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Telê Santana, à frente de seu tempo

Pouca gente analisa ou comenta – e a passagem dos anos tende a fazer esquecer o fato – mas a mais pura verdade é que Telê Santana da Silva foi, para o Fluminense, o que Mário Jorge Lobo Zagallo foi para o Flamengo, Botafogo e Seleção Brasileira. Inteligente, perspicaz, Telê talvez tenha sido o primeiro jogador do futebol brasileiro a perceber que o meio de campo de um time não poderia, jamais, contar com apenas dois jogadores. Com ele, em seus áureos tempos de ponta-direita tricolor, o Fluminense teve sempre um homem a mais na ligação com os atacantes. E mais: dono de um fôlego extraordinário, profissional que se cuidava ao extremo, Telê foi, a rigor, o introdutor do 4-3-3 como esquema vitorioso da época e ainda encontrava tempo de chegar à frente e finalizar jogadas, geralmente de sem-pulo.

Campeão carioca pelo Fluminense em 1951, vitorioso igualmente na hoje extinta e internacional Copa Rio, em 1952, Telê muito cedo, em 1967 abraçava a carreira de técnico no mesmo Fluminense, seu eterno clube do coração. E já em 1969, à frente do time, conquistou o título de campeão carioca, impedindo que o Botafogo chegasse ao tricampeonato. No seu elenco vitorioso no Rio, Telê contava com o artilheiro Flávio, mas quem compunha o meio de campo não eram seus ponteiros avançados, Cafuringa e Lula, mas sim Samarone, atuando ao lado de Silveira e Denílson. Para o Fluminense, foi um ano excepcional: a equipe cumpriu 18 jogos, sofrendo apenas duas derrotas e cedendo quatro empates.

A decisão antecipada do título ficou para o Fla-Flu do dia 15 de junho e acabou sendo conturbada. Após o segundo gol tricolor marcado por Cláudio Garcia – supostamente em posição duvidosa – o goleiro argentino Dominguez partiu para cima de Armando Marques de maneira acintosa. É evidente que foi expulso. E Flávio, ex-ídolo corinthiano, fechou o placar da vitória em 3 a 2 quando faltavam apenas 15 minutos para o final.

Curiosamente, mesmo com o título de campeão, Telê Santana da Silva trocou o Rio por Belo Horizonte e foi dirigir o Atlético Mineiro, que sofria com os consecutivos êxitos do Cruzeiro de Tostão e Dirceu Lopes entre outros. E foi à frente do Atlético que Telê Santana conquistou a então maior glória de sua carreira, a de campeão brasileiro de 1971, derrotando o Botafogo na final disputada no Maracanã.

Daí, para ele, só faltava a Seleção Brasileira.

Com as más atuações da Seleção Brasileira sob a direção de Cláudio Coutinho, na Copa do Mundo de 1978, na Argentina, Telê Santana foi convocado para dirigir o time brasileiro na Copa da Espanha, em 1982. O Brasil foi eliminado pela Itália, numa tarde infeliz no Estádio Sarriá, com três gols de Paulo Rossi.

Mas, certamente, apesar de êxitos futuros, o torcedor jamais esquecerá as espetaculares atuações da Seleção Brasileira, formada por Valdir Peres, Leandro, Oscar, Luisinho e Júnior; Cerezo, Falcão, Sócrates e Zico; Serginho e Éder Aleixo. Mas a CBF compreendeu o acidente de percurso e tornou convocar Telê para dirigir a Seleção Brasileira na Copa do Mundo do México, em 1986. Mas o time já foi o mesmo e a falta de sorte de Telê Santana ficou uma vez mais evidenciada no jogo contra a França, que terminou 1 a 1 e foi decidido nos pênaltis. Uma injustiça com o técnico que pregava o bom futebol, detestava recursos desleais e uma vez mais voltava derrotado.

Mas antes de morrer, em 2006 – do mesmo mal que matou seu grande e inseparável amigo Ademir Menezes (entupimento da carótida) – o futebol acabou fazendo justiça a um grande homem e excelente treinador: ele foi bicampeão mundial pelo São Paulo Futebol Clube.

E de Telê Santana, guardo uma lembrança curiosa. Nós nos tornamos amigos, correndo juntos no calçadão de Copacabana. E lá, certa vez, ele me confessou que, de tão econômico, ele preferia ir ao cine Politheama, barato e de cadeiras de madeira, do que ao luxuoso São Luiz, 100 metros adiante.

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