"As pessoas que diziam que eu estava bichado, que não iria jogar, me chatearam um pouco. Mas, em um segundo momento, deram força para mostrar que não estou [bichado], que foi um azar muito grande. Agora, muitos que me criticaram vão vir conversar comigo e vou conversar na boa. Não sou rancoroso. A melhor resposta vai ser lá dentro, jogando", prometeu.
Palavras que são uma demonstração de força a quem admite ter sofrido bastante. Desde a alegria da apresentação diante de 45 mil pessoas no Morumbi em 29 de março até o início desta semana, quando sua escalação no domingo foi confirmada, o camisa 9 do Tricolor confessa ter se deprimido.
"Chorei dia sim, dia não. Machucado, você fica meio depressivo. Às vezes, assistindo à televisão ou vendo minha filha falar que me amava, eu começava a chorar. Chorei muito porque queria ajudar e não podia. Vinha aos jogos e a tristeza era muito grande por não ter condições de jogar", recordou, em relato emocionado. "É duro passar sete meses, ser recebido como fui, quase estrear duas vezes, operar duas vezes... Não é fácil, não."
Em todo este tempo, o maior choque veio em 4 de maio. Naquele dia, o Tricolor enfrentou o Avaí pela Copa do Brasil à noite. De manhã, Luis Fabiano havia sido reprovado em seu segundo teste para saber se estrearia. Foi quando optou por deixar de lado o tratamento conservador iniciado quando ainda pertencia ao Sevilla, da Espanha, para retirar o tendão na coxa direita que o impedia de jogar.
"Foi o momento mais triste. Eu estava com esperança de estrear, mas nem consegui terminar o teste de tanta dor que sentia. Ali, vi que teria de tomar a decisão de operar", contou, falando com ar de tristeza das sessões de testes físicos longe dos campos. "Tive algumas dúvidas, às vezes pensava que não conseguiria mais voltar em alto nível porque o tempo passava e eu não conseguia voltar a treinar novamente. Mas nunca desanimei. Por isso estou aqui. Se eu tivesse desanimado, ia largar tudo e não ia querer saber de nada."
No final de julho, quando veio um novo baque com a necessidade de uma cirurgia plástica para corrigir a cicatrização do corte da primeira operação, Luis Fabiano já estava mais confiante. Sensação que deve ao apoio da família, à lembrança de seu falecido avô, que considera ser seu principal fã, e aos funcionários do Reffis. Em especial, o fisioterapeuta que foi até à Espanha para acelerar seu tratamento.
"Muita gente me deu força para que esse momento chegasse. Agradeço a todos do Reffis, de coração, mas tem uma pessoa que era praticamente a minha babá: o fisioterapeuta Sasaki. Desde o começo, ele estava em tudo quanto é lado comigo, me dava muita força e apoio, ia à minha casa trocar curativo, me ligava", falou Luis Fabiano, sem pensar duas vezes antes de colocar a semana que antecede sua estreia como o momento "mais espetacular" nesta passagem pelo São Paulo.
"A ansiedade está muito grande, sinceramente. Foram seis meses de muita luta, tristeza, problemas, incertezas. Eu nunca tinha passado por isso. Foi o momento mais duro da minha carreira. Mas está tudo superado. Conto as horas para que chegue logo domingo e eu volte a fazer o que mais gosto: jogar futebol", projetou, motivado.
