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entrevista completa com luis fabiano

GLOBOESPORTE.COM: Você foi contratado no dia 11 de março, apresentado 18 dias depois e até agora não estreou. O que passa pela sua cabeça após quase seis meses?

Luis Fabiano: Não é fácil. Eu não esperava. A festa na minha apresentação foi um momento histórico, nunca tinha visto nada parecido no Brasil. Daí para frente, não esperava passar por tantas dificuldades. Mas acho que são coisas pelas quais eu tinha de passar. Na minha carreira, nunca havia ficado mais que dois meses machucado. Agora é ter paciência. Não existe momento certo para machucar. Mas pelo menos tudo isso está ocorrendo no clube que sempre sonhei voltar e isso, sem dúvida, me dá mais motivação para superar tudo que está acontecendo. Estar no São Paulo é o que faz trabalhar ainda mais.

reporte:Como está sendo lidar com todo esse processo?

luis fabiano:Esperava jogar contra o Avaí (dia 4 de maio, pela Copa do Brasil). Em dois dias, fui da alegria de treinar e ser convocado (pelo técnico do São Paulo) para a tristeza de saber que não jogaria por causa da fibrose e que teria de operar. Aí, você para, pensa e busca forças na família e nos amigos. Todo esse período fora tem me ensinado muitas coisas. Está servindo para eu crescer. Tem sido uma lição de vida.

reporte:Fale sobre a sua rotina de tratamento...

luis fabiano:Machucar é difícil por isso. Você precisa ter muita cabeça para enfrentar tudo o que os fisioterapeutas pedem para a gente fazer. São muitos exercícios e pior, é muita repetição. Para piorar, é tudo dentro de um ambiente fechado, onde todo jogador odeia ficar. E você não tem folga. É sábado, domingo... Teve dia em que cheguei aqui às oito horas da manhã e fui embora às seis, sete da noite.

reporte: Você se assustou com tudo que aconteceu?

luis fabiano:Assustar, não assustou. Mas não esperava. Sinceramente, como todos, achava que, tirando a fibrose, tudo estaria resolvido. É claro que, após uma cirurgia, teria de fazer fortalecimento, mas não esperava outro problema (falta de cicatrização). A cicatriz é grande porque a fibrose era grande. Além do que, na segunda operação, foi preciso tirar um músculo, juntar outros dois e costurar. Eu sei de tudo que aconteceu, os médicos me explicaram.

reporte:Na sua outra passagem pelo São Paulo, você marcava muitos gols, mas tinha um gênio explosivo e até causou alguns incidentes. Como está fazendo para se controlar agora diante de tantas adversidades?

luis fabiano:Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Os erros que cometi naquela passagem foram dentro de campo. Fora, sou completamente diferente. Em 2003, tinha 21 anos, não pensava em nada antes de fazer. Agora já rodei bastante, sou pai e você aprende. Passa a pensar antes de fazer. O momento agora é completamente diferente.

reporte:Em algum momento perdeu a cabeça?

luis fabiano:Posso te dizer que em vários momentos fiquei bravo, mal-humorado, reclamei muito. Mas durava um minuto (risos). Essa rotina é desgastante, mas é necessária, eu preciso passar por isso para voltar. Nos momentos em que ficava deprimido, várias pessoas apareciam para me dar força e superar.

reporte:Em todo esse período como tem sido o contato com os demais jogadores?

luis fabiano:Posso dizer que, desde o meu primeiro dia aqui, fui muito bem recebido por todos. Eles passam pelo Reffis, cumprimentam, brincam. Isso é importante, dá muita força. Até porque também existe a expectativa deles de quando poderei estar em campo para trabalhar no dia a dia e ajudá-los em campo.

reporte:Como está sendo viver como torcedor?

luis fabiano:Não é fácil. É um sofrimento constante ficar fora, ainda mais eu sou que sou um cara que tinha de estar lá dentro para ajudar. Quando perde, sou como o torcedor, fico p.. da vida, frustrado.

reporte:Recentemente, o presidente do Corinthians, Andrés Sanches, disse que o Adriano (atacante que também se recupera de lesão) voltará antes que você? Como encara isso?

luis fabiano:Eu não ouvi da boca dele, mas escutei os comentários. Se isso vai acontecer, só Deus sabe. É a opinião dele.

reporte:Durante os incidentes enfrentados durante a recuperação, certamente você deve ter escutado comentários de pessoas que questionaram o seu estado físico, dizendo que você teria vindo bichado para o São Paulo.

luis fabiano:Eu tenho certeza de que vou voltar a jogar. Não vim bichado e muita gente vai engolir o que falou. É lamentável alguém dizer isso porque não estão falando só de um jogador e sim, de um ser humano. Joguei três anos sem férias por causa da Seleção Brasileira, o Sevilla (ESP) não queria me vender porque acreditava que eu voltaria antes do fim da temporada passada, em maio. O que aconteceu pode acontecer com qualquer um no futebol. Mas não adianta ficar falando, na hora certa eu vou dar a resposta em campo.

reporte:Quando você volta?

luis fabiano:Eu só posso dizer que está perto. Essa é a confiança que tenho. Eu pergunto todos os dias para os fisioterapeutas quando vou voltar. Por mim, já estaria no campo, afinal não sou médico e não tenho mais dor. Mas sei que preciso fazer fortalecimento e equilibrar a musculatura. Ninguém mais quer que esse dia chegue do que eu.

reporte:A sua volta está próxima, isso é fato. E claro, surge a pergunta: quem vai sair do time?

luis fabiano:isso é com o treinador. Mas eu não quero jogar por nome, quero jogar porque tenho condições. Estou aqui para tentar fazer o meu melhor e mostrar que posso estar em campo. E, se for preciso, estou disposto a lutar pelo meu lugar. Aqui é um grupo e o São Paulo precisa de todos

reporte:Quais são os seus planos no São Paulo?

luis fabiano:É claro que o primeiro é jogar e isso estou bem perto. Depois, quero brigar pelo Campeonato Brasileiro, o que vai nos levar para a Libertadores no ano que vem, que é um grande objetivo que tenho. É por isso que voltei e é por isso que luto todos os dias. O que o torcedor fez na minha festa foi especial, não esperava nem a recepção que aconteceu no aeroporto. Com tudo isso, sei que a minha responsabilidade aumenta. Todos querem ver o Luis Fabiano do passado. Hoje, sou outro jogador, mas estou pronto para ajudar.

reporte:Hoje você é o 12º maior artilheiro da história do São Paulo, com 118 gols (em 160 jogos). Para alcançar o Serginho Chulapa, que é o primeiro e tem 242, faltam 124. Acha isso possível?

luis fabiano:É uma meta complicada, mas é possível. Em três anos e pouco, terei de marcar mais ou menos 40 gols por temporada. No meu melhor ano no São Paulo, fiz 45. Não é fácil, mas é algo motivante. Pelo carinho que tenho pelo clube, seria legal marcar o nome na história por títulos e por ser o maior artilheiro da história. E acho que, se isso ocorrer, ninguém vai me alcançar. Até porque, quem surge hoje e destaca, logo vai para a Europa. Ficaria para o resto da vida.

reporte:Para fechar, deixe uma mensagem para o torcedor são-paulino.

luis fabiano:Quero agradecer o apoio que estou recebendo desde que cheguei. Onde vou, só escuto palavras de incentivo. Estou lutando muito para voltar e logo logo o Luis Fabiano estará de volta para dar muitas alegrias ao torcedor do São Paulo.

globo esporte.com



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