Os atritos por ingressos entre as diretorias de São Paulo e Corinthians esquentaram os bastidores dos dois clubes antes do clássico deste domingo, no Morumbi. No entanto, alheios à disputa entre as cúpulas, os treinadores dos dois times fizeram questão de mostrar uma boa relação, que esfriou a briga entre os dirigentes.



O são-paulino Muricy Ramalho e o corintiano Mano Menezes se conheceram há alguns anos em Porto Alegre e trouxeram a amizade para a capital paulista, onde trabalham em dois dos principais clubes do país. O técnico tricampeão brasileiro recorda das conversas que costumava ter com o amigo.



"Lá no Sul parece que os técnicos de Grêmio e Inter não podem nem se olhar. O problema é que eles deram um azar danado. Eu e o Mano morávamos no mesmo lugar e havia um restaurante na parte de cima do prédio, onde não deixávamos ninguém entrar", lembrou Muricy, que comandava o Internacional naquela época.



O são-paulino, inclusive, revela que o futebol não era o único assunto nas conversas que tinham no restaurante do flat em que moravam em Porto Alegre. "Já o conheço há algum tempo e é sempre bom conversar com pessoas inteligentes, não só sobre futebol, mas sobre a vida. Ele é gaúcho e eu tinha curiosidade de saber mais coisas sobre lá, sempre era bom quando nos encontrávamos, tomávamos um bom vinho. Além de bom treinador, ele tem um grande caráter", afirmou.



Mano Menezes, por sua vez, lembra que a queda do Grêmio à Série B do Brasileiro evitou o encontro entre ambos nos gramados do Rio Grande do Sul. "Não nos enfrentamos diretamente lá. Ele estava na primeira divisão. Eu, na segunda. Mas é muito bom ser colega dele. Respeito muito o Muricy".



Na época, em 2005, Mano assumiu o Tricolor gaúcho apenas dois dias antes da estreia na Segundona, enquanto Muricy disputava a Série A com o Colorado. Ou seja, os treinadores passaram o segundo semestre como amigos, mas sem se enfrentar em campo. Ao término daquela temporada, Muricy deixou o Sul para acertar com o São Paulo.



Os dois técnicos mostram também respeito mútuo pelo trabalho um do outro. Mano demonstra ser admirador da trajetória percorrida pelo amigo nos últimos anos. "Ele se tornou um técnico vencedor com muito trabalho e dedicação. Tem uma trajetória que engrandece muito a nossa profissão. É um grande prazer ser colega dele e poder enfrentá-lo. Suas equipes são duras de serem batidas. De um modo geral, os times têm dificuldades de marcar gols no São Paulo".



Por outro lado, Muricy também faz questão de elogiar a capacidade do amigo. "O Mano vem de uma nova safra de treinadores, que estudam e trabalham muito. Hoje, se o técnico quer ganhar destaque, tem que fazer isso mesmo, trabalhando duro e sendo consistente. O Mano vem fazendo bons trabalhos, é um treinador muito bom", finalizou.