O São Paulo FC atravessa um momento conturbado com a deliberação do presidente, Julio Casares, em levar à Comissão de Ética os casos envolvendo diretores implicados no escândalo de exploração clandestina de um camarote no Morumbi. A decisão foi oficialmente comunicada por meio de uma carta endereçada ao presidente do Conselho Deliberativo, Olten Ayres, após a revelação de áudios que indicam a participação de membros da diretoria em um esquema de comercialização inadequada de espaços durante eventos no estádio.
No documento, Casares pediu à Comissão de Ética que inicie investigações sobre os diretores Douglas Schwartzmann e Mara Casares, que já se afastaram de seus cargos e podem enfrentar sanções e serem responsabilizados na condição de conselheiros. A Comissão, liderada por Antônio Maria Patiño e composta por outros quatro membros, é a responsável por examinar a conduta dos associados e conselheiros em conformidade com os princípios do clube.
Antes mesmo de formalizar a situação na Comissão de Ética, o São Paulo já havia instaurado sindicâncias internas para investigar as alegações de exploração irregular do camarote. Esse processo, embora preliminar e sem a aplicação imediata de punições, tem o propósito de mapear responsabilidades, identificar falhas e reunir documentação relevante que possa fundamentar decisões futuras.
A repercussão do caso gerou uma pressão intensa sobre Julio Casares, tanto dentro quanto fora do clube. Conselheiros de diversas correntes políticas começaram a exigir esclarecimentos públicos e ações efetivas do presidente, avaliando que a crise abalou a imagem da instituição perante patrocinadores e torcedores. Recentemente, a Torcida Independente, uma das principais torcidas organizadas do São Paulo, anunciou que fará um pedido de exclusão de Douglas Schwartzmann e Mara Casares do Conselho Deliberativo.
A pressão interna é igualmente significativa. Conselheiros reconhecem que a situação prejudicou a governabilidade de Casares e expressam receios de que a condução do caso possa impactar votações futuras e comprometer alianças essenciais para a atual gestão no Conselho. Na última reunião da Coalizão, que durou cerca de três horas, os aliados do presidente enfatizaram a necessidade de uma mudança de direção para restaurar a confiança dos torcedores e do próprio Conselho.
Durante esse encontro, Casares se comprometeu a avançar com as investigações relacionadas aos camarotes e assegurou que não haverá proteção política a nenhum conselheiro implicado nas acusações. Além disso, o presidente apresentou uma proposta para alterar o Estatuto Social do São Paulo, que se concentra no fim do quórum qualificado para a criação de uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e a formalização da separação entre o futebol e o clube social. Essas sugestões serão avaliadas pela Comissão Legislativa, que terá 30 dias para analisar e fazer os encaminhamentos necessários ao Conselho Deliberativo para debate e votação.
