O treino da seleção brasileira tinha terminado e Neymar caminhava para o vestiário número 1 do estádio do Morumbi.De repente, dois jovens invadiram o gramado, correndo na direção do jogador do Santos. Os seguranças contratados pela CBF, vestindo ternos pretos, tentaram evitar o contato.

Chegaram depois que Neymar brincou com um dos fãs, dando dribles de corpo nele. Depois, quando os dois invasores estavam imobilizados, o atacante voltou e posou para uma foto com um dos adolescentes.

Cerca de 20 minutos depois, ao sair do vestiário, logo no início da zona mista, onde uma centena de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas o esperavam, Neymar entrou num reservado e posou para fotos com mais três torcedores.




Na passagem, ele ouviu a frase: “Viu hoje como os caras vaiam e apludem você? Os caras te amam”. Neymar, ostentando um fone de ouvido Beats, com as cores da bandeira do Brasil, sorriu e respondeu: “Os caras vaiaram bastante”.

Verdade. A principal estrela do time do Brasil ouviu a manifestação das cerca de seis mil pessoas que foram ver – de graça – o último treino do selecionado antes do amistoso desta sexta-feira contra a África do Sul.

Neymar acertava um chute e era aplaudido. Errava uma bola e era vaiado. Perdeu uma dividida e escutou o coro: “Pipoqueiro!”. Mas era só dar um aceno para a numerada vermelha e os gritos das meninas se fazia ouvir.

O termômetro da torcida é Neymar. Amado por santistas e pelas adolescentes, ele foi o cara mais visado do treinamento. Não pareceu estar chateado. Atendeu os jornalistas na zona mista. Antes de entrar no ônibus, ainda posou para mais três fotos, sempre sorrindo, sempre distante.

O astro santista é tranquilo. Até pediu para que corintianos, palmeirenses e são-paulinos dessem apoio a ele. Se vai ser atendido, somente durante o jogo com os sul-africanos é que será possível saber.



Até ontem, foi confirmada a venda de 32 mil ingressos, pouco mais da metade da quantidade colocada nas bilheterias. Antes do treino, a fila para a compra de entradas era pequena.

Mesmo assim, dois setores da arquibancada já tinham esgotado. Os bilheteiros mostravam rigor: não aceitavam vender meia- entrada para quem não mostrasse o documento de estudante. Em frente aos postos de venda, dois cambistas ofereciam bilhetes de numerada por R$ 250,00, cem reais mais caro. O setor já tinha esgotado também.
Na entrevista coletiva, o técnico Mano Menezes foi perguntado se o número de ingressos vendidos mostrada a falta de prestígio da seleção que ele dirige. Mano foi sutil e fino: “Primeiro, não sei se 32 mil ingressos vendidos é um número ruim. Me parece bom. Se tivermos 50 mil pessoas, será muito bom”, disse.

O treinador sabe que sua equipe – e ele também – precisam jogar bem, vencer e mostrar evolução. “Estamos cientes do papel importante da conquista do torcedor, principalmente pelo desempenho em campo”. Ou seja, time vitorioso atrai adeptos.

Os torcedores do Morumbi nesta quinta-feira reservaram ao treinador os grito de "burro". Mas Menezes sabe que este tratamento pejorativo não é unânime. Ele contou aos jornalistas que, numa visista ao barbeiro, recebeu elogios e congratulações por ter conseguido a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres.

Mano nem se acha pressionado pela necessidade de bons resultados. Ele sabe que esta exigência vem desde que assumiu o cargo, em 2010. Por outro lado, o técnico já tem um time base com quem quer estabelecer um plano de jogo que dure e melhore até a Copa do Mundo.

Falta definir os goleiros? O técnico diz que, depois dos jogos contra a Argentina – completando quatro amistosos seguidos – ele vai trabalhar com os três arqueiros que pretende levar, pelo menos, até a Copa das Confederações.

Diego Alves, do Valência, será o titular contra a África do Sul. Jefferson ficará na reserva. Cássio, do Corinthians, ainda espera por uma oportunidade. Ontem, Diego foi o primeiro atleta a falar na zona mista. Jefferson também conversou com os jornalistas.
Já perto da porta do ônibus, o goleiro do Botafogo atendeu ao pedido de um pai para que posasse para uma fotografia com ele e a filha de três anos. Jefferson aproveitou a deixa e pediu para o torcedor que levasse dois ingressos para um amigo que estava no portão do estádio.

A operação foi bem sucedida. Na volta, pai e filha continuaram perto do veículo que levou o selecionado de volta ao CT de Cotia, do São Paulo. Conseguiram mais fotos com Lucas, Hulk e Neymar.
Lucas vai ganhar quatros jogos para mostrar que pode ser titular da seleção brasileira. De todos os atletas que treinaram no Morumbi, ele foi o mais aplaudido. Estava em casa. E ainda viu o ex-colega de clube – Oscar – ganhar aplausos.

Esta turma simpática seguiu para a concentração onde cada um ocupa um quarto. O diretor de seleções da CBF, Andrés Sanchez, que esteve no treino no Morumbi, garantiu que não dormiu em Cotia. “Nem bebi água por lá”, brincou o dirigente que vive às turras com Juvenal Juvêncio, presidente do São Paulo.

E como o clima era de vaias e aplausos, Andrés deixou escapar a seguinte declaração: “O Juvenal é o cara que mais respeito no futebol”.