Juvenal Juvêncio novamente trocou o comando técnico do São Paulo: Autuori deixa o clube após dois meses
Juvenal Juvêncio tomou uma surpreendente decisão no final da tarde desta segunda-feira: demitir Paulo Autuori. Em pouco menos de dois meses, o São Paulo trocou o comando ao anunciar Muricy Ramalho. Postura, esta, contrária ao do que pregou o presidente do clube do Morumbi há mais ou menos 60 dias, data na qual anunciou Autuori como o nome a salvar o time da difícil situação e utilizou o mais tradicional adversário para defender a escolha de um nome de confiança na época.
Diante de críticas por conta da constante troca de treinador desde justamente a saída de Muricy Ramalho em 2009, Juvenal utilizou o rival Corinthians para justificar suas escolhas na época, reforçadas mais uma vez na noite desta segunda-feira, com a recontratação de Muricy para a vaga de Autuori.
"Vocês não me perguntaram, mas eu vou falar, vamos um pouco às estatísticas que ninguém gosta? Em 2003, Geninho foi contratado pelo Corinthians e ficou nove meses. Em seguida, veio Junior, dez dias. Juninho Fonseca, quatro meses. Depois, Oswaldo de Oliveira, três meses. Tite, dez meses. Depois veio o Passarella, ficou dois meses. Marcio Bittencourt, quatro meses. Antonio Lopes, cinco meses. Adhemar Braga mais dois meses. Geninho, três meses. Leão, nove meses. Depois, Carpegiani... cinco meses. Zé Augusto, um mês. Nelsinho Baptista, três meses. Aí veio o Mano Menezes, que ficou um ano e meio (na verdade dois anos e meio), Adilson Batista, três meses, e agora está o Tite, que ficou como o Muricy", discursou.
Entretanto, Juvenal se esqueceu que as trocas constantes de treinadores no Corinthians acabou justamente com o rebaixamento do clube, em 2007. No ano da queda corintiana, o clube teve quatro treinadores: Emerson Leão, Paulo César Carpegiani, José Augusto (interino) e Nelsinho Baptista, campeão brasileiro em 1990 e recontratado para tentar salvar o time de Parque São Jorge.
Tricampeão brasileiro entre 2006 e 2008 e agora o novo candidato a herói, Muricy Ramalho será o terceiro treinador do São Paulo na atual edição do Brasileiro. Em péssima fase desde o início da Série A e figura constante dentro da zona de rebaixamento, o time do Morumbi retornou da Copa das Confederações com Ney Franco. Contudo, a queda na Recopa Sul-Americana para o Corinthians, semanas depois, resultou na primeira troca.
A solução encontrada acabou sendo apostar no treinador campeão mundial em 2005. Paulo Autuori chegou com o aval de Rogério Ceni e das principais lideranças dentro da diretoria. Dois meses depois, no entanto, uma derrota por 2 a 0 para o Coritiba gerou a surpreendente ação de troca no comando.
Surpreendente de certo modo. Desde a saída de Muricy em 2009, sob a gestão de Juvenal, o São Paulo teve sete técnicos. Pela primeira vez na gestão, no entanto, todos os comandantes são contratados para o cargo. Milton Cruz e Sérgio Baresi, os ‘quebradores de galho' oficiais do Morumbi nestes casos, acabaram preteridos agora.
A última vez que três técnicos efetivos pisaram no Morumbi na mesma temporada foi em 1998, quando quatro treinadores passaram pelo time. Dario Pereyra permaneceu até fevereiro daquele ano e deixou o clube ainda no Campeonato Paulista, torneio conquistado posteriormente com Nelsinho Bapstista. No curto período, Pita e Mário Sérgio ainda vestiram as cores tricolores durante o ano.
Relembre os anos em que três treinadores ou mais passaram pelo São Paulo (Fonte: Rui Branquinho e Michael Serra, Bíblia do São Paulino [S.l.]: Panda Books, 2012):
1939 - Vicente Feola, Ignác Amsel e Amílcar Barbuy
1947 - Jorecan, Zarzur e Vicente Feola
1951 - Vicente Feola, Leônidas da Silva e Ariston de Oliveira
1961 - Flávio Costa, Manoel Raymundo, Cláudio Cardoso e Caxambu
1962 - Aymoré Moreira, Caxambu e Osvaldo Brandão
1972 - Alfredo Ramos, Cosme Damião Geraldino, Vail Mota e José Poy
1983 - José Poy, Serrão e Mário Travaglini
1984 - Mário Travaglini, Valdir de Moraes e Cilinho
1987 - Pepe, Serrão e Cilinho
1989 - Cilinho, Pupo Gimenez e Carlos Alberto Silva
1990 - Pupo Gimenez, Pablo Forlán e Telê Santana
1996 - Telê Santana, Muricy Ramalho e Carlos Alberto Parreira
1998 - Darío Pereyra, Nelsinho Baptista, Pita e Mário Sérgio
2010 - Ricardo Gomes, Milton Cruz, Sérgio Baresi e Carpegiani
2011 - Milton Cruz, Adílson Batista e Emerson Leão