Foi um match, como diria os antigos, porque a partida foi boa desde os primeiros instantes. Os dois times são de toque de bola e foi o que se viu. O Figueira dificilmente joga mal em casa e comprovou sendo melhor. O meio-campo parecia território inóspito para o São Paulo, que foi buscar jogo pelos flancos. E foi na esquerda que o zagueiro João Paulo fez falta desnecessária. Um prato cheio para Carlinhos Paraíba alçar e Cícero deitar de bruços para encher a rede.

O segundo tempo foi quente com a entrada do incendiário Somália na ofensiva alvinegra. Esquentou ainda mais quando João Paulo se redimiu e caiu em alegria com o toque pro gol. A torcida do Scarpelli fez festa pela festa que fez o Figueira dentro da área. O jovem e desfalcado São Paulo poderia se descontrolar com o resultado. Não ocorreu porque de uma ponta a outra tinha gente para botar a bola debaixo do braço e com um leve piscar de olhos e balançar de cabeça dizer “calma”, sem ter que abrir a boca. Rogério Ceni tranquilizava os meninos do trio de zaga. Rivaldo, que entrou no intervalo, chamou para si a responsabilidade.
Rivaldo achou um lugar no meio para jogar solto e uma brecha para aparecer livre na cara de Wilson. Sem afobação, fez um senhor gol. Com a frieza de quem sabe: ameaça, espera o goleiro ir e cruelmente cutuca para encobrir e botar seu time na frente. A partir daí o Figueirense foi todo sangue e suor. Ceni entrou em cena para salvar, garantir o placar e coordenar a garotada.
Ceni é inquestionável no gol e na palavra. Resta Adílson Batista se convencer que Rivaldo também o é. Um remédio para conter o fulgor juvenil que às vezes atrapalha o São Paulo. O Figueira sai derrotado, mas não deve se sentir como tal. Joga futebol de vencedor, mas no sábado pesou quem já ganhou muito mais – os senhores são-paulinos.
Lédio Carmona