A previsão otimista dos cartolas para reabrir os portões é em meados de setembro, para o segundo turno do Brasileirão portanto. Mas tudo vai depender da vacinação da população: se antes de setembro boa parte dos brasileiros já estiver imunizado, pode até haver uma antecipação no projeto. Para isso, porém, CBF e clubes acham importante criar o protocolo e definir se haverá restrição de acesso num primeiro momento.
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Um documento sobre o retorno do público a ser divulgado nas próximas semanas tem que responder importantes perguntas, na avaliação dos interessados:
1) Num primeiro momento é mais seguro liberar acesso aos estádios apenas de pessoas vacinadas? É possível criar uma logística para isso? Alguns países, como os EUA, estão criando aplicativos que identifiquem pessoas vacinadas para entrada em arenas esportivas. Ou é mais viável liberar o acesso "apenas" a pessoas com teste PCR para covid-19 negativo?
2) Qual a capacidade de assentos a ser liberada que dê segurança aos torcedores, já que não se imagina que nos próximos meses, mesmo que a vacinação ganhe velocidade, haverá afrouxamento das regras de isolamento social?
A CBF usa como modelo o Mundial de Clubes da Fifa, disputado no Qatar em fevereiro e que teve acesso de público. São torneios com características diferentes, já que um é de tiro curto, de apenas dez dias em sede única, e o Brasileirão dura meses em um país de tamanho continental como o Brasil. Mas a lições a se tirar:
- a Fifa liberou 50% da capacidade dos estádios, apenas a residentes no Qatar. Inicialmente iria liberar 30%, mas a alguns dias do torneio começar aumentou essa capacidade de assentos justamente porque boa parte da população recebeu a vacina.
- Era exigido um teste PCR negativo feito até 72 horas antes do jogo, mas se o torcedor já tivesse as duas doses de vacina havia a liberação para acompanhar as partidas.
A CBF quer que além de médicos, participem do debate membros do Ministério Público. Entidade e clubes querem ter o aval de promotores para o projeto, já que em alguns estados é o MP que tem recomendado aos governos que o futebol pare por causa da pandemia. A ideia inicial é que se libere 30% da capacidade dos estádios e depois aumente gradualmente — ninguém acredita que passe dos 50% em 2021.
Abrir os portões é importante para minimizar o prejuízo dos clubes, que se repetirá em 2021. Em 2020, por exemplo, o Flamengo deixou de ganhar cerca de R$ 100 milhões sem receber torcedores no Maracanã. O Palmeiras teve queda na receita de aproximadamente R$ 75 milhões com os portões do Allianz Parque fechados.
A CBF quer cautela no assunto, por isso, foi contra o plano do governo do Distrito Federal de liberar 10% da capacidade do estádio Mané Garrincha — cerca de 7 mil pessoas — na Supercopa entre Flamengo e Palmeiras, em 11 de abril. Intenção era autorizar a entrada apenas de profissionais da saúde já vacinados, como convidados. A CBF avaliou que a repercussão seria negativa e atrapalharia o plano de criar um protocolo para volta gradual do público a partir de setembro.
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