Na última quarta-feira (17), o São Paulo Futebol Clube viveu uma noite de intensa agitação em meio à crise política gerada pelos áudios vazados sobre um esquema ilegal de venda de camarotes no Estádio do Morumbi. O Conselho Deliberativo se reuniu, tanto presencial quanto virtualmente, para discutir o orçamento da temporada 2026. O encontro foi marcado por um clima tenso, com debates acalorados e protestos dos presentes.
Um dos momentos mais destacados foi quando o conselheiro José Alexandre Médicis, representante do grupo de oposição "Raíz Tricolor", fez um apelo enfático ao presidente Julio Casares. Ele pediu a renúncia do mandatário, declarando que seria menos traumático do que uma eventual destituição. “Renuncie, Casares. A sua renúncia será menos traumática do que sua destituição do cargo. Você é o pior presidente da história do São Paulo”, afirmou Médicis, conforme relatos de fontes que estavam na reunião. Apesar do tom forte, a interpelação se deu de forma respeitosa.
Outro incidente tenso aconteceu quando torcedores organizados tentaram invadir a sala onde se realizava a reunião do Conselho. A situação exigiu a intervenção da Polícia Militar, que foi acionada para conter os manifestantes. A segurança foi restabelecida, mas, devido à ameaça à integridade dos participantes, a reunião foi encerrada antes do previsto. Durante o tumulto, os torcedores exigiram a expulsão de conselheiros implicados no escândalo dos camarotes, além da discussão de questões importantes como a separação entre clube social e futebol, e a inclusão dos sócios-torcedores nas eleições do clube.
Sobre o orçamento de 2026, sua finalização estava prevista para quinta-feira (18), às 17h, já que ainda havia pontos pendentes de debate. As projeções indicam um superávit de quase R$ 40 milhões para a próxima temporada, mas a oposição contesta esses números, argumentando que não refletem a realidade financeira do clube. As discussões orçamentárias também propiciaram outro momento de conflito, quando conselheiros debateram o investimento de R$ 3,5 milhões destinado à festa junina do clube social, uma proposta que foi criticada pela oposição e atraiu novas desavenças entre os participantes.
Embora Julio Casares tivesse a intenção de se pronunciar durante o encontro, a necessidade de encerrá-lo antecipadamente devido aos confrontos evitou que ele se manifestasse.