O futebol brasileiro anda perdendo sua essência, que valoriza a habilidade, o passe de efeito, a jogada bonita e tem dado preferência a atletas cada vez mais altos, fortes e nem tão habilidosos assim. Se depender de Renê Simões, a base do São Paulo vai buscar esta qualidade, mesmo que tenha de baixar a média de altura dos garotos formados no CT de Cotia.




Há uma semana, o diretor do futebol de base do São Paulo começou a trabalhar no CFA Laudo Natel que prepara jogadores de 13 até 21 anos. Ele vem com um objetivo definido: “Ter em 2015, oito titulares do time profissional vindos da base e pelo menos quatro jogadores que poderão disputar os Jogos Olímpicos do Rio em 2016”, disse Simões em entrevista ao programa TV Soberano, porta-voz do tricolor, que vai ao ar nesta sexta-feira às 21 horas.

Em conversa com o Blog do Boleiro, Renê disse que está gravando um vídeo utilizando o Sub-20 para servir de modelo de treinamento e forma de jogar de todas as equipes menores (Sub-17, Sub-15 e Sub-13). Primeiro, esta filosofia tática e de preparação dos jogadores será discutida e adotada pelo treinadores. “Depois que todo mundo comprar a ideia, ela passa a ser aplicada em todos os níveis, numa verticalização homogênea”, explicou.

A ênfase será na qualidade dos passes, na habilidade e controle de bola. “Nossos times terão que ter qualidade para ganhar os jogos e ganhar os jogos com qualidade”, resumiu.

Renê passou dez dias visitando o centro de treinamento La Masia, onde o Barcelona trabalha os jovens e formou atletas como Iniesta, Xavi, Pedro, Lionel Messi e outros atletas que compõem a equipe campeã do mundo. “É impressionante como os times da base jogam no mesmo estilo e com a mesma filosofia. Se o Iniesta entrar na equipe vai atuar como se fosse garoto”, afirmou.

O treinador faz uma comparação entre o Barcelona e São Paulo. Diz que os dois times têm estádios de primeiro mundo (“e o Morumbi vai passar por umas mudanças que vão torná-lo melhor”), mantém centros de treinamentos semelhantes para o futebol profissional e garante que o São Paulo tem melhor estrutura para a base. “Aqui é muito superior e trabalha todo exclusivo para o futebol. Lá, a estrutura serve a outras modalidades como o vôlei e o basquete”, disse.

“Mas a diferença está no modo de trabalhar. No Barcelona, há uma rigidez na preparação dos garotos, uma visão de quantos atletas trabalhar e um modo de treiná-los que podem ser adotados aqui”, disse.

A preferência pelo futebol bem jogado é essencial para a meta de Renê até 2015. “O atleta alto vai ter chance se mostrar habilidade e qualidade ao jogar. Mas o importante é ter jogadores com capacidade de jogarem ofensivamente, com posse de bola e jogo bonito”, falou o treinador que participa no Rio de Janeiro do Seminário de Gestão Esportiva, organizado pela Fifa e pela Fundação Getúlio Vargas.

Ele cita os astros da atual equipe espanhola para lembrar que, em futrbol, tamanho já não mais o único documento: “Veja o Xavi, o Iniesta e o Messi. Eles não jogariam em qualquer equipe mesmo sendo baixos, tendo algo em torno de um metro e setenta?”.