Era 29 de abril quando o São Paulo dava adeus ao Campeonato Paulista após ser eliminado pelo Santos com uma derrota por 3 a 1 na semifinal da competição, em uma tarde que um atleta tricolor em especial deve querer apagar da lembrança: o zagueiro Paulo Miranda, que acabou sendo barrado pela diretoria depois da atuação ruim contra uma equipe liderada em campo por Neymar. Mas a volta por cima do camisa 13 tricolor se deu neste domingo, em uma escrita que seria digna de roteiro cinematográfico no mesmo Estádio do Morumbi (apesar de vazio), marcando o gol da vitória por 1 a 0 sobre uma mesma equipe praiana vestindo um uniforme azul celeste (mas cheia de desfalques), pela quarta rodada do Campeonato Brasileiro.

Talvez seja exagero imaginar que o gol marcado aos 7min do primeiro tempo apagará a intempérie vivida pelo zagueiro no clube do Morumbi há cerca de um mês e meio - afinal, o clássico deste domingo não valia vaga em nenhuma final de campeonato e sequer tinha um Santos com força máxima em campo (além de Neymar, o carrasco de Paulo Miranda no Estadual, a equipe de Muricy Ramalho ainda atuou desfalcada de nomes importantes como o goleiro Rafael, o zagueiro Edu Dracena e os meio-campistas Arouca, Elano e Paulo Henrique Ganso). Mas o camisa 13 tricolor certamente não pensou em nada disso quando empurrou de cabeça para a rede de Aranha, após cruzamento de Jadson e desvio de Rhodolfo.



Paulo Miranda saiu correndo em direção a uma das laterais do gramado, vibrando e gritando muito para comemorar seu primeiro gol pelo São Paulo diante de apenas 6.505 torcedores (6.327 pagantes). Ciente da importância do gol marcado pelo zagueiro, o time tricolor se amontoou em volta do companheiro para festejá-lo. Apenas o goleiro Denis, o lateral Cortez e o volante Denilson, que estavam no campo de defesa, não participaram do abraço coletivo.

"Eu sempre vinha falando que o gol ia sair na hora certa. É só trabalhar que as coisas dão certo. Foi muito importante, me dá mais motivação ainda pra trabalhar", celebrou Paulo Miranda, que dedicou aos ensaios o êxito na jogada nos primeiros minutos de jogo. "Treinamos bastante essa bola aérea. E deu certo", completou.

Contatado em dezembro de 2011 pelo São Paulo após chamar a atenção da diretoria tricolor com a camisa do Bahia, Paulo Miranda caiu em desgraça com a cúpula dirigente depois de não conseguir parar Neymar na semifinal do Paulista. A contragosto do grupo de jogadores e do próprio técnico Emerson Leão, o jogador foi afastado pela diretoria quando estava concentrado para a partida contra a Ponte Preta, pela ida das oitavas de final da Copa do Brasil.

O afastamento do defensor durou pouco tempo - duas semanas depois ele já estava reintegrado ao grupo principal. Contudo, externou um ambiente desagradável no Morumbi, com uma sequência de desencontros nos argumentos de diretores com as explicações de Leão. O gol neste domingo, se não apagará o episódio infeliz de Paulo Miranda no clube, ao menos dá mais tranquilidade para a importante partida da próxima quinta-feira, crucial para os tricolores.

No Morumbi, o São Paulo disputa a primeira perna da semifinal da Copa do Brasil contra o Coritiba, em partida programada para as 21h (de Brasília). O confronto de volta será na quarta-feira 20 de junho, no Estádio Couto Pereira.