua primeira passagem —, no ataque.
No ano passado, foi o argentino Hernán Crespo o responsável por comandar o time que foi campeão paulista. Durante o tempo em que treinou o São Paulo, ainda contou com Benítez e Rigoni no elenco, além dos integrantes da comissão técnica.
Final na Argentina motiva hermanos
Além Galoppo e Calleri, o Tricolor tem mais um argentino no plantel. Nahuel Bustos é nascido e criado em Córdoba, cidade da decisão da Sul-Americana. Foi revelado pelo Talleres, de Córdoba. Embora não seja ainda uma opção recorrente para Ceni, é mais um argentino para ajudar o São Paulo a ter mais apoio na final diante do Del Valle.
"Vamos para Córdoba, meu país, uma final em um campo bonito. Um adversário bem difícil como é o Independiente del Valle. E estou muito, muito feliz pelo momento do time. Hoje [quinta-feira] era uma partida que se a gente perde, a torcida ia xingar todo mundo. E com razão. Foi mais uma demonstração de vontade, de força, de que o São Paulo vai voltar a ganhar títulos novamente. E esperamos que comece com a gente a ressurreição deste grande", projetou Calleri.
Já Galoppo acredita que os argentinos de Córdoba torcerão pelo time brasileiro. "Já joguei neste estádio, já fiz um gol, e espero que o São Paulo seja maioria em Córdoba. Acredito que muitos torcedores do São Paulo vão. Aí teremos as nossas famílias lá também. Vamos jogar como mandante lá e esperamos trazer o título", finalizou o meia.
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