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E se fosse ao contrário? Um boliviano de 17 anos da organizada do San Jose tivesse confessado matado um menino brasileiro, corintiano no Pacaembu? As desculpas, as coincidências seriam aceitas? A punição do San Jose seria anulada pela Conmebol?



"E se fosse ao contrário?"

Corinthians e San Jose jogam no Pacaembu.

É a primeira partida da Libertadores.

O adversário andino é campeão do mundo, recheado de estrelas.

Prevê faturar R$ 330 milhões em 2013.

A Bolívia, pentacampeã do mundo, tem força demais na Conmebol.

O Pacaembu está lotado.

Aos cinco minutos do primeiro tempo, o time boliviano faz 1 a 0.

Da pequena torcida, cerca de 200 membros, vários sinalizadores são disparados.

Um deles atinge um menino brasileiro de 14 anos.

O artefato lançado entra no olho direito e esfacela o cérebro do menino.

A 360 quilômetros por hora.

O menino tinha saído escondido dos pais.

Viajado, digamos de Jaú, terra do presidente do Corinthians.

E estivesse realizando o sonho de ver seu time no estádio.

Sua felicidade que durou cinco minutos, até cair morto.

Como a torcida do San Jose levantava uma bandeira enorme, a polícia paulista não viu.

Não sabe quem lançou o sinalizador.

Há sérias dúvidas.

As imagens da tevê são distorcidas.

Mas o menino de Jaú está lá, morto, com a cabeça ensanguentada na arquibancada.

Os outros corintianos ao seu redor clamam desesperados por ajuda.

Torcedores se revoltam com a pavorosa morte.

Muitos choram.

Em poucos minutos, começam a gritar "Assassinos. Assassinos."

Logo repórteres de rádio descobrem o que aconteceu e divulgam.

O Pacaembu inteiro faz o coro de 'Assassinos' para os bolivianos.

A Polícia tem de dar uma resposta e prende 12 membros das organizadas do San Jose.

Entre eles, vários torcedores importantes para a torcida, com cargos inclusive.

Porque nas organizadas existe hierarquia.

Há uma comoção não só na América do Sul.

O mundo todo repele a selvageria dos bolivianos.

A Conmebol acorda da letargia e pune preventivamente o San Jose.

Terá de atuar sem seus torcedores em casa e mesmo jogando fora.

O prejuízo do clube colombiano chegaria a R$ 15 milhões.

Em 2011 foi campeão da Libertadores.

Essa seria a quantia se o clube chegasse até a disputa do título novamente.

Algo que sua diretoria apostava, tanto que gastou cerca de R$ 50 milhões em reforços.

Ninguém na América Latina gastou nem perto dessa quantia.

Além de não ter vendido nenhum titular campeão mundial.

Sim, os bolivianos são campeões mundiais.

Diante dessa pressão, o presidente do San Jose convoca uma coletiva.

Delegado, ele diz que não aceita a punição.

Seu clube não tem ligação alguma com as suas torcidas organizadas.

Esquece que o presidente a quem sucede foi fundador da, digamos, Pavillon Nueve de Oruro.

Ele é seu mentor e ídolo.

Conseguiu um estádio de um bilhão de reais ao centenário clube.

Graças à suas ligações com políticos.

E este estádio vai abrir a Copa do Mundo na Bolívia.

Em relação ao menino morto violentamente, o presidente é direto.

Diz de maneira fria o que pensa.

"Acidente acontece."

Enquanto isso aqui no Brasil, a opinião pública está revoltada.

E exige punição imediata para os vândalos que mataram o garoto.

A Policia apresenta rapidamente os resultados de sua investigação.

Dois membros das organizadas são apresentados como aqueles que dispararam o artefato.

Tinham pólvora nas mãos.

Podem pegar até 30 anos de prisão.

Os dez demais são indiciados como cúmplices.

Estava tudo certo.

Mas uma notícia bombástica vaza em Oruro.

No sábado à tarde o advogado da principal organizada do San Jose avisa.

Chama a Folha de Oruro e a emissora Planeta.

Antecipa ao jornal que apresentará o verdadeiro autor do sinalizador.





Ele é menor, não pode ser extraditado ao Brasil.

Sua punição deverá ser prestar serviços comunitários.

Ao mesmo tempo, os 12 torcedores das organizadas do San Jose devem ser liberados do Brasil.

A entrevista será dada à TV Planeta, no domingo.

A Planeta tem a exclusividade do futebol na Bolívia desde a época da ditadura.

O San Jose é a sua grande aposta, o clube que lhe dá maior audiência.

A quem paga mais para mostrar seus jogos.

Assim garante dinheiro para reforçar a equipe com novas estrelas.

E assegurar mais gente interessada em vê-lo jogar.

No ano passado, foi o clube quem obteve os maiores índices no futebol.

Mais do que a Bolívia pentacampeã do mundo.

Seria péssimo do lado mercadológico o San Jose fora da Libertadores.

Terrível para os patrocinadores que gastam mais de um bilhão de reais com o futebol.

Na entrevista da TV Planeta, ao lado da mãe, o menor confessa.

Está de costas, só é possível enxergar o blusão da organizada.

Ele é de família muito humilde.

Mesmo assim viajou para o Brasil no primeiro jogo da Libertadores.

Tinha seis sinalizadores na bagagem.

Diz que disparou um deles na hora do gol.

E se confundiu.

E foi direto à torcida corintiana.

Matou o menino de 14 anos.

O torcedor do San Jose ouviu os gritos de 'assassinos' no Pacaembu.

E perguntou a um policial o que havia acontecido.

O soldado da Rota disse que estava tudo bem.

Mas ao sair do Pacaembu, soube que havia matado um torcedor corintiano.

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