"Bom resultado para o São Paulo", costuma dizer, ao menor indício de placar desfavorável ao "inimigo", seja lá qual for. Pois no fim de semana, esse fanático tricolor, nascido e criado nos morros da Casa Verde, teve motivos de sobra para atordoar colegas de redação com seu mantra particular. Os principais jogos da rodada favoreceram Rogério Ceni e súditos, vice-líderes (38 pontos) e de novo na briga pelo título da corrida mais maluca dos últimos anos.
O São Paulo fez sua parte, com os 2 a 1 no Figueirense no sábado à noite, enquanto Corinthians, Flamengo e Vasco deram tremenda força com as derrotas de ontem. E o Palmeiras? Ah, também deu mãozinha com 1 a 1 com o Cruzeiro, com o requinte de pênalti desperdiçado por Marcos Assunção em cima da hora. São-paulinos largaram gostosas gargalhadas dominicais e esqueceram um pouco os seguidos vacilos domésticos.
Vasco e Flamengo protagonizaram shows de erros, em Sete Lagoas e no Engenhão. Poucas vezes os dois cariocas tão vulneráveis, abatidos com facilidade já no primeiro tempo, contra rivais com a corda no pescoço (como o América-MG) ou com a água batendo no pescoço (caso do Bahia). Surrados sem dó, com direito a olé. Vejam só!
O Vasco desmoronou a partir do meio-campo, já que desta vez não funcionou a marcação dos cães de guarda Rômulo e Eduardo Costa, e a dupla de criação Juninho Pernambucano/Diego Souza emperrou, a ponto de ter sido substituída na etapa final. O ataque não apareceu e a defesa foi uma larga avenida, em que André Dias passeou para fazer dois gols, o primeiro e o último nos 4 a 1 (Marcos Rocha e Kempes completaram). Os vascaínos estão com crédito pela subida na Série A e se mantiveram a dois pontos do líder. Mas perder de forma feia como essa é para assustar.
Cícero, de cabeça, havia aberto o placar em Florianópolis para o São Paulo no final do primeiro tempo
Foto: Antonio Carlos Mafalda/Mafalda Press/Gazeta Press
E o Flamengo, então? Jogou com o Bahia como se estivesse ameaçado de rebaixamento e não de olho na liderança. Nos últimos seis jogos, a equipe de Vanderlei Luxemburgo empatou 3 e perdeu outras tantas. Sofreu 14 dos 27 gols que levou em toda a competição. Empenha-se a descer a ladeira - e o que é mais chato: com futebol insosso. Ronaldinho Gaúcho faz falta? Sem dúvida. Mas só a ausência dele não explica a queda. Thiago Neves anda aéreo e a defesa tem ficado exposta que dá dó. O pofexô e seus pupilos mereceram vaias. Os rubro-negros só não estão mais distantes da taça porque todo mundo se esforça para não deslanchar. Concorrentes leais.
Cavalheiro é o Corinthians. O líder nega-se a fazer os demais comerem pó, arrependido talvez do brilhante início de competição. A turma de Tite segue o roteiro de uma no cravo, outra na ferradura, um acerto aqui, uma topada ali. Desta vez o tropeço aconteceu em Curitiba, que o impediu de sair dos 40 pontos. Apresentação decepcionante, embora não desastrosa. Faltou constância ao time. Faltou a eficiência da vitória sobre o Grêmio no meio da semana.
O Corinthians criou, teve em Emerson seu melhor jogador, mas num determinado momento achou que o contragolpe seria a alternativa para vencer. Ficou na intenção, tomou o gol da derrota e, para aumentar o tormento, o goleiro Vanderlei fez boas defesas e Alex ainda mandou duas bolas na trave.
Na crônica de ontem, perguntei, num intertítulo, "E se?", ao levantar a hipótese de que o Corinthians pudesse falhar fora de casa. A resposta? Não mudou nada... O Corinthians não se comportou como protagonista. Fla e Vasco também não. Ficaram quites. Não é assim, adverte Marco Aurélio B.: "E os bons resultados para o São Paulo?" Verdade, quase esquecia. Como deixava de lado o Botafogo, de folga com o adiamento do clássico com o Santos. Tem 37 e está à espreita.
Willian José começou como titular, mas foi pouco notado em campo
Foto: Antonio Carlos Mafalda/Mafalda Press/Gazeta Press
Esfinge. Palmeiras e Cruzeiro fizeram uma pelada no Pacaembu, no 1.º tempo. No 2.º, o Palestra paulista encheu-se de coragem, foi à frente, abriu vantagem, cedeu empate e em cima da hora teve pênalti. O expert Marcos Assunção cobrou e o goleiro defendeu: 1 a 1, e o alviverde marca passo. Desisto de entender o Palmeiras.