A bola saiu do pé direito do goleiro para o ângulo. Algo único na vida de alguns poucos arqueiros, mas uma coisa que virou até corriqueira para o goleiro são-paulino.
Quando ele entrou em campo ontem na Arena Barueri, foi ovacionado como de costume. No aquecimento, deixou escapar uma bola, saudou a torcida que esperava com faixas pelo centésimo tento. Antes de ter sua chance, fez uma defesa difícil.
Quando Fernandinho sofreu falta na entrada da área, o estádio se levantou, grande parte dele certo de que a marca impensável até alguns anos fosse alcançada.
O Corinthians pôs todos seus atletas na defesa. Uma barreira numerosa, um goleiro jovem e talentoso do outro lado, um tabu de 4 anos e 11 jogos nas costas, outro de nunca ter feito gol de falta no tradicional adversário.
Foi tudo muito rápido, o chute, o voo de Júlio César e a bola estufando a rede.
Uma loucura raramente vista em um gol tomou conta da arena que não é a casa são-paulina. O centésimo gol não veio no Morumbi, mas ninguém poderia imaginar cenário melhor para o feito.
Rogério correu como louco, muito mais que nas outras 99 vezes, foi atacado por todos os companheiros, titulares, reservas, colegas.

Rogério Ceni corre para comemorar o gol centenário na Arena Barueri
O Corinthians, pronto para a saída de campo, assistiu durante quase cinco minutos a uma bateria enorme de fogos, uma pilha de jogadores tricolores e a corrida de fotógrafos e câmeras para cima do goleiro que mais fez gols na história do futebol.
O placar eletrônico, pouco antes da falta épica, parecia já se preparar. Tirou o parcial 1 a 0 do São Paulo e engatilhou um vídeo no qual apareciam mensagens para o arqueiro recordista.
Uma contagem regressiva do 1 ao 100 foi iniciada e cantada pela maioria do público.
Rogério não pegou a bola como Pelé no fundo do gol. O campo não foi invadido por uma multidão, mas a cena lembrou, entre outras, o memorável gol de Ronaldo contra o Palmeiras, quando ele derrubou o alambrado.
Desta vez, o Corinthians é quem sofria um gol que era maior que a partida, maior que a disputa na tabela do Paulista, era a história.
Higuita, Jorge Campos, Chilavert... Os goleiros que tanto ficaram marcados por gols e por suas personalidades folclóricas foram deixados bem para trás por um arqueiro sério que se empenhou desde 1997 a fazer a razão maior do futebol, o gol.
A IFFHS, fria como a matemática, contabiliza 98 porque dois foram em amistosos. Mas foram inquestionavelmente 100, 56 deles de falta, muitos deles decisivos. O maior de todos, ontem.
Desta vez, o Corinthians é que sofria um gol que, deixou claro, era maior que o jogo, maior que a disputa na tabela, era a história.
Higuita, Jorge Campos, Chilavert... Os goleiros que tanto ficaram marcados por gols e por suas personalidades folclóricas foram deixados bem para trás para um arqueiro sério que se empenhou desde 1997 a fazer a razão maior do futebol, o gol.
A IFFHS contabiliza 98 porque dois foram em amistosos. Mas foram inquestionavelmente 100, 56 deles de falta, muitos dele decisivos.
Nenhum gol, no entanto, foi como o deste domingo.