Garoto é elogiado por Ceni e Muricy
SÃO PAULO - A aparência de garoto de classe média e as frases bem articuladas dão uma falsa ideia de que Rodrigo Caio é um ponto fora da curva e não precisou trilhar a via-crúcis da maioria dos garotos que sonham ser jogador profissional. Mas engana-se quem pensa que o novo xodó da torcida do São Paulo tenha vindo de berço esplêndido.
Natural de Dracena, cidade a cerca de 650 quilômetros de São Paulo, o jovem volante – e agora zagueiro – precisou de muita determinação para conseguir superar os obstáculos que apareceram em sua vida antes de conquistar seu lugar no esporte. Neste domingo, contra o Atlético-PR, estará mais uma vez ao lado de Antonio Carlos para tentar levar o São Paulo ao 11.º jogo de invencibilidade e comemorar a estabilidade na equipe titular.
Embora não tenha passado fome na infância, tampouco teve uma vida tranquila e de ostentação. Filho de um comerciante e uma professora da rede pública, em muitos momentos precisou entender e aceitar que os pais algumas vezes não tinham condição de transformar todos os seus desejos em realidade. “Eles queriam as coisas que os amigos tinham, mas nem sempre podíamos comprar. Foi uma infância difícil, ele gostava de futebol e tinha que ir sozinho de ônibus para a escolinha que era em outra cidade”, explica Edilene Russo, mãe do atleta.
A bola, por sinal, sempre foi parceira inseparável do garoto que um dia sonhava vestir a camisa do São Paulo, seu clube de coração. Seu pai, Celso, sempre foi seu maior incentivador nos primeiros chutes aos sete anos. “Quando o levei ao campo pela primeira vez, ele fez uma jogada em que driblou seis meninos e fez o gol. Sabia que tinha alguma coisa especial nele”, diz o pai, sem esconder o lado coruja.
Tanto carinho pelo esporte invariavelmente jogava os estudos para segundo plano e Rodrigo Caio não chegou a ser um grande amigo dos livros. Edilene utilizava a privação ao seu passatempo favorito como punição a eventuais deslizes. Certa vez, fez o filho chorar por quase uma semana por proibi-lo de disputar uma final de campeonato por ter tirado nota vermelha. Era como a morte.
Não demorou para que se destacasse nos campos e quadras. A primeira frustração veio quando o Corinthians o rejeitou, mas a alegria maior estava por vir: o São Paulo o convidou para morar no luxuoso Centro de Formação de Atletas de Cotia. Aos 12 anos, deixou Dracena para se aventurar no novo mundo.
Mesmo sem hesitar em deixar o conforto do lar, os primeiros tempos foram difíceis. “Ele chorava todo dia, deixamos a mãe dele visitá-lo e aos poucos foi acalmando”, recorda José Geraldo de Oliveira, gerente de futebol de base do Tricolor. E foi no período solitário que outra característica foi surgindo com força. “Ele tem personalidade muito forte desde pequeno. É um líder nato, conversa com os técnicos, pede ajuda, se avalia”, elogia Sergio Baresi, técnico campeão da Copa São Paulo com o jovem em 2010.
Nem mesmo a grave fratura da rótula do joelho direito, aos 15 anos, o desanimou. “Ele nunca duvidou que fosse voltar a jogar mesmo tendo um esmagamento da patela, uma lesão terrível”, emenda Baresi.
A fala mansa e carregada de confiança esconde um garoto de hábitos tranquilos quando não está jogando. Caseiro, não dispensa a companhia dos pais e do irmão Rafael quando vai para Dracena nem se priva de sair para jantar na cidade. Paciente, gasta minutos a fio conversando com os fãs. O assédio feminino aumentou consideravelmente, mas como ele namora há quase dois anos, sorri gentilmente e continua a vida. A única fraqueza é o churrasco, indispensável quando está com os pais. “Ele também cozinha em São Paulo e às vezes me liga para saber se está fazendo certo. Mas ainda está nos devendo um jantar feito por ele”, cobra a mãe.
Mas por pouco essa história não termina em outro clube. O Santos também se encantou e tentou levá-lo para a Vila Belmiro na mesma época que ele havia acertado com o São Paulo. “Corremos e arrumamos uma vaga para ele em Cotia. Não podíamos perdê-lo”, diz Geraldo. Nota-se que ele tinha razão.
Rodrigo Caio vence desconfiança e triunfa no São Paulo
Garoto supera infância difícil no interior e lesão no joelho, vira titular e ganha torcida
Fonte Estadão
10 de Novembro de 2013
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