
por Thiago dos Reis
Você teve dúvidas de sua recuperação?
As vezes eu pensava que eu não conseguiria mais voltar ao alto nível porque o tempo estava passando e eu não conseguia voltar a treinar normalmente. Surgiram algumas dúvidas mas eu nunca desanimei e é por isso que eu estou aqui.
Você se sente em dívida com a torcida?
Não, de maneira nenhuma. Isso faz parte do trabalho do atleta. Infelizmente, desde quando eu cheguei a minha lesão em vez de melhorar só piorava, isso foi uma falta de sorte muito grande. Eu não estou em dívida, acho que todo mundo entende que foi falta de sorte, o atleta está sujeito a isso. Eu me dediquei pra voltar o quanto antes, e agora é esquecer o passado e pensar em daqui pra frente.
Como você se sente com essa mobilização pela sua volta, qual a importância disso pra você?
Eu tive muito apoio do torcedor quando eu saía na rua. Todo lugar que eu ia o torcedor mostrava sua expectativa pela minha volta, transmitia o apoio. Isso é importante, dá força.
No jogo 1000 do Rogério eu não queria entrar no campo, porque pra mim é uma frustração de entrar no campo e não poder ajudar os companheiros. Mas o Rogério me pediu e eu entrei, e foi uma loucura, o torcedor me apoiou e mostrou o seu incentivo, e ali foi uma força muito grande. Eu tenho que agradecer pelo apoio porque desde que cheguei não vi um torcedor bravo ou com dúvida sobre a minha volta.
Sobre a mobilização, isso é muito legal, todo jogador gosta de jogar com estádio cheio, isso é muito bonito por parte da torcida e anima muito. Mas a partir do momento em que a bola rolar, é uma final de campeonato, vamos fazer de tudo pra vencer e depois aí sim será uma festa.
Você acha que já está no Hall de ídolos do clube? O que forma um ídolo?
Olha, desde a minha primeira passagem no São Paulo, em todas as partidas eu realmente vesti a camisa do clube de verdade. Apesar de não ter ganho nenhum título pelo clube o torcedor realmente percebe quem realmente tá vestindo a camisa por amor e quem só tá no clube por jogar. Então o torcedor vê isso de verdade e é por isso que eu sou o que eu sou e me tornei um ídolo dos são paulinos, porque realmente eles veem todo esse amor que eu sinto pelo clube.
Luis, você é o 12º artilheiro da história do SPFC, você faz contas pra chegar ao Serginho?
Olha, hoje eu sou o 12º maior artilheiro mas minha prioridade não é ser artilheiro, é conquistar títulos. O jogador tem que conquistar títulos. Realmente minha função é fazer gols e isso ajuda....
Sua despedida foi numa derrota contra o Flamengo por 1 a 0. Agora sua re-estreia é novamente contra o Flamengo. Domingo é aniversário do Morumbi, 51 anos, mais uma festa?
É a chance da vingança (risos). Domingo é aniversário do Morumbi, quis o destino que eu voltasse justo no aniversário do estádio. E quanto ao jogo, 7 anos depois, vou re-encontrar o Flamengo e vou me vingar, pode ter certeza.
Como foi o Luis Fabiano torcedor na infância? Você era são paulino?
Sinceramente eu não era são paulino, eu torcia pela Ponte Preta, ia muito aos jogos, meu avô era ponte pretano e eu tinha muita vontade de jogar lá. E eu tive a felicidade de jogar lá, mas aí você quer coisas maiores. E aí tive a sorte de cair no São Paulo, e fui muito bem recebido, isso me fez muito bem e hoje posso dizer que sou 100% são paulino, não esquecendo a minha Ponte Preta, mas o meu carinho e amor pelo São Paulo é realmente enorme.
O Juninho Pernambucano voltou por 1 salário mínimo, você aceitaria?
Com certeza, eu estou disposto a tudo, pelo meu amor eu jogaria por um salário mínimo. O caso do Juninho é que ele tem muito (risos) e não precisa mais. Mas eu faria de tudo pra jogar pelo São Paulo sim.
Como foi esse mistério de quase estrear contra o Corinthians? E nesses 6 meses que ficou fora, você chorou?
Cara, eu chorei um dia sim e um dia não. Quando você está machucado parece que você fica depressivo. As vezes eu tava assistindo TV e começava a chorar, ou minha filha falava que me amava e eu começava a chorar. É difícil depois de operar duas vezes e quase estrear duas vezes é duro. Eu queria ajudar os companheiros e vinha nos jogos aqui e dava uma tristeza muito grande de não ter condições de jogar mas foi tudo superado, graças a Deus foi tudo superado e eu quero esquecer esses 6 meses e pensar daqui pra frente.
Quanto ao Corinthians, foi legal. Existia sim uma pequena possibilidade de eu jogar e foi legal esse vai ou não vai. Eu ia vir até trocado pro jogo pra vocês pensarem que eu ia jogar mas depois eu decidi que não, mas esse mistério foi bem legal.