
Na Europa, Breno foi pouco aproveitado e chegou a ser emprestado ao Nuremberg, onde sofreu uma grave lesão no joelho. Com um período sem boas atuações, ele volta às manchetes em função da suspeita de ter incendiado a própria casa na Alemanha e a alegação de que sofreria de depressão, realidade que surpreende aqueles que conviveram com o zagueiro no São Paulo.
"O Breno nunca deu problemas, é gente boa pra caramba, acho que ele não seria louco de colocar fogo na própria casa", opina Milton Cruz, atual coordenador técnico do São Paulo. "Comigo quase aconteceu isso nos Estados Unidos, deixei um bife no fogo e fui atender o telefone. Estava falando com a minha família e quase pegou fogo", emenda, sorrindo.
Ex-superintendente de futebol e médico do São Paulo, Marco Aurélio Cunha aponta que o caso de Breno, se for confirmado o quadro de depressão, traz um alerta importante aos jovens. "É claro que é uma surpresa (o incêndio da casa), mas, para quem entende da realidade do futebol, não é surpresa (a depressão). O atleta vai ao exterior, em um país extraordinário, em uma sociedade mais reclusa, e aí assume responsabilidade familiar, com um casamento precoce. Então os jogadores precisam ter cuidado com a decisão de jogar em países como Ucrânia ou Rússia, por exemplo", afirma.
Ainda assim, Marco Aurélio Cunha acredita em uma reviravolta na vida profissional de Breno, mesmo após a polêmica e prisão preventiva na Alemanha. "Na vida, tudo é recuperável, todas as pessoas passam por momentos negativos, perda de emprego, distanciamento da família. Ele era um menino tímido quando estava aqui, mas só se toma conhecimento de certas situações quando a água bate você", diz.
Opinião profissional - Na visão do psicólogo João Ricardo Cozac, o caso de Breno provavelmente vinha se arrastando por um longo período. "Se efetivamente for comprovado que ele colocou fogo na casa e vinha com um comportamento estranho, você pode pensar que envolve a mudança de país, a dificuldade de adaptação cultural, da língua, a comida, e mesmo a característica da população alemã, que é mais fria no contato diário. Ele pode ter sentido falta do sangue latino, da convivência dos amigos. A pessoa sente que não tem para onde correr, pois precisa ficar lá pela questão do contrato", explica.
Dono de duas décadas de experiência na área, Cozac ressalta que o caso do gremista Mário Fernandes também deve ser analisado com extrema atenção, mesmo sem ter consequências tão graves em comparação a Breno. "É um comportamento que pode ser qualificado de moderado a grave. Quando acontece um desafio, a depressão diz a fragilidade do indivíduo, que fica com medo e acaba se retraindo", comentou o presidente da Associação Paulista de Psicologia do Esporte.